quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

Em meio a ecos do racha, ato na Assembleia reúne Dino, Othelino, Brandão e Weverton em clima ameno

 

Clima ameno: Flávio Dino e Othelino Neto ladeados por Carlos Brandão e Weverton Rocha na Assembleia Legislativa, depois de cumprimentos efusivos

Não há registro, pelo menos em tempos recentes, de que a roda da política tenha produzido um quadro semelhante ao que montou ontem na Assembleia Legislativa do Maranhão, na abertura do ano legislativo, o último do atual mandato parlamentar. Ali se reuniram, lado a lado na mesma mesa, em sessão solene, mas em clima desarmado e dominado pela descontração, o presidente do Poder Legislativo, deputado Othelino Neto (PCdoB), o governador Flávio Dino (PSB), o vice-governador Carlos Brandão (PSB) e o senador Weverton Rocha (PDT). O ambiente nem de longe refletiu as tensões que marcaram as 48 horas antecedentes, período em que repercutiu fortemente a impossibilidade de um acordo na base governista, que resultou no lançamento de duas candidaturas ao Palácio dos Leões, a do vice-governador Carlos Brandão e a do senador Weverton Rocha. A harmonia do ato, porém, não foi suficiente para esconder a firmeza do governador Flávio Dino no apoio ao vice Carlos Brandão, nem a determinada dissidência liderada pelo senador Weverton Rocha, apesar dos discursos paralelos em defesa da recomposição da aliança partidária em torno de um candidato.

O governador Flávio Dino leu sua mensagem de despedida após sete anos de mandato, fazendo um denso balanço das ações do seu Governo. Destacou os visíveis avanços na área a da educação, com 1.300 de construção e reforma na rede pública por meio do programa Escola Digna, incluindo os Iemas, o que impulsionou o crescimento do IDEB de 2.8 para 3.7; assinalou a estruturação e o funcionamento da rede de saúde, com hospitais de grande, médio e pequeno portes e policlínicas em todas as regiões do estado, incluindo os centros de hemodiálise, com ênfase no enfrentamento da pandemia; os 67 restaurantes populares espalhados pelo Maranhão, entre outras ações relevantes na área de infraestrutura. E enfatizou um item que preza muito: a transparência nas ações e nos gastos do Governo por meio do Portal da transparência. O portal mostra que, apesar das dificuldades, o Governo investiu mais de R$ 10 bilhões e obras nos municípios.

O governador Flávio Dino falou com a segurança de quem chega ao final da jornada governamental com a consciência em paz e politicamente credenciado a permanecer na liderança buscando a reunificação do grupo governista e para pleitear uma cadeira no Senado.

Por sua vez, em entrevista antes da sessão, o presidente Othelino Neto fez um balanço das ações da Assembleia Legislativa, a superação dos desafios impostos pela pandemia, que consolidou a importância da instituição legislativa. E na sua fala durante a sessão, num gesto que chamou a atenção, reconheceu enfaticamente os avanços do Governo Flávio Dino, com a “adoção de políticas das quais eu sou um dos signatários com muito entusiasmo”. Para ele, “fica, de fato, um legado importante do que está sendo construído e do que foi realizado nos últimos sete anos e um mês aqui no nosso estado”. E fechou, com a isenção de chefe de Poder, ao dirigir-se ao vice-governador Carlos Brandão, que será o governador a partir de abril: “Conte com esta Assembleia, que vai agir de forma responsável, preservando a sua independência, mas com absoluta harmonia, tal qual ocorreu nos últimos sete anos”.

Assim, a abertura dos trabalhos da Assembleia Legislativa, que aconteceu em meio a uma forte agitação política, e que poderia ser marcada provocações de lado a lado, o que certamente contribuiria para aprofundar as diferenças, transcorreu sem sobressaltos, dentro das regras que norteiam as relações institucionais. Mesmo ficando evidenciada a enorme distância que está separando a atual divisão de uma eventual reunificação. Uma situação que, segundo o governador Flávio Dino, o vice-governador Carlos Brandão e o senador Weverton Rocha, pode ser resolvida, desde que um deles desista.

O problema é que, pelo menos por enquanto, Carlos Brandão e Weverton Rocha não emitem qualquer sinal nessa direção, mas também não manifestam interesse em aprofundar ainda mais a divisão da aliança governista.

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