O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (MDB), foi preso na manhã desta quinta-feira (29). Agentes da Polícia Federal realiza desde as primeiras horas da manhã ações no prédio do governador e também no Palácio Guanabara, sede do governo fluminense, e no Palácio Laranjeiras, residência oficial, além da casa de Pezão em Piraí, no Vale do Paraíba, na região sul fluminense,
Há ainda mandados contra o ex-secretário de Obras do estado do Rio, Hudson Braga, e dois homens apontados como operadores de um complexo esquema de segurança. As operações começaram por volta das 6h da manhã envolvendo pelo menos três viaturas e helicópteros que sobrevoam a região.
Pezão é o terceiro governador do Rio de Janeiro preso e o primeiro em cumprimento do mandato. Os ex-governadores Anthony Garotinho e Sergio Cabral foram presos. Também foram detidos, anteriormente, o presidente da Assembleia Legislativa do Rio, Jorge Picciani (MDB) e vários parlamentares da Casa.
A operação é resultado de delação premiada de Carlos Miranda, apontado como o operador da quadrilha chefiada por Cabral. De acordo com Miranda, Pezão recebia ilegalmente uma mesada de R$ 150 mil quando era vice-governador e teria recebido dois prêmios no valor de R$ 1 milhão e um terceiro de R$ 300 mil para fazer obras em sua casa, em Barra do Piraí, no Sul Fluminense.
Citado – A prisão ocorreu dois dias após o depoimentos de caciques do MDB presos na Operação Cadeia Velha, em novembro de 2017, e também alvos da Operação Furna da Onça, deflagrada no último dia 8, à Polícia Federal. O governador foi citado pelo deputado Paulo Melo como tendo procurado os deputados presos na Furna da Onça para que eles indicassem cargos no governo do estado, principalmente no Detran.
A Furna da Onça investiga 10 deputados, um ex-secretário de Governo e outros servidores públicos suspeitos de transformar a Alerj em uma “Propinolândia”. Eles teriam montado uma rede de corrupção ligada ao ex-governador Sérgio Cabral, também do MDB, para lavagem de dinheiro e loteamento de cargos públicos e mão-de–obra terceirizada em órgãos da administração estadual.
Paulo Melo também admitiu que fez indicações, revelando o nome de Carla Adriana Pereira, então diretora de Registro do Detran, como uma delas. Presa na Furna da Onça, Carla Adriana é suspeita de ser uma das operadores do esquema. Paulo Melo e Edson Albertassi estão presos em Bangu e Jorge Picciani está em prisão domiciliar por causa da Cadeia Velha.
Furna da Onça – A Operação Furna da Orna surgiu de um desencadeamento da Cadeia Velha, quando foram presos Paulo Melo, Edson Albertassi e o então presidente da Alerj, Jorge Picciani. Eles também foram alvos da nova operação, juntamente com outros sete deputados: André Corrêa (DEM), Chiquinho da Mangueira (PSC), Coronel Jairo (MDB), Luiz Martins (PDT), Marcelo Simão (PP), Marcos Abrahao (Avante) e Marcus Vinícius “Neskau” (PTB).
Além deles, também foram presos o então secretário de Governo de Pezão Affonso Monnerat, O presidente do Detran, Leonardo Silva Jacob, e seu antecessor no cargo, Vinicius Farah, dentre vários assessores parlamentar e outros servidores públicos. Ao todo, foram 22 prisões. Picciani já cumpria prisão domiciliar por causa da Operação Cadeia Velha, assim como deputados Edson Albertassi e Paulo Melo já estavam presos em Bangu.
De acordo com Ministério Público Federal (MPF), o esquema mantido por eles movimentou R$ 54 milhões em pagamentos para que deputados votassem em projetos que beneficiassem o governo do estado na Alerj. Em troca, o Executivo cedia cargos, principalmente, no Detran.
Os deputados recebiam uma propina mensal (mensalinho) durante seu segundo mandato do governador Sérgio Cabral (2011- 014). A denúncia do MPF aponta que Chiquinho da Mangueira foi beneficiado com mais de R$ 3 milhões, Paulo Melo com R$ 900 mil por mês, Jorge Picciani R$ 400 mil, André Corrêa R$ 100 mil, Edson Albertassi, Luiz Martins e Marcos Abrahão R$ 80 mil e Coronel Jairo e Marcos Vinícios “Neskau” recebia R$ 50 mil e Marcelo Simão R$ 20 mil.
O nome da operação faz referência a uma sala de reuniões que fica perto do plenário da Alerj, onde os deputados, segundo as investigações, se reuniam para rápidas discussões antes das votações no plenário.
No último dia 12, o Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) transformou a prisão temporária dos deputados André Correa, Chiquinho da Mangueira, Coronel Jairo, Luiz Martins, Marcos Abrahão e Marcus Vinicius “Neskau” e do ex-secretário de Governo Affonso Monnerat em prisão preventiva.
Cadeia Velha – Deflagrada em novembro de 2017, a Operação Cadeia Velha levou três importantes membros da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) à prisão. Os principais alvos foram o então presidente da Alerj Jorge Picciani, o ex-presidente Paulo Melo e o então líder do governo Edson Albertassi. Todos são do MDB e faziam parte de uma quadrilha envolvendo o ex-governador Sérgio Cabral.
De acordo com o Ministério Público Federal os parlamentares comandavam um esquema de corrupção em que usavam sua influência para aprovar projetos na Alerj em favor de empresas de ônibus, através da Federação de Transportes Rodoviários do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor), e também de empreiteiras.
As investigações surgiram a partir da delação de Carlos Miranda, considerado o operador financeiro da organização criminosa chefiada por Cabral.
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