quinta-feira, 25 de junho de 2015

O FATOR ROSEANA…

João Melo e Sousa Bentiví
Médico, jornalista, advogado, professor universitário, músico, escritor, poeta e doutorando em Ciências Empresariais (Univ. Fernando Pessoa – Porto/Portugal)
O jornalismo político opinativo do Maranhão tem muita tradição. Volto à minha memória e lembro-me de Erasmo Dias, na combatividade antropofágica, Luiz Carlos Cunha de verve exponencial e ferina, Bernardo Almeida, com prudência e elegância, Américo Azevedo Neto, com genialidade, humorismo e sarcasmo, Ademário Cavalcante, com a perspicácia de ver o que ninguém quase via, entre outros.
No meio desses, muito melhores que eu, decerto, durante dezenas de anos pontilhei na análise política, inicialmente no Jornal de Hoje, pela compreensão do América Azevedo e não deixo de recordar a minha primeira crônica, ainda escrita em uma máquina Remington. Depois passei ao Atos e Fatos, com meu saudoso Udes Cruz, onde nasceu uma sensacional coluna JANELA LIVRE, que findou, depois de anos, no Jornal Pequeno.
Deixei de escrever por algumas razões que não cabem discorrer, mas deixo claro aos leitores que para um jornalista do meu quilate escrever em algum veículo, o único combustível que exijo é liberdade. Nunca ganhei um centavo por ser jornalista, mas nenhum jornalista foi tão bem pago, quanto eu. O prazer de ser e contribuir com a sociedade, sem hipocrisia, é o maior de todos os salários.
Dito isso, vamos ao tema.
Há seis meses, após a vitória estupenda do governador Dino, a maioria das pessoas suporia que o sarneisismo estava destruído e Roseana pior ainda. Aqui, com meus botões, em algumas participações nas AMs, alertei aos senhores do governo que o sarneisismo era muito robusto para morrer com um simples tacape.
Imediatamente fui criticado pelos beócios (todo governo tem proeminência de beócios) com o argumento de que eu estava elogiando a oligarquia! Eu estava certo.
Menos de seis meses, após férias floridenses, Roseana senta-se no comando da nau sarneisista e começa a dar as cartas e, desse quartel, ela entende. As consequências podem ser interessantes.
Primeiro, bota ordem no terreiro. João Alberto, Ricardo Murad, Lobinho e companhia passam a se comportar como, no máximo, coronéis. General só tem um: ela!
A única coisa que pode atrapalhar é um tal de Moro. Mas olhando com faro jornalístico e um pouco do advogado que sou, o precatório da confusão, antes de chegar em Roseana, passou por muitos outros atores, incluindo a cúpula judiciária do Maranhão e, em nenhum local, ela aparece recebendo o dinheiro. No penal, os indícios são importantes, mas sem provas, indícios são nada. Ademais, ninguém paga precatório sozinho e ontem, a acareação entre o doleiro e o Paulo Roberto, ontem, injetou novo ânimo na senhora Roseana.
O governo Dino tem dado uma excelente contribuição para Roseana. Desafio a qualquer pessoa a mostrar uma única linha, provinda desse governo, que mostre uma só acusação sobre algum crime praticado pela ex-governadora, fora o tal precatório. O alvo é sempre o Ricardo Murad e eu, na minha ignorância, pergunto-me: o governador era o Ricardo?
Por isso repito: os seis meses do governo Dino estão dando um excelente atestado moral e de honorabilidade para a senhora Roseana. Assim, fica para a senhora Roseana somente a acusação de  incompetência, aí ela não está sozinha, é, no mínimo, segundo lugar, pois o primeiro posto ninguém toma do Holandinha.
Volto o olhar para a campanha pretérita. Roseana que poderia usar  o comando para desarticular a oposição, fez um movimento inverso: matou o natimorto Luiz Fernando e arrebentou o Lobinho, candidato teoricamente do seu governo. Uma parte exponencial da vitória do Dino deve-se a inação ou ação temerária de dona Roseana. De certa forma, Dino deve grandes favores a ela, não sei se vai pagar um dia.
Como o governo Dino tem preservado a imagem da ex-governadora, pois a crítica não tem sido feita a ela, mas a “oligarquia”, de repente, dolosa ou culposamente o governo Dino estimula a volta ao ringue eleitoral, da ex-noviça rebelde, agora centuriã, mas com muito gás.
Como não tem mandato, ao se posicionar, ainda que blefando, a vetusta política já está no lucro. Ganhar eleição é outra coisa, mas só ganha luta quem está no ringue. Ela nada tem a perder.
Tudo que falei pode ser devaneio, mas pode ser realidade. Jornalista não tem obrigação de acertar as previsões, mas tem obrigação de fazê-las. Como o tema é interessante, volto ao mesmo na próxima semana, com outros argumentos.
Até lá!

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