PERFUME NA
MERDA.
VALE MUITO A
LEITURA
OBRIGADO,
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL!
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Marcelo
Rates Quaranta
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Eu quero
agradecer, em meu nome e em nome de todas as pessoas comuns, cidadãos simples
do meu país como eu, pelas últimas decisões tomadas pelo nosso Egrégio Supremo
Tribunal Federal.
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Sim, o
Supremo fez de nós pessoas melhores do que pensávamos ser.
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Quando
olhávamos aqueles Ministros sob suas togas, com passos lento e decididos,
altivos, queixos erguidos, vozes impostadas ditando verdades absolutas e
supremas, envoltos numa aura de extrema importância e autoridade, nos sentíamos
pequenos, minguados e reles plebeus diante de uma Corte que beirava o sublime,
o inatingível e o intangível.
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Com essas
decisões o Supremo conseguiu fazer com que a minha percepção sobre mim e sobre
nós mudasse. Eles não são deuses. São pessoas tão pequenas e tão venais, que qualquer
comparação que eu faça de mim e de nós em relação a eles, seria
desqualificar-nos a um nível abissal. Tudo aquilo é fantasia, tudo aquilo é
pose e tudo aquilo não passa de um teatro, mas nós somos reais.
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Foi aí que
eu vi o quanto somos mais importantes que eles! Enquanto as divindades supremas
encarnam seus personagens de retidão e lisura, mas com suas decisões abduzem a
moral e destroem o país (e de quebra a reputação do Judiciário), nós
brasileiros comuns e sem toga trabalhamos arduamente dia e noite para construir
o país, ou pelo menos para minimizar os danos que eles provocam.
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Então...
Como é que um dia eu pude vê-los como sendo superiores a nós? Eu estava
enganado. Nós somos muito superiores a eles, mesmo sendo zés, joãos, marias,
desde o pequeno ambulante ao médico ou engenheiro. Nós somos as verdadeiras
autoridades, porque nossa autoridade não foi conferida por um político malandro
capaz de tudo com uma caneta. Nossa autoridade nos foi dada pela nossa força de
continuar tentando fazer um Brasil melhor.
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Fico
sinceramente com pena é dos advogados, que são obrigados a chamar esses
ministros de Excelência, ainda que com a certeza de que não há excelência
alguma nos serviços que eles estão prestando à nação. Acho que deve ser o mesmo
sentimento de ser obrigado a chamar o cachorro do rei de "my lord".
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Agora eu sei
o quanto somos bem maiores que eles, mesmo sem aquelas expressões em latim e
doutrinas rebuscadas cheias de pompas e circunstâncias, que no final significam
apenas passar perfume em merda. Se há alguém realmente importante no Brasil,
esse é o Excelentíssimo Povo Brasileiro, que apesar de tudo é obrigado a sentir
o mau cheiro que vem da grande Corte, e mesmo com náuseas e ânsia de vômito,
tem que acordar as 5 da manhã pra fazer aquilo que eles não fazem: Produzir.
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Obrigado,
Supremo, por nos mostrar que hoje o rei sou eu e o meu povo.
Repasso com
o maior prazer. Concordando e aplaudindo.
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