quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Padre Luigi Risso

 O ano era 1939. Em Pinheiro, o Jornal Cidade de Pinheiro, em seu editorial, veio a público admoestar o chanceler alemão Adolf Hitler sobre as implicações nefastas da guerra que ora se iniciava na Europa.
Àquela época, as notícias que vinham do exterior chegavam em primeira mão através do Rádio.
O primeiro receptor que chegou à cidade era de propriedade do farmacêutico da cidade, Sr. José Alvim.
─ “Quem tem informação garante poder!” Jactavam-se os poucos privilegiados que se reuniam ao anoitecer para tentar decifrar, entre ruídos e descargas, a programação da BBC de Londres que emitia sinais para o Mundo inteiro. A Alemanha começava a guerra e ampliava suas conquistas dia após dia.
Numa chuvosa noite de inverno, sob o coaxar dos sapos, o sinal do rádio estava muito fraco e o José Alvim tentava sintonizar a BBC quando, de repente, escutaram, todos, um enorme ruído vindo do rádio! O receptor sacudiu-se todo.
Zé Alvim, com sua voz grave e um semblante sério, vaticinou:
Os aviões do Hitler tão bombardeando Londres!
Enquanto isso, na Itália, era criada pelo Papa Pio XI, através da Bula Ad Maius Christi Fidelium, a Prelazia de Pinheiro. A cidade inteira comemorou a Santa decisão da Igreja Católica, o que só veio a se concretizar, de fato, após o fim da Segunda Guerra, no ano de 1946. A chegada a Pinheiro do bispo Dom Ungarelli acompanhado dos padres italianos da Congregação dos Missionários do Sagrado Coração é um marco divisor que deveria ser festejado com pompas solenes por todos os pinheirenses.
São incontáveis as ações desenvolvidas pela Prelazia ao longo de todos esses anos. É indiscutível, o reconhecimento do papel de cada missionário na formação e no desenvolvimento das crianças e jovens de nossa terra.
No dia 16 de dezembro de 1931, Angela e Enrico Risso registram em Roma o nascimento de Luigi Risso. Trinta anos depois, já ordenado padre, ele chega em Pinheiro para uma missão de poucos anos e que se estende até os dias atuais.
Com seu porte atlético, sua tez avermelhada e energia sem igual, o padre Risso logo se fez notar no seio da pequena comunidade de Pinheiro. Apaixonado pelo futebol, torcedor fanático do Roma, chegou a se apresentar nos gramados do Estádio Costa Rodrigues levando multidões de fiéis que torciam pelo craque recém importado da Itália.
Durante mais de cinquenta anos, coube a ele, nas ações da Prelazia em toda a região, a construção de igrejas, escolas e demais edificações. Era ele o arquiteto, o pedreiro, o eletricista, o encanador e ainda, ao volante do caminhão, o motorista que abria as suas próprias estradas para levar a palavra de Deus. Não há uma construção feita pelos Missionários que não tenha sido levantada pelas mãos e o suor do padre Risso.
Sob sua orientação e cuidados, ele mantém mais de duas mil crianças nas creches e escolas de Presidente Sarney e de Pinheiro. Nessas creches, as crianças recebem uniformes, mochilas, alimentação orientada por nutricionistas, muita disciplina e, é claro, muita atenção e carinho. Todas, sem exceção, saem das escolas bem formadas, sabendo ler, escrever e interpretar aquilo que leem.
Com seus 84 anos celebrados nesta semana, continua bem lúcido, rezando suas missas, cada vez mais ativo, combatente e mantem uma característica que trouxe lá da Itália e que certamente, quando se recolher aos braços do Senhor, levará consigo: paciência zero!
Costuma-se dizer em Pinheiro, que em batizado de criança celebrado pelo que padre Risso, criança não chora! Logo ele, que vive cercado de crianças!
Chego ao final desta crônica conclamando a todos os meus leitores para louvar e pedir a Deus que lhe conceda, ainda, muitos anos de vida com saúde.
Parabéns, meu querido padre Risso. Receba em meu nome o abraço carinhoso e o reconhecimento de nossa terra que também é sua por livre escolha.

Bravo!
José Jorge Leite Soares
Ex-Deputado Estadual,
Membro da Academia Pinheirense de Letras e
Cônsul Honorário da França em São Luís

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