Sete comunidades quilombolas de Bequimão receberam a visita da
secretária Estadual de Igualdade Racial, Claudett de Jesus Ribeiro, e da
secretária Municipal de Cultura e Promoção da Igualdade Racial, Dinha Pinheiro,
no sábado (05) e domingo (06). Nas rodas de conversa com os moradores dos
quilombos, foi discutido o desenvolvimento das crianças quilombolas que têm de
zero a três anos de idade.
As secretárias estiveram nas
comunidades de Santa Rita, Rio Grande, Ariquipá, Ramal do Quindíua, Conceição,
Mafra e Juraraitá, todas certificadas como remanescentes de quilombolas, com a
proposta de sensibilizar os moradores sobre o jeito característico, nos quilombos,
de cuidar das crianças. “Assim como na África, tudo aqui é coletivo. Então,
toda a comunidade educa a criança e todas se criam juntas. Queremos que isso
seja reforçado, como forma de manter a identidade dos negros quilombolas”,
afirmou Claudett Ribeiro, no encerramento das visitas, no povoado Juraraitá.
Foi com a participação
constante da família e o apoio dos vizinhos que Eunice Cruz Pinheiro, 24 anos,
deu luz ao filho Renan Cruz Pinheiro, hoje com 4 anos. Ela fez todo o pré-natal
no hospital do município, mas no dia do parto estava chovendo muito forte e a
ambulância não conseguiu chegar até sua casa, que fica após um rio. A solução
foi realizar o parto em casa, tendo como parteira a própria avó.
As experiências dos moradores
dos quilombos sustentavam suas opiniões quando foram convidados a comentar e
votar sobre aspectos importantes ao desenvolvimento infantil. Os
questionamentos envolviam a necessidade de consultas ao pediatra, cuidados com
alimentação, amamentação, brincadeiras e passeios, estabelecimento de limites
desde cedo, bons exemplos dos pais, dentre outros.
A partir das respostas,
Claudett Ribeiro comparou as relações familiares nos quilombos com as
existentes nas grandes cidades. Em sua opinião, os quilombolas amam e respeitam
suas avós, enquanto nas cidades nem as mães têm mais tempo de cuidar dos
filhos.
Propostas – Com essa ação nas
comunidades quilombolas, a Secretaria Estadual da Igualdade Racial (SEIR) e a
Secretaria Municipal de Cultura e Promoção da Igualdade Racial de Bequimão
querem preservar esses valores, que fazem parte da identidade negra quilombola.
“As comunidades quilombolas têm saberes imensos que precisam ser divulgados e
respeitados. É assim que acontece a luta negra, contra o profundo racismo que é
entranhado na história do Brasil e do Maranhão”, frisou Claudett Ribeiro.
Dinha Pinheiro comprometeu-se a
manter atividades culturais e de educação nas comunidades quilombolas do
município. Ela aproveitou para lembrar os esforços da Prefeitura de Bequimão em
busca do reconhecimento das terras remanescentes de quilombo do município; 10
já foram certificadas. “Depois deste momento de visita, vamos planejar outras
ações para garantir mais cuidados com as crianças quilombolas de Bequimão”,
garantiu a secretária.
Em cada
comunidade, a visita foi encerrada com música. Primeiro, os moradores cantavam
para os visitantes e, em seguida, vinha a retribuição, pelo canto de Gisele
Padilha, que acompanhou as atividades. A cantora e membro da equipe da SEIR
cantou música sobre Zumbi dos Palmares, desmistificando a relação que se faz,
em algumas localidades, entre zumbi e os mortos. “Zumbi é o herói, por conta
dos Palmares. Ele nos lembra das lutas que travamos todo dia e toda a hora para
vencer”, destacou Gisele.
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