sábado, 13 de junho de 2015

IFMA capacita professores e lideranças em Educação Escolar Quilombola em Bequimão

Professores e líderes comunitários de Bequimão concluíram o Curso de Formação Continuada em Educação Escolar Quilombola, executado pelo IFMA – Campus Maracanã em parceria com a Prefeitura Municipal de Bequimão. Participaram da solenidade de certificação, realizada no último sábado (06), 49 alunos do curso, que formavam as duas turmas ofertadas pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão, do Ministério da Educação (Secadi/MEC).
Em 200 horas de aulas e atividades de pesquisa, os alunos do curso puderam refletir e encontrar soluções para questões envolvendo a educação nas comunidades quilombolas do município. Eles adquiriram conhecimentos em sala de aula e depois fizeram uma pesquisa de campo, que resultou na elaboração de um material didático. A proposta, agora, é fazer testes nas escolas e nas comunidades, para avaliar se esse material realmente contempla a diversidade e identidade dos quilombolas de Bequimão.
“Eles vão levar para dentro da sala de aula o conhecimento tradicional”, disse o coordenador do curso, Dorival dos Santos, ao comentar a relevância desse material, já que, em geral, os materiais didáticos não conseguem dar conta da realidade das diferentes comunidades brasileiras. Segundo ele, depois de avaliado, a edição do material será concluída e encaminhada ao MEC, ao IFMA e à Prefeitura de Bequimão para uma possível publicação.
O prefeito de Bequimão, Zé Martins, ao se pronunciar na solenidade, garantiu apoio à impressão da cartilha, que, na opinião dele, deve se tornar um livro, para ser distribuído a toda a rede municipal de educação. “Aguardamos novas parcerias com o IFMA, para que possamos continuar possibilitando a formação dos educadores de Bequimão”, frisou o prefeito.
Para a professora Maria de Jesus, que tem a experiência de ser secretaria adjunta de Educação e também aluna do curso, a pesquisa nas comunidades foi um momento rico na formação, pela oportunidade de conhecer melhor o próprio município e seu povo. “Nas comunidades, as pessoas ficaram felizes em poder contar suas histórias, a história de sua comunidade”, garantiu.
É por esse tipo de conquista que se deve investir em formações que abordem as relações étnico-raciais, de acordo com o coordenador do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros e Indiodescendentes (Neabi), Hérliton Nunes. O aluno José Orlando disse que esse é o segundo curso feito pelos professores de Bequimão sobre essa temática, dando-os mais suporte para atuar com a realidade educacional do município, que atualmente possui 10 comunidades quilombolas reconhecidas pela Fundação Palmares.
Pioneirismo
O coordenador do curso, Dorival dos Santos, ressaltou que o município de Bequimão é pioneiro ao receber o Curso de Formação em Educação Escolar Quilombola, primeiro a ser oferecido no país abordando essa temática. O coordenador fez uma reflexão sobre o cenário nacional dos cursos de formação, destacando as dificuldades enfrentadas em sua execução. Muitos estão parados e outros nem iniciaram. “Por isso, agradeço pela parceria da Prefeitura e suas secretarias, sem a qual teria sido inviável a execução do curso, e sou grato a todas as instâncias do IFMA e, em especial, do Campus Maracanã. Também nada seria possível se não fosse o empenho de cada um dos cursistas. Vocês são os verdadeiros responsáveis pelo sucesso do curso”, finalizou.
No Campus Maracanã, são frequentes os debates sobre a educação étnico-racial. O diretor de Desenvolvimento Educacional, Jeovani Machado, considera que alguns avanços já foram alcançados, mas cada experiência, como essa realizada em Bequimão, representa um aprendizado inclusive para a instituição. O diretor geral em exercício do Campus Maracanã, José Zenóbio de Souza, afirmou que diversos setores rurais têm recebido atenção do IFMA em programas de inclusão. “Nosso campus tem dado atenção à população rural, em programas como o Profic, Saberes da Terra, Procampo, Pronera, a especialização em Educação do Campo, Reforma Agrária e também o Curso de Educação Escolar Quilombola. O campus continua de portas abertas a outras parcerias com a Prefeitura de Bequimão e a iniciativas assim”, concluiu.
O Curso de Formação de Professores em Educação Escolar Quilombola iniciou em agosto de 2014, com duas turmas de 25 alunos. Somente um desistiu ao longo da capacitação. Também estiveram na solenidade de certificação o professor formador, Carlos Saraiva, a tutora Marlene Muniz, a supervisora do curso Auricélia Diniz e a pedagoga do Campus Maracanã, Domingas Cantanhede. Os cursistas receberam seus certificados, uma cópia do material didático que está sendo construído, para que seja testado nas comunidades, e uma revista com as diretrizes curriculares da educação étnico-racial.

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