segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Parabéns Pinheiro 162 anos


Ah quantas saudades dessa Pinheiro bucólica....Pinheiro onde se comprava carne enfiada na embira. Pirulito era  num palito. O menino gritava: “Olha o pirulito, enfiado num palito...quem quiser dê um grito.... Os meninos vendedores de peixes traziam fresquinhos numa bacia de alumínio. Os espertos pegavam a bacia e levavam para dentro de casa , nesta ida, ficavam alguns peixes. A água era de pote ou tina, friinha que doía nos dentes.

Era "chic" ir ao cinema, no Cine Teatro Pinheirense, e exibir-se com a namorada. Sentar na porta da rua às 18h30 min, para ouvir o Serviço de Auto Falantes A Voz Paroquial, na inconfundível voz do locutor Hidelbrando Castro. Desfilar dia 7 de setembro, pelo Colégio Pinheirense, antes levantando pela madrugada para correr em torno da cidade.

Tempo do comercio da Organização Comercial Albino Paiva, Edgar Barbosa Cordeiro, Os Gonçalves, Casas Pernambucanas. Se necessitasse de um cachimbo de barro, o destino era as Casas de João Saninho ou João Baldo. Local onde eram encontradas mercadorias difíceis, banhas de qualquer tipo de  silvestres, ervas medicinais e acessórios de barro.

Ir ao Aeroporto Salgado Filho, ver os aviões decolarem e pousarem, observar os passageiros chegarem com caras novas e  dar uma paquerada, principalmente quando se tratavam dos passageiros da Paraense ou da Real, aviões grandes que traziam muita gente, vindas da Amazônia, com escala obrigatória em nossa cidade. Aproveitar o voo e ir até São Luís; fazer compras e passar um aviso para família pelo Correios do Interior (internet da época).

Tempo que calçava-se chamatós de troncos de paparaubas e chinelos de solas cruas fabricados por Zé Pedro Amengol. Calça de linho Braspérola e Tropical Maracanã, depois chegou o Nycron para os poucos alfaiates trabalharem por nossa moda.

Levantar 02 (duas) horas da madrugada para comprar carne no Mercado Manoel Tucura, marcando o lugar com pedras e chamatós, enfrentando a pouca distinção dos magarefes, com minimas chances de ser atendido.
  
Ir a uma festa no Casino Pinheirense. Dançar agarradinho um bolero orquestrado, com a cabeleira brilhosa de pomada e Creme Trim, perfumado com Rastro.Tempo de batom Toll-On, sabor morango da Avom. A moda feminina era calça “cocota” e para os homens, “boca de sino”  duas cores de grifes “Tremendão” e “Calhambeque”. Camisas  “volta ao mundo”. Os vestidos” tomara - que – caia”, e blusas de elastex. Os tênis eram “Conga e Basqueteira”, quem praticava esportes tinha que ter um “Suporte Big” com selo do macaco Gorila, para aguentar o balanço e dar elegância ao atleta.

Pinheiro do tempo dos picolés e da sinuca do Bar do Paulo Castro, ponto de reunião dos jovens; do Jogo de Bicho do Honorato, dos jogos familiares de dominó e dama.

Pinheiro, onde se lia o Jornal Cidade de Pinheiro, toda semana, entregue em nossas casas; onde se tinha a melhor Biblioteca do Maranhão, Rotary Club, IBGE, Maternidade fundada por um grupo de senhoras pinheirenses, criação de um colégio fundado e mantido por estudantes de Pinheiro.

Houve época boa de se   frequentar e comer na Churrascaria de Magro Velho, e a Carne de Sol deliciosa do Arnaldo. Dar uma paquerada  no Bar  Porto Solidão, onde a cerveja sempre era dividida com o proprietário .  Música boa era no Elis Bar, em homenagem a cantora, abrigo da juventude intelectual. Boate Shallako, abrigo de muitos casais, testemunha de namoros e casamentos de várias gerações. Boate Imperial, frequência com discrição e respeito.

Aventura era sair com Zé Genésio, fazendo serestas com radiola a pilha, para nossas namoradas, por vezes blindados, pelos pais das moças, com uma “pinicada” de urina vencida, guardada para este fim.

Pinheiro do Carnaval de mascaras, da disputa acirrada das Escolas de Samba Obelisco e Senzala. Lembranças dos Clubes carnavalescos populares: Bigurrilho, Luís de Senhora, e tantos outros que marcaram os nossos carnavais.

Nesta cidade, vivemos um tempo de tão pouca violência que a gente nem ouvia falar... Tempo bom, de lembranças gostosas…Pinheiro lugar especial, feliz de se viver com toda intensidade.

O Espaço fica aberto para quem lembrar de maiores e melhores fatos, compartilhar.

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