Sem
deixar de credibilizar certa razão ao chamamento de uma das matérias de uma das
revistas semanais brasileira, o fato é que “Black Blocs = mascarados vestidos
de preto” espalharam pânicos nas duas maiores cidades do país – São Paulo e Rio
de Janeiro, na semana passada, causando a destruição de lojas, agências
bancárias, viaturas oficiais da polícia, ônibus e órgãos públicos, além de
produzirem quebra-quebra em tudo que encontravam pela frente.
Armados
com coquetéis molotov, martelos, esferas de aço (lançadas contra a polícia) por
meio de estilingue, rojões-morteiros (reforçados com bolas de gude), gritavam
“não estudou, tem que estudar, para não virar polícia militar”.
O governo
afrouxou os protocolos relativos às manifestações, proibiu policiais militares
de utilizarem seus equipamentos (balas de borracha) em razão do receio do
julgamento da opinião pública, o que fez crescer a audácia de arruaceiros e
marginais que acabaram encurralando a polícia e invadiram o prédio do poder
legislativo carioca e impediu o direito constitucional das pessoas de ir e vir
às ruas, com temor de serem vitimados.
Ora, meus
senhores e senhoras, não se pode confundir democracia com anarquia, se a
polícia não pode desempenhar suas atividades e defender o estado democrático de
direito, para que polícia?
Evidentemente
aqui não falo dos excessos cometidos por alguns componentes da instituição em
algumas situações e aqui chamo a atenção para questionar: quais integrantes das
diversas atividades humanas não erram? Diariamente os meios de comunicação de
massa nos informam de erros de toda a ordem e nem por isso os demais
integrantes de uma instituição ou de uma atividade, são responsabilizados pelos
outros. Agora quando é a polícia, em geral todos generalizam.
Em todo o
mundo, os protocolos no que tange as manifestações são obrigatórios, exatamente
para propiciar a polícia organizar-se, preparar-se e defender as pessoas, assim
deveria funcionar no Brasil, como funciona em qualquer parte do mundo.
Na Europa
é inconcebível que democracias possam ser ameaçadas por grupos que impeça o ir
e vir das pessoas, pixem e invadam prédios públicos, promovam quebra-quebra de
agências bancárias, lojas, e destruam bens do patrimônio público, a pretexto de
qualquer tipo de reivindicação.
As
manifestações embora frequentes em países europeus possuem regras fixas
(solicitações antecipadas, identificação de lideranças, horários e locais onde
acontecerão e dependem da autorização de quem de direito). Se por ventura as
autoridades, inclusive a polícia estimarem que a manifestação constitua ameaça
grave a ordem pública ou que o aparato policial não está apto a garantir a
segurança, ela não é autorizada; não confundamos esta situação como um
desrespeito a constituição.
Onde está
o cumprimento da proibição do uso de máscaras nos movimentos? Falta autoridade
para fazer cumprir a determinação? Então para que proibiram?
Estamos
concordando com uma verdadeira inversão de valores, a polícia acuada,
desmotivada e temerosa de seus limites, tudo isso em razão de que alguns
gestores não quererem “ficar mal na fita”, querem posar de “bom moço”, afinal
aproximam-se mais uma vez as eleições.
Cassetetes,
tasers, balas de borracha, bombas de gás lacrimogênio fazem parte dos
equipamentos de policiais treinados para conter multidões, eliminá-los ou
proibi-los é o mesmo que um cidadão deixar a porta de sua casa aberta à noite
quando for dormir.
Esperar
que policiais recebam pedradas, sejam vitimados, sejam lesionados em
manifestações ou em qualquer atividade, por vândalos e criminosos que querem
apenas criar baderna, confusões e cometerem delitos; com ordens superiores
hierárquicas de que mantenham a calma e não revidem, sem sombra de dúvidas é
uma verdadeira inversão de valores.
É
necessário que as autoridades, principalmente aquelas que disparam ordens dos
gabinetes, cercadas e garantidas em suas integridades físicas em geral por
também policiais, não se esqueçam de que a lei da física é cristalina: para
cada ação em geral há uma reação.
Recuperar
urgentemente o poder e o moral da polícia em momento nenhum vai de encontro ao
estado democrático de direito, afinal de contas volto a enfatizar: democracia
não é anarquia.
Ten Cel
QOPM/PMMA Carlos Augusto Furtado Moreira
Especialista em Gestão Estratégica em Defesa Social
Pós-graduado em Superior de Polícia e Aperfeiçoamento de Oficiais
Licenciado em História e Bacharel em Direito
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