Reunidas no último sábado (10) no Quilombo Santa Tereza, zona rural do município de Bequimão (MA), mulheres camponesas organizadas no Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB). Cerca de 50 mulheres das Comunidades Quilombolas de Santa Tereza, Pericumã, Ariquipá, Marajá, Sibéria, entre outras, promoveram um grande encontro para discutir e trabalhar as questões relativas à organização política e ao fortalecimento do Movimento das Quebradeiras de Coco em Bequimão.
A pauta do encontro tratou da Política de Garantia de Preços Mínimos para aSociobiodiversidade - PGPM-Bio queatua como instrumento de subvenção direta, de modo que a produtora tenha garantido um valor mínimo, caso o preço de mercado esteja abaixo daquele estabelecido pelo Governo Federal. Vale destacar que a PGPM-Bio é o único instrumento direto destinado a auxiliar as cadeias produtivas do extrativismo. Os preços médios de mercado, praticados nos Estados produtores de amêndoa de babaçu em que há coleta realizada pela Conab (Ceará, Maranhão, Piauí e Tocantins) variaram de R$ 1,01/Kg (Ceará) a R$ 1,70/Kg (Piauí) no mês de junho de 2015. Dessa forma, verifica-se que os preços médios da amêndoa de Babaçu encontram-se abaixo do preço mínimo vigente para a safra 2015/2016, no valor de R$ 2,49/Kg, em todas as localidades em que há a coleta de preços por esta Companhia.
PROGRAMAÇÃO DO ENCONTRO
Como parte da programação, foram discutidas as questões produtivas, mercado local e políticas de inserção para as Quebradeiras. A inclusão do mesocarpo do babaçu na merenda escolar municipal e a aquisição da produção local são lutas travadas pelo Movimento.
“As Quebradeiras de coco buscam estar inseridas num processo de produção que possa lhes proporcionar melhores condições de vida”, afirmou a Srª Rosa (dirigente do MIQCB).
O prefeito Zé Martins (PMDB), que se fez presente nas discussões do Encontro, enfatizou as ações realizadas nas áreas de infraestrutura, educação e saúde para as Comunidades Quilombolas em Bequimão, e colocou-se a disposição para dialogar com o Movimento para estabelecer condições e políticas que concretizem as demandas discutidas no encontro. Zé Martins, ainda enfatizou seu compromisso com o fortalecimento da agricultura familiar e de promover projetos que contemplem os meios de produção e comercialização das Comunidades Rurais de Bequimão.
ENTRE OS PRINCIPAIS ENCAMINHAMENTOS DO ENCONTRO, DESTACAMOS:
Agenda de acompanhamento por parte do Movimento e das entidades parceiras;
Audiência com o gestor municipal para ampliar uma agenda positiva sobre a produção e inserção de produtos nos programas de compra local (PPA e PNAE).
O Encontro foi organizado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT/Pinheiro); Movimento dos Quilombolas da Baixada Ocidental Maranhense (Moquibom), e pelo Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB). E contou com o apoio do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Bequimão (STTR) e da Prefeitura Municipal de Bequimão (MA) para a realização deste primeiro encontro.
AS QUEBRADEIRAS E O MOVIMENTO INTERESTADUAL DAS QUEBRADEIRAS DE COCO (MIQCB)
A história das mulheres maranhenses se mistura com a do babaçu. Ali desde cedo elas aprendem um ofício que é passado de mãe para filha: o de quebradeira de coco. No Maranhão, cerca de trezentas mil pessoas vivem da extração do coco do babaçu, 90% são mulheres. As quebradeiras de coco utilizam o babaçu como fonte da sua manutenção familiar. Como consumo próprio as palhas cobrem casas, os talos fazem cercas, da palmeira morta usam o adubo, das amêndoas produzem o azeite e o leite para temperar os alimentos, da casca se faz carvão renovável e com o mesocarpo (amido) preparam mingaus, bolos... Na relação com o mercado elas comercializam as amêndoas largamente utilizadas pelas indústrias de óleos, margarinas, sabões, cosméticos, material de limpeza, diversos artesanatos produzidos da palha e do endocarpo, o mesocarpo tanto é usado como complemento alimentar como em produtos de cosméticos, a casca e o endocarpo são cobiçados pelas empresas para carvão e produção de energia limpa.
O MIQCB tem como missão “Organizar as quebradeiras de coco babaçu para conhecerem seus direitos, defenderem as palmeiras de babaçu, o meio ambiente e a melhoria das condições de vida nas regiões de extrativismo do babaçu”.
ESTIVERAM AINDA PRESENTES NAS DISCUSSÕES DO ENCONTRO:
Fabinho (CPT/Pinheiro), Pinininho (Moquibom), Agnaldo (presidente STTR), Zé Raimundo (ex-presidente STTR), Edmilson Pinheiro (SEMATUR), Sergio Rodrigo (Agente de Desenvolvimento Municipal) e Assessoras do MIQCB
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