quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Quilombolas de Bequimão recebem visita da secretária Estadual da Igualdade Racial

Sete comunidades quilombolas de Bequimão receberam a visita da secretária Estadual de Igualdade Racial, Claudett de Jesus Ribeiro, e da secretária Municipal de Cultura e Promoção da Igualdade Racial, Dinha Pinheiro, no sábado (05) e domingo (06). Nas rodas de conversa com os moradores dos quilombos, foi discutido o desenvolvimento das crianças quilombolas que têm de zero a três anos de idade.
As secretárias estiveram nas comunidades de Santa Rita, Rio Grande, Ariquipá, Ramal do Quindíua, Conceição, Mafra e Juraraitá, todas certificadas como remanescentes de quilombolas, com a proposta de sensibilizar os moradores sobre o jeito característico, nos quilombos, de cuidar das crianças. “Assim como na África, tudo aqui é coletivo. Então, toda a comunidade educa a criança e todas se criam juntas. Queremos que isso seja reforçado, como forma de manter a identidade dos negros quilombolas”, afirmou Claudett Ribeiro, no encerramento das visitas, no povoado Juraraitá.
Foi com a participação constante da família e o apoio dos vizinhos que Eunice Cruz Pinheiro, 24 anos, deu luz ao filho Renan Cruz Pinheiro, hoje com 4 anos. Ela fez todo o pré-natal no hospital do município, mas no dia do parto estava chovendo muito forte e a ambulância não conseguiu chegar até sua casa, que fica após um rio. A solução foi realizar o parto em casa, tendo como parteira a própria avó.
“Aqui, na comunidade, a gente acha até melhor ter o filho em casa, por que a gente recebe o cuidado da família. Além disso, todo mundo dá apoio, pode ser de qualquer pessoa, de um professor ou parente, que aconselham”, contou a jovem mãe quilombola.
As experiências dos moradores dos quilombos sustentavam suas opiniões quando foram convidados a comentar e votar sobre aspectos importantes ao desenvolvimento infantil. Os questionamentos envolviam a necessidade de consultas ao pediatra, cuidados com alimentação, amamentação, brincadeiras e passeios, estabelecimento de limites desde cedo, bons exemplos dos pais, dentre outros.
A partir das respostas, Claudett Ribeiro comparou as relações familiares nos quilombos com as existentes nas grandes cidades. Em sua opinião, os quilombolas amam e respeitam suas avós, enquanto nas cidades nem as mães têm mais tempo de cuidar dos filhos.
Propostas – Com essa ação nas comunidades quilombolas, a Secretaria Estadual da Igualdade Racial (SEIR) e a Secretaria Municipal de Cultura e Promoção da Igualdade Racial de Bequimão querem preservar esses valores, que fazem parte da identidade negra quilombola. “As comunidades quilombolas têm saberes imensos que precisam ser divulgados e respeitados. É assim que acontece a luta negra, contra o profundo racismo que é entranhado na história do Brasil e do Maranhão”, frisou Claudett Ribeiro.
Dinha Pinheiro comprometeu-se a manter atividades culturais e de educação nas comunidades quilombolas do município. Ela aproveitou para lembrar os esforços da Prefeitura de Bequimão em busca do reconhecimento das terras remanescentes de quilombo do município; 10 já foram certificadas. “Depois deste momento de visita, vamos planejar outras ações para garantir mais cuidados com as crianças quilombolas de Bequimão”, garantiu a secretária.
Em cada comunidade, a visita foi encerrada com música. Primeiro, os moradores cantavam para os visitantes e, em seguida, vinha a retribuição, pelo canto de Gisele Padilha, que acompanhou as atividades. A cantora e membro da equipe da SEIR cantou música sobre Zumbi dos Palmares, desmistificando a relação que se faz, em algumas localidades, entre zumbi e os mortos. “Zumbi é o herói, por conta dos Palmares. Ele nos lembra das lutas que travamos todo dia e toda a hora para vencer”, destacou Gisele.

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