sexta-feira, 12 de setembro de 2025

Instituto Viver: contratos milionários, denúncias de fraude e suspeitas de ligação com a campanha de Dino Penha em São Bento


O município de São Bento vive mais um escândalo político-financeiro que pode comprometer a credibilidade da atual gestão. O foco das denúncias é o Instituto Viver, entidade contratada pela prefeitura e que, segundo investigação do GAECO (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado), estaria envolvida em um esquema de megafraude milionária em contratos com diversas prefeituras maranhenses.

De acordo com informações divulgadas pelo portal Joerdson Rodrigues, o Instituto Viver é acusado de burlar licitações, desviar recursos públicos e financiar campanhas eleitorais. A situação ganha contornos ainda mais graves em São Bento, onde o prefeito Dino Penha (PL) firmou contratos expressivos com a entidade justamente em 2024, ano em que busca a reeleição.

Contratos sem transparência

Os documentos oficiais mostram que, somente em 2024, a Prefeitura de São Bento assinou três contratos com o Instituto Viver, totalizando R$ 23.540.064,00.

Contrato nº 57/2024 – R$ 3.604.944,00

Contrato nº 58/2024 – R$ 18.097.416,00

Contrato nº 59/2024 – R$ 1.837.704,00

Todos com prazo de 12 meses e voltados, em tese, para a “terceirização de serviços administrativos”.

O problema é que ninguém sabe quem são, onde estão lotados ou quais funções realmente desempenham os supostos funcionários contratados pelo instituto. A ausência de informações básicas sobre a execução dos serviços deixa uma sombra de dúvida sobre a destinação real desses valores milionários.

Para críticos da gestão, não se trata apenas de uma falha administrativa, mas de uma possível estratégia para alimentar a campanha de reeleição do prefeito Dino Penha. Afinal, o montante desembolsado coincide com o calendário eleitoral.

Estrutura incompatível com cifras milionárias

Outro dado alarmante vem do histórico do próprio Instituto Viver. Como revelou o site Domingos Costa, apesar de já ter recebido R$ 254 milhões de 26 prefeituras maranhenses, a instituição funciona em um endereço simples em São Luís: uma pequena sala comercial, totalmente incompatível com a dimensão dos contratos que administra.

Essa discrepância levanta questionamentos sobre a real capacidade operacional do instituto para cumprir serviços tão vultosos. Na prática, a entidade parece atuar muito mais como uma empresa de fachada para movimentação de recursos públicos do que como uma prestadora de serviços estruturada.

A ligação política

A coincidência entre os repasses milionários e o ano de reeleição de Dino Penha levanta suspeitas inevitáveis. A denúncia de que o Instituto Viver estaria envolvido em financiamento ilegal de campanhas eleitorais coloca a gestão de São Bento no centro das investigações.

Críticos apontam que o prefeito precisa dar respostas claras: por que contratar uma entidade sem estrutura compatível para gerir serviços que custam mais de R$ 23 milhões por ano? Quem são os beneficiários reais desses contratos? E qual foi o destino final do dinheiro?

Falta de transparência como regra

O mais grave é que não há relatórios públicos, registros de lotação ou comprovações de serviço prestado que justifiquem o pagamento milionário. A terceirização virou, em São Bento, um mecanismo obscuro que esconde nomes, funções e locais de trabalho de centenas de supostos servidores.

Na prática, a prefeitura paga, mas a população não vê os resultados. Isso cria um ambiente fértil para irregularidades como funcionários fantasmas, desvio de verbas e uso eleitoral do dinheiro público.

O que está em jogo

O caso do Instituto Viver expõe não apenas as fragilidades da gestão de Dino Penha, mas também um modelo de contratação recorrente em diversas cidades do Maranhão, em que entidades de fachada abocanham milhões dos cofres públicos sem entregar resultados concretos.

Com a denúncia formalizada no GAECO, caberá agora à Justiça e aos órgãos de controle aprofundar as investigações para esclarecer o destino dos recursos. Enquanto isso, cresce a pressão para que a Prefeitura de São Bento apresente provas de que os serviços contratados de fato foram prestados.

Conclusão

Os contratos do Instituto Viver em São Bento revelam muito mais que números: expõem uma rede de suspeitas que envolve fraude, falta de transparência, abuso do dinheiro público e possível uso político-eleitoral dos recursos.

Num município marcado por carências sociais, gastar R$ 23,5 milhões em terceirizações nebulosas é mais que um ato de má gestão — é um desrespeito ao cidadão que paga impostos e espera por serviços públicos de qualidade.

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