sábado, 14 de abril de 2018

Corrupção e morte de médico assombram o governo Flávio Dino

Preso em novembro sob a acusação de ser o chefe de um esquema que desviou R$ 18 milhões da saúde, Mariano de Castro foi encontrado morto, após divulgação de carta em que acusa comunistas
Médico Mariano de Castro denunciou a cúpula do governo Flávio Dino
Médico Mariano de Castro denunciou a cúpula do governo Flávio Dino (Foto: Arquivo)
A morte do médico Mariano de Castro Silva, apontado como um dos cabeças do esquema de desvio de recursos públicos na Saúde do Maranhão – desbaratada em novembro de 2017 pela Polícia Federal - põe de volta o núcleo duro do governo Flávio Dino (PCdoB) no centro do escândalo, que desviou R$ 18 milhões.
Mariano foi encontrado morto em seu apartamento, em Teresina (PI), quatro dias após uma carta atribuída a ele ter sido divulgada pela primeira vez em blogs, com acusações diretas ao próprio Flávio Dino e a alguns dos seus secretários mais próximos.
A carta manuscrita, publicada em primeira mão no blog de Neto Ferreira, no início da semana, revela que, tanto Flávio Dino quanto os seus auxiliares diretos - como o ex-chefe da Casa Civil, Marcelo Tavares, o titular da Articulação Política, Márcio Jerry, e o secretário Carlos Eduardo Lula -, sabiam do esquema operado na Saúde. E utilizavam o médico também para pagamentos de questões de interesses do alto escalão do governo.
A peça, de 11 páginas, cita também a ex-adjunta Rosângela Curado como a verdadeira cabeça do esquema de corrupção operado na Saúde – e desbaratado em novembro durante a operação Pegadores, da Polícia Federal.
Frieza
Ainda no início da noite de quinta-feira, 12, O Estado entrou em contato com Márcio Jerry – já desincompatibilizado do cargo para disputar as eleições – para que ele comentasse sobre as acusações de Mariano de Castro. Jerry optou por falar apenas no que se refere à acusação de que, por ordem do Palácio dos Leões, o operador do esquema pagou caixão e traslado de um membro do PCdoB.
“Nenhum dirigente nacional do PCdoB faleceu aqui ou faleceu fora e para aqui foi trasladado”, respondeu Jerry. Eram 19h45 da quinta-feira. Às 22h35, O Estado volta a contatá-lo, alarmado:
- Rapaz, o cara se matou!
- lamentável, tristeza, caso triste – respondeu Jerry, lacônico.
A frieza em relação a Mariano de Castro marcou também todo o período em que ele esteve preso, em Pedrinhas, e, depois, em prisão domiciliar na capital piauiense. Tanto que, na época da Operação Pegadores, uma nota oficial da Secretaria de Saúde tentava, em letra seca, se desvencilhar de envolvimento com os servidores presos.
“Apenas um servidor, citado no processo, está atualmente no quadro da Secretaria e será exonerado imediatamente. Todos os demais já haviam sido exonerados”, dizia a nota, de 17 de novembro de 2017.
O tom da mesma pasta na nota divulgada após a morte do médico mudou completamente. Dessa vez, há até um tom de indignação com a operação da Polícia Federal.
“A Secretaria lamenta que o médico Mariano de Castro e Silva seja mais uma vítima do período absolutamente autoritário que vive o Brasil, com restrição de direitos, presunção de culpa e ofensa a preceitos fundamentais da nossa constituição”, diz a nova nota, da quinta-feira, 12.
A mudança de tom no governo comunista revela a gravidade da situação, com um escândalo de corrupção envolvendo altos escalões do Palácio dos Leões – incluindo o próprio governador – e uma morte, de uma forma ou de outra, relacionada a este escândalo.
QUEM SÃO OS ACUSADOS NA CARTA?
Flávio Dino: Com relação ao governador, o que se vê na carta supostamente escrita por Mariano de Castro é uma pressão para que sua culpa seja compartilhada. E ele ameaça.
“Conversar com Rafael e Thiago… Para Pinto e Tema ir a Lula e Flávio Dino… A culpa não pode ficar só comigo…”, diz o trecho relativo ao comunista.
“Paguei R$ 11 mil reais para urna e translado um corpo de São Luís para outro estado… transferi da minha conta para funerária foi replicado”, diz trecho da carta.
Marcelo Tavares: Num dos trechos, aparece o nome do ex-chefe da Casa Civil, Marcelo Tavares, mostrando irritação com a obrigatoriedade de assumir despesas do auxiliar de Dino.
“exames até para familiar de Marcelo Tavares”, diz o documento atribuído a Mariano de Castro.
Carlos Lula: Os trechos referentes ao secretário de Saúde são os mesmos relacionados a Flávio Dino, e trata de pressão para que assumam a culpa do esquema.
Palácio dos Leões: em trecho da carta atribuída a Mariano Castro aparece a figura do Palácio. Sem citar nomes, ele diz que pagou pelo traslado de um corpo, por ordem do Palácio.

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