Candidatos
a deputado federal e estadual, de todos os partidos, reclamam dos custos
da campanha no interior – e principalmente da cobrança aberta que lideranças
políticas fazem em troca de voto.
Virou uma
espécie de indústria o apoio eleitoral no interior, estimulada, sobretudo, por
candidatos de primeira viagem, com os bolsos cheios de dinheiro e pouca
experiência para conquistar o eleitor.
Vereadores,
ex-vereadores e até suplentes de vereador chegam a cobrar R$ 80 mil, R$ 100 mil
por um “punhado de votos” em determinado município.
- O pior
é que os candidatos acabam se sujeitando, já que precisam de lideranças em suas
reuniões, comícios e palestras no interior. Montar palanque sem liderança em uma
cidade é pedir para ser ignorado - lamenta um candidato a federal que se demonstra
cansado dos achaques.
A
indústria do voto funciona assim: um vereador senta com um candidato a deputado
e mostra sua capacidade eleitoral, baseada na própria votação que obteve nas
eleições municipais. A partir daí, negocia um valor fixo – em milhares de reais
– para apoiar o tal candidato.
E vira um leilão.
Outros
candidatos, com bala para gastar, negociam com vereador já comprometido,
oferecendo mais, gerando uma inflação eleitoral sem controle.
Esta
inflação eleitoral começou no governo José Reinaldo Tavares (PSB).
Obcecado
por derrotar o grupo do senador José Sarney (PMDB) – que o inventou para a
política – Tavares resolveu gastar os tubos de dinheiro em troca de apoio. E
conseguiu seu intento, embora mais tarde o seu candidato, Jackson Lago (PDT),
tenha tido que devolver o governo por corrupção eleitoral.
Mas na
era JR Tavares, a compra de lideranças ainda tinha um certo verniz oficial.
Naquela
época, o dinheiro era repassado a associações comunitárias de todos os tipos,
geralmente controladas por esses vereadores, ex-vereadores e suplentes de
vereadores. Cabia à associação a prestação de contas do que foi usado.
Como fim
deste esquema, a negociação passou a ser aberta e direta, com o próprio
vereador.
E fica
difícil pegar as negociações, já que são feitas nas sombras, sem recibo ou
qualquer documento.
E o custo
do voto só aumenta para candidatos e partidos.
E
principalmente para a democracia…
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