Quatro anos após promessa do governador Flávio Dino (PCdoB) — ou desejo, como dizem alguns aliados para tentar evitar cobranças ao comunistas por promessas não cumpridas —, a sonhada ponte sobre o Rio Pericumã, na Baixada Maranhense, que beneficiaria diretamente 10 cidades, reduzindo em 126 quilômetros a distância de deslocamento na região, permanece como uma lenda e está longe de sair do papel.
Segundo contrato firmado pelo governo Dino, por meio da Secretaria de Estado da Infraestrutura (Sinfra), a obra tem data de entrega para esta quinta-feira 27. Quem passa pelo local, porém, encontra apenas algumas estacas fincadas no solo e parte da estrutura metálica, que chegou ao estado coincidentemente em meio à pré-campanha de reeleição do governador, mas já tomada por ferrugem e sem serventia prática alguma devido ao atraso na construção da ponte ainda permitir a utilização das vigas.
Apesar da lentidão da obra, dados do Portal da Transparência levantados pela
reportagem do jornal O Estado, divulgados nesta quarta-feira 26, revelam que já houve o repasse de R$ 16,7 milhões para o consórcio responsável pela ponte.
Uma das empresas do grupo é a Epeng - Empresa de Projetos de Engenharia Ltda,
alvo da Operação Ápia, deflagrada pela Polícia Federal no Tocantins, por fraude em licitações, desvio de recursos e propinagem justamente em obras não concluídas ou em atraso,
como a da ponte da Baixada. O casal sócio-proprietário da Epeng, em razão da malandragem com o dinheiro público, foi alvo da operação.
Além do dinheiro repassado pela Sinfra para a Epeng realizar a interminável construção da ponte, a obra-lenda também causou gastos aos cofres públicos com propaganda. Em julho último, os recursos escoaram por meio de faixas que afirmavam que o “Governo do Estado faz para todos”. No que se refere ao conhecimento de quanto isso custou, porém, o todos não passa das portas do Palácio dos Leões e da pasta da Comunicação, já que o Portal da Transparência não possui transparência sobre esses gastos.
Na corrida de reeleição ao cargo, mesmo com a obra em atraso, o governador Flávio Dino usou a construção da ponte como sinônimo de desenvolvimento, por meio de artigo semanal repercutido em seu site de campanha. Lá, há apenas texto. É provável que, se mostrar em foto ou vídeo com visão panorâmica, o discurso e a propaganda não surtam o efeito eleitoral esperado.