Ocorreu na tarde de ontem (25), no Fórum Eleitoral da cidade de Guimarães, a audiência que faz parte da investigação que apura a influência da prisão de Amaury Almeida para o processo eleitoral de 2016, que poderá causar a cassação do prefeito Jadilson, levando a novas eleições na cidade de Mirinzal.
Foram ouvidos os principais envolvidos no caso da prisão por suposto homicídio cometido por Amaury, além das demais testemunhas de ambos os lados. O ex-prefeito Amaury Almeida, bem como Jadilson e Derson, não se pronunciou.
Também foram ouvidos o delegado Jorge, aquele que prendeu Amaury, o promotor Eleitoral em exercício, Leonardo Modesto, e o investigador Domingos Rabelo, que anunciou ao delegado Jorge que Amaury teria cometido o crime.
Logo no início, o advogado de Jadilson, Souza Augusto, pediu que o numero de testemunhas de Amaury fosse reduzido, contando com o apoio do promotor em exercício. O pedido foi negado pelo pelo juiz, mantendo as 12 que estavam inscritas.
A defesa de Jorge, Leonardo e Domingos, já citados, quiseram que seus clientes pudessem dar depoimento pessoal inicial, mesmo não sendo solicitado pela defesa de Amaury – sendo interrogada quanto à sua postura quanto a aceitação – recusado tanto por ela, quanto pelo juiz.
Veja abaixo detalhes dos depoimentos:
- Leonardo Modesto (promotor)
Destaca-se do depoimento do promotor que estava em exercício durante prisão de Amaury, que o mesmo disse ter sido acordado pela manhã do dia 2 de outubro de 2016 – dia da eleição – com mensagem da juíza Michele alertando-o sobre potencial compra de votos e “confusão” que teria acontecido em Mirinzal com Amaury.
Ainda foi dito pelo promotor que ele não deu ordem de prisão a ninguém, somente acompanhou a operação para ver do que se tratava – parece que não tinha o que fazer. Disse que não sabia o motivo da prisão e, depois de feita, seguiu para outro município, sem se importar com o caso.
Nota: Leonardo foi muito inconstante e inseguro nas respostas, jogou a culpa na policia de Mirinzal, e não parecia ter controle na qual estava diretamente inserido.
Destacamos do depoimento a insegurança nas respostas por parte do mesmo. Disse que foi avisado pelo investigador Rabelo que Amaury teria atirado, tendo uma vítima morta e duas gravemente feridas. Segundo ele, a partir desse momento passou a ir em busca de Amaury para prende-lo em flagrante.
Ainda sobre o caso, disse que foi atrás de Amaury desde 1h00min da manhã de domingo (02 de outubro – dia da eleição) e, só não entrou na casa dele por causa da ausência de mandado de prisão. Disse que só encontraram ele [Amaury] no povoado do Gurutil ao meio dia do domingo, por meio de fontes.
Nota: ao contradito por algumas testemunhas visto que o ex-prefeito Amaury visitou todas a sessões eleitorais e, em todas elas, haviam membros da força policial fazendo a segurança do local e, segundo fontes, muitos até cumprimentaram Amaury.
Ele foi questionado se tinha alguma prova do acontecido para manter a prisão, e disse que não havia, a não ser a palavra do investigador Rabelo que recebeu essa informação por meio do tenente Henrique, segundo ele que informa ser o autor da informação.
O delegado Jorge também foi aquele membro da polícia que deu entrevista para uma rádio de São Luís confirmando o homicídio que Amaury teria cometido na noite anterior ao pleito em Mirinzal.
Disse ainda que só prendeu Amaury e o levou direto para Pinheiro por questão de segurança, dele e de Amaury, e não conduziu o processo, sendo feito pelo Delegado da regional de Pinheiro.
- Domingos Rabelo (investigador)
Desse depoimento pode-se destacar, também, a insegurança sobre o fato. Segundo o mesmo, ele foi ao local do possível crime, no Santo Antônio, ver uma potencial confusão por conta de apreensão de veículos, após uma denúncia.
Ele disse ainda que prendeu apenas o Hamilton, motorista de Amaury, e não os demais que foram conduzidos como o senhor Marone, o vereador Guilherme, o irmão de Amaury, Cláudio Almeida, Armstrong Lemos e um coronel.
Disse ainda que não viu ninguém morto e que foi ao hospital e viu apenas uma pessoa ferida mas em sã consciência, não morta e nem alvejada por tiros como teria sido o motivo da apreensão de Amaury, tendo como fonte o tenente Henrique.
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A defesa do promotor Leonardo pediu que o delegado da regional de Pinheiro, Carlos Renato, fosse liberado de prestar depoimento, não justificando o motivo para tal, sendo aceita pelo juiz. Antes, a defesa de Jadilson pediu para cancelar o pedido, mas a defesa de Amaury nada teve contra, sendo então liberado.
As testemunhas de defesa de Amaury foram categóricas em dizer como ele foi preso: sem mandado de prisão, nem flagrante. A maneira como ele foi abordado, com destaque para a insegurança e nervosismo do investigador Rabelo, que estava incontrolável também foi citada. Duas das testemunhas afirmaram que foi preciso que elas o pedissem calma.
Ainda sobre o depoimento da defesa, a divulgação da prisão de Amaury teria sido feita antes mesmo do fato acontecer, no povoado de Gurutil. Destacaram, também, que outras pessoas [já citadas] foram presas sob orientação do delegado Jorge e do investigador Rabelo.
Algumas testemunhas da defesa alegaram que pessoas mudaram o voto, ou deixaram de votar, após cabos eleitorais do candidato Jadilson divulgarem que ele [Amaury] não era mais candidato. Uma das pessoas que, segundo as testemunhas, fez isso com frequência foi a mãe do vereador Beto, Mara Rúbia.
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A maioria das testemunhas de Jadilson e Derson, entre elas Flávio Dino e Jeferson Portela, foram apresentadas como “desistência” para prestar depoimento (os advogados desistiram de ouvir elas). O pastor Franklin, testemunha de Jadilson, deu depoimento como informante sendo vedado ser como testemunha por trabalhar atualmente para Jadilson.
As únicas duas testemunhas que foram apresentadas por Jadilson e Derson afirmaram estar no local do acontecido na noite do crime. Uma disse que estava a um metro de Amaury, escondida atrás de um poste, e o outro disse que ele mesmo bateu com um objeto no carro de Amaury – ambos disseram que outras pessoas teriam atirado, não Amaury.
A audiência foi marcada pelo grande movimento de populares mirinzalenses que se organizaram para acompanhar, mesmo do lado de fora, a audiência. Os favoráveis a Amaury foram contabilizados segundo organizadores, para mais de 500 pessoas, que ficaram, muitos, até o final da audiência.
Do lado de Jadilson, apenas os seus familiares e algumas testemunhas que a defesa desistiu de ouvir estiveram presentes. Esses ficaram até o final da audiência, e puderam ser contabilziados por volta de 20 pessoas.
Dados os depoimentos, a audiência se estendeu das 15h00min às 23h30min de ontem (25). A partir de agora, o juiz da comarca de Guimarães terá, aproximadamente, de 15 a 20 dias para dar o veredito quanto ao caso, o que poderá ocasionar cassação de Jadilson e realização de novas eleições.