“A sua biografia se torna a sua biologia”
CAROLINE MYSS.
O ser humano não é facilmente influenciado pela natureza. Quando bebês, sabemos quase nada e precisamos dos outros para sobreviver. Pela liberdade e consciência, aprendemos e superamos todas as nossas necessidades. Já os animais, por exemplo, nunca construirão uma ponte para buscar alimentos na outra margem do rio.
Como pessoas, nossa humanidade é capaz de se realizar com a felicidade do outro!
Certa ocasião, Madre Tereza de Calcutá, perguntada sobre qual fora o dia mais feliz de sua vida, ela respondeu:” Hoje” – o primeiro e o último de nossos dias!”
Frei José, homem de semblante simples, humildde, de família católica nascido na Itália, que acompanhava seus pais às missas desde cedo já vivia seu destino traçado lá dos Céus. Por circunstâncias reconhecidas, ou seja, em substituição a outro colega seu precisou, a princípio relutante, completar o “grupo dos nove missionários” a embarcarem em um navio com destino ao Brasil,para servirem a Deus a serviço do próximo, desembarcando exatamente no Maranhão; posteriormente às margens do Pericumã, na Faveira, onde foram recebidos com eloquentes aplausos, discursos, foguetório e tudo mais. Aos poucos seus companheiros de viagem foram sendo remanejados a outras paróquias da Diocese.
Em pouco tempo, após muito trabalho e dedicação, observou-se uma particularidade: Era bastante dedicado às crianças. Talvez pelo fato de ter perdido seu irmãozinho, por quem tanto se dedicava, que adoecera na Itália, com uma dor na perna e, apesar da medicina evoluída, não teve jeito. E isso o comovia bastante. Às vezes, dialogando com pessoas mais íntimas, principalmente os da família “Colégio Pinheirense”, corria lágrimas aos olhos, quando recordava desse episódio. Diante disso, reforça mais às claras quão era dócil, humano, servo de Deus... Um coração de menino!.
Um homem pode se destacar na vida através de seu instrumento de trabalho. Primeiramente, adotou a Bíblia, seu refúgio e sua fortaleza! Possuia outras aptidões que o habilitaram a produzir a “planta arquitetônica” do Colégio Pinheirense, onde depois de edificado, já em pleno funcionamento lecionou por muitos anos Religião, Eletricidade e Desenho. Na arte do desenho, utilizando esquadro, régua, transferidor e compasso grandes de madeira conseguia ensinar seus conhecimentos, absorvidos e aprimorados na Itália aos seus alunos, verdadeiras obras de arte. O importante dizer que seu conhecimento técnico e científico era tamanho a ponto de saber quando o desenho do aluno, que podia ser uma prova estava correto ou não, sem necessariamente recorrer às medidas de seu material de trabalho. Bastava olhar, já apontava o resultado. O aluno, por sua vez, retomava e conferia as medidas determinadas e constatava que o professor realmente estava certo. Aproveitando o mesmo formato de seu esquadro,geometricamente traçou os ângulos para formar o símbolo do Colégio Pinheirense:
Quando, ainda jovem no Ceminário São José, em momento de lazer, destacava-se como um excelente jogador de futebol.
Sempre primou sua família biológica. Mesmo assim, ao pisar em terras pinheirenses adotou-a como sua. Após a morte de seus pais, seu tesouro precioso; talvez para não sofrer tanto, pretendeu sempre ficar em sua casa “na casa dos padres”, à Av. Paulo Ramos com a Av.Presidente Dutra, no Centro da Cidade. Devido a muita insistência de parentes e amigos, principalmente os de sua congregação retornou à Itália, mas apenas duas vezes. A última foi no ano de 1990, ano da Copa do Mundo. A fato provável de não ter querido retornar à sua cidade natal por mais vezes tenha sido devido ao sabor dos nossos peixes da Faveira: os bagrinhos, os jandiás, a cabeça-gorda...
Não costumava tirar retrato, conceder entrevistas ou se apresentar em eventos oficiais. Era um homem muito recatado e dedicado em tudo o que fazia. De poucas palavras; pequeno sorriso! Não queria ser destaque em nada!Até mesmo quando seu ex-aluno e afilhado, também professor do CP, Paulo Rubim teria proposto, em algum tempo, escrever um livro retratando a trajetória de vida do Frei José, ele delicadamente esquivou-se, alegando não ser necessário, pois já estava com idade bem avançada e, alguns outros argumentos, que foram obedecidos. Tudo isto demonstrou grandeza de espírito do Frei José!
Há treze anos fora acometido de um AVC-( acidente vascular cerebral) que o afastou de suas atividades normais do Colégio, dos quais nos três últimos anos sua saúde tenha se compremetido mais ainda. Durante todo o período em que pôde se locomover em sua casa, dedicou-se exclusivamente, como passatempo, ao cultivo de horticultura e à criação de coelhos. Evidentemente que sua participação era apenas na obervação e contemplação das sementes que brotavam, mostrando uma das fontes de alimento, como também dos animais que nasciam, o que o deixavam fascinado, a exemplo da vida,mas sempre com o terço nas mãos.
No bairro da Matriz, onde a Cidade e o Colégio se originaram, lecionou Religião e aula de Canto às crianças. Foi Assistente do Seminário São José e Diretor Geral do Colégio Pinheirense até o ano de 1997.
Seu nome foi alvo de várias homenagens: Cidadão Pinheirense, Seminários, Farol da Educação, Banda Marcial, Centro Esportivo e nome de Rua .
A história de um homem não caberia em um livro ou filme, pois a cada dia, ainda que na posteridade continua sendo retratada.
Ele, fruto de Deus e Missionário do Sagrado Coração, cujo lema “Ontem, hoje e amanhã” – a mesma vocação e a mesma missão, talvez já esteja gozando de plena vida, trabalhando junto ao Pai Celestial.
Jesus Cristo! (...) ressuscitou ao terceiro dia. Frei José entrou para a história do povo de Pinheiro em duas significativas datas: A partir do dia 15 de agosto de 1946, quando aportaram na Faveira e, 23 de outubro de 2010, o dia de seu falecimento, momento em que esta Cidade perde um de seus filhos ilustres, enviado por Deus da Itália para compartilhar e ajudar a formar gerações, através dos seus diversos gestos e ensinamentos, laureados por outros tantos profissionais do Colégio, seus amigos de luta empenhados em solucionar cada problema que surgissem pelo caminho.
Em meu nome, na qualidade de seu ex-aluno e em nome de minha família, o que pode ser o desejo de toda população, Frei José foi, além de todos os adjetivos a ele atribuídos, como o de ter elaborado a “planta arquitetônica” do prédio para que se pudessem literalmente iniciar os alicerces, mas o próprio alicerce: pedagógico, religioso e cultural de muitos jovens, alunos do Colégio Pinheirense espalhados pelo mundo afora.
Muito obrigado!
Evandro Sérgio Moraes Pereira
CAROLINE MYSS.
O ser humano não é facilmente influenciado pela natureza. Quando bebês, sabemos quase nada e precisamos dos outros para sobreviver. Pela liberdade e consciência, aprendemos e superamos todas as nossas necessidades. Já os animais, por exemplo, nunca construirão uma ponte para buscar alimentos na outra margem do rio.
Como pessoas, nossa humanidade é capaz de se realizar com a felicidade do outro!
Certa ocasião, Madre Tereza de Calcutá, perguntada sobre qual fora o dia mais feliz de sua vida, ela respondeu:” Hoje” – o primeiro e o último de nossos dias!”
Frei José, homem de semblante simples, humildde, de família católica nascido na Itália, que acompanhava seus pais às missas desde cedo já vivia seu destino traçado lá dos Céus. Por circunstâncias reconhecidas, ou seja, em substituição a outro colega seu precisou, a princípio relutante, completar o “grupo dos nove missionários” a embarcarem em um navio com destino ao Brasil,para servirem a Deus a serviço do próximo, desembarcando exatamente no Maranhão; posteriormente às margens do Pericumã, na Faveira, onde foram recebidos com eloquentes aplausos, discursos, foguetório e tudo mais. Aos poucos seus companheiros de viagem foram sendo remanejados a outras paróquias da Diocese.
Em pouco tempo, após muito trabalho e dedicação, observou-se uma particularidade: Era bastante dedicado às crianças. Talvez pelo fato de ter perdido seu irmãozinho, por quem tanto se dedicava, que adoecera na Itália, com uma dor na perna e, apesar da medicina evoluída, não teve jeito. E isso o comovia bastante. Às vezes, dialogando com pessoas mais íntimas, principalmente os da família “Colégio Pinheirense”, corria lágrimas aos olhos, quando recordava desse episódio. Diante disso, reforça mais às claras quão era dócil, humano, servo de Deus... Um coração de menino!.
Um homem pode se destacar na vida através de seu instrumento de trabalho. Primeiramente, adotou a Bíblia, seu refúgio e sua fortaleza! Possuia outras aptidões que o habilitaram a produzir a “planta arquitetônica” do Colégio Pinheirense, onde depois de edificado, já em pleno funcionamento lecionou por muitos anos Religião, Eletricidade e Desenho. Na arte do desenho, utilizando esquadro, régua, transferidor e compasso grandes de madeira conseguia ensinar seus conhecimentos, absorvidos e aprimorados na Itália aos seus alunos, verdadeiras obras de arte. O importante dizer que seu conhecimento técnico e científico era tamanho a ponto de saber quando o desenho do aluno, que podia ser uma prova estava correto ou não, sem necessariamente recorrer às medidas de seu material de trabalho. Bastava olhar, já apontava o resultado. O aluno, por sua vez, retomava e conferia as medidas determinadas e constatava que o professor realmente estava certo. Aproveitando o mesmo formato de seu esquadro,geometricamente traçou os ângulos para formar o símbolo do Colégio Pinheirense:
Quando, ainda jovem no Ceminário São José, em momento de lazer, destacava-se como um excelente jogador de futebol.
Sempre primou sua família biológica. Mesmo assim, ao pisar em terras pinheirenses adotou-a como sua. Após a morte de seus pais, seu tesouro precioso; talvez para não sofrer tanto, pretendeu sempre ficar em sua casa “na casa dos padres”, à Av. Paulo Ramos com a Av.Presidente Dutra, no Centro da Cidade. Devido a muita insistência de parentes e amigos, principalmente os de sua congregação retornou à Itália, mas apenas duas vezes. A última foi no ano de 1990, ano da Copa do Mundo. A fato provável de não ter querido retornar à sua cidade natal por mais vezes tenha sido devido ao sabor dos nossos peixes da Faveira: os bagrinhos, os jandiás, a cabeça-gorda...
Não costumava tirar retrato, conceder entrevistas ou se apresentar em eventos oficiais. Era um homem muito recatado e dedicado em tudo o que fazia. De poucas palavras; pequeno sorriso! Não queria ser destaque em nada!Até mesmo quando seu ex-aluno e afilhado, também professor do CP, Paulo Rubim teria proposto, em algum tempo, escrever um livro retratando a trajetória de vida do Frei José, ele delicadamente esquivou-se, alegando não ser necessário, pois já estava com idade bem avançada e, alguns outros argumentos, que foram obedecidos. Tudo isto demonstrou grandeza de espírito do Frei José!
Há treze anos fora acometido de um AVC-( acidente vascular cerebral) que o afastou de suas atividades normais do Colégio, dos quais nos três últimos anos sua saúde tenha se compremetido mais ainda. Durante todo o período em que pôde se locomover em sua casa, dedicou-se exclusivamente, como passatempo, ao cultivo de horticultura e à criação de coelhos. Evidentemente que sua participação era apenas na obervação e contemplação das sementes que brotavam, mostrando uma das fontes de alimento, como também dos animais que nasciam, o que o deixavam fascinado, a exemplo da vida,mas sempre com o terço nas mãos.
No bairro da Matriz, onde a Cidade e o Colégio se originaram, lecionou Religião e aula de Canto às crianças. Foi Assistente do Seminário São José e Diretor Geral do Colégio Pinheirense até o ano de 1997.
Seu nome foi alvo de várias homenagens: Cidadão Pinheirense, Seminários, Farol da Educação, Banda Marcial, Centro Esportivo e nome de Rua .
A história de um homem não caberia em um livro ou filme, pois a cada dia, ainda que na posteridade continua sendo retratada.
Ele, fruto de Deus e Missionário do Sagrado Coração, cujo lema “Ontem, hoje e amanhã” – a mesma vocação e a mesma missão, talvez já esteja gozando de plena vida, trabalhando junto ao Pai Celestial.
Jesus Cristo! (...) ressuscitou ao terceiro dia. Frei José entrou para a história do povo de Pinheiro em duas significativas datas: A partir do dia 15 de agosto de 1946, quando aportaram na Faveira e, 23 de outubro de 2010, o dia de seu falecimento, momento em que esta Cidade perde um de seus filhos ilustres, enviado por Deus da Itália para compartilhar e ajudar a formar gerações, através dos seus diversos gestos e ensinamentos, laureados por outros tantos profissionais do Colégio, seus amigos de luta empenhados em solucionar cada problema que surgissem pelo caminho.
Em meu nome, na qualidade de seu ex-aluno e em nome de minha família, o que pode ser o desejo de toda população, Frei José foi, além de todos os adjetivos a ele atribuídos, como o de ter elaborado a “planta arquitetônica” do prédio para que se pudessem literalmente iniciar os alicerces, mas o próprio alicerce: pedagógico, religioso e cultural de muitos jovens, alunos do Colégio Pinheirense espalhados pelo mundo afora.
Muito obrigado!
Evandro Sérgio Moraes Pereira
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