As bolas só queriam rede
Da Coluna do Sarney
Não adianta a gente querer forçar as coisas. Na minha Baixada
querida tem um ditado popular que diz “Quando boi não quer beber não adianta
assoviar”. Sobre o problema que vivemos no jogo da Alemanha e Brasil, e a
vergonha que passamos, ouvi quase todas as pessoas entendidas em futebol –
técnicos de ocasião, técnicos profissionais, jogadores, bandeirinhas e pais de
santo – afirmarem que o fatídico resultado de 7 x 1 não tinha explicação, era
inexplicável.
O diabo é que quase todos examinavam o jogo, as jogadas, as
táticas e os craques. Mas o problema era outro. Não estava nas pessoas nem no
gramado.
O problema foi a bola. Colocaram para
jogar uma bola que estava exausta, cansada, e só queria rede, estava louca para
dormir, e resolveu que o melhor lugar era a rede da trave do Brasil. E quando a
colocavam para fora dessa área a bicha voltava louca atrás da rede do Brasil. E
não deitou mais graças à Alemanha, que a segurou para não nos envergonhar mais
e acabar com o futebol no mundo.
Logo com o Brasil, país do futebol, em que o Nelson Rodrigues
teve a ousadia de comparar a Pátria com a chuteira e dizer que a seleção “era a
Pátria de chuteira”. A mesma coisa de comparar o Can-Can do Moulin Rouge, em
Paris, tão tradicional e perfeito com aquelas mulheres lindas jogando as pernas
e mostrando as coxas de frente para a platéia num ritmo sensual, com a
Marselhesa.
Agora, vem a ressaca. O técnico da Holanda já tinha dito que não
devia haver jogo para terceiro lugar, 2º vice. Só ser 2º vice já é uma
desmoralização. Calculem o Brasil 2º vice da Argentina.
Já meu chofer dizia que com o Messi e o papa Francisco devíamos
tirar o cavalo da chuva, pois era impossível a vitória, ainda mais tendo em
Castel Gandolfo aquele ex-papa, o Bento XVI, alemão, mergulhado em rezas e
colocando soníferos na bola.
As especulações agora ficam por conta de
saber as consequências políticas. Uns dizem que virão distúrbios, o povo
querendo achar culpados e dona Dilma, mesmo sem querer nem ter culpa, colocada
na berlinda para receber os insultos mais chulos e as coisas mais injustas.
Afinal na sua mão só chegou o abacaxi. Não inventou Copa, nem sempre foi
fanática pelo futebol e nunca se meteu na luta de catch do futebol gaúcho entre
o Grêmio e o Internacional.
Mas, hoje à tarde, depois do que
acontecer no Maracanã, vamos ver o que vai acontecer ou não acontecer nas ruas.
Afinal, uma coisa eu já sei. Vai surgir uma nova polêmica: Felipão sai ou não
sai? Lembremos Ovídio nos Tristes: “tempora si fuerint nubila, solus eris…”
(“se os tempos nublarem estarás só”).
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