A Copa perdeu o
seu brilho com o episódio brutal em que Zúñiga atingiu o Neymar provocando a
fratura de sua terceira vértebra lombar. Fica no ar se foi intencional ou
apenas resultado de um desses confrontos tão comuns do futebol, que, sem
parecer, é um esporte violento.
É verdade que a
coluna de um ídolo, craque de 22 anos, é muito diferente da coluna de um homem
velho na marca dos 80. Eu tenho a coincidência de ter sofrido uma queda e
batido com a cabeça, fui para lá e para cá e caí sentado. Foi uma dor
dilacerante e minha impressão foi que tinha quebrado a coluna. Em meio ao
sofrimento, tentei movimentar os pés para saber se não tinha atingido a medula
e consegui. Tive a certeza de que não estava paralítico. A dor e o sangue –
tinha quebrado a cabeça – sem estancar aumentavam minha angústia. Calculo o que
o Neymar não sentiu e deve estar sentindo. Aí foi o meu calvário de na
madrugada buscar uma emergência no hospital mais próximo. Um pronto socorro
onde todos os doentes estão com lesões recentes cria um clima de que a vida
está indo embora. É um corre-corre e gemidos e gritos de dor para todo lado. Eu
fui jogado numa enfermaria com outro doente que estava com o braço quebrado com
fratura exposta.
Fiquei numa cama e
logo me aplicaram uma injeção na veia para dor, o que me fez suportar melhor o
dilacerante incômodo. Esperei suturarem minha cabeça com 18 pontos para depois
ir para a sala de imagens, quando me submeti a tomografia. No primeiro momento,
porque nas costas havia um grande hematoma, não detectaram fratura. Mas a dor e
a impossibilidade de movimentar-me continuavam. A única posição em que
suportava estar era deitado e imóvel. Com uma certa curvatura no corpo, meio de
lado, sentia-me melhor um pouco.
O que vem depois é
o pior. Foram algumas semanas imóvel na cama e depois fui para São Paulo, onde,
com três semanas, uma fratura já era bem visível, e o médico logo me
tranquilizou que era estável. Meteu-me num colete que não podia tirar durante
24 horas, com talas de aço. Ter de dormir com ele foi um sacrifício que só o
tempo e a necessidade fizeram suportar.
Foram três meses
com esse colete e analgésicos fortes tomados a cada quatro e oito horas,
conjugados. A verdade é que até hoje, passados dois anos, ainda sinto dores.
Assim, minha solidarie-dade ao Neymar é maior porque sei o que está sofrendo. A
minha experiência recomenda que ele use eletroestimulação (TENS) para melhor
analgesia.
Este brutamontes
do Zúñiga tirou da Copa um dos maiores craques de todos os tempos, deixando uma
enorme dor de cabeça para o Felipão, e para essa não tem analgésico.
Vai
nos fazer uma imensa falta, mas isso não diminui nossa esperança de sermos
campeões e sonharmos com Neymar, esse menino bom e genial, levantando conosco a
taça que ele ganhou com sua vértebra.
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