Uma série de contratos firmados entre a prefeitura de Pinheiro e a empresa ALLPRINT SERVIÇOS, voltados para a prestação de serviços gráficos, está sob os holofotes do blog Joerdson Rodrigues. Os documentos somam um valor expressivo de R$ 1.028.487,12 (um milhão vinte e oito mil quatrocentos e oitenta e sete reais e doze centavos) e, o que mais chama a atenção, é a velocidade e o volume dos pagamentos realizados em um curtíssimo espaço de tempo.
Em apenas três meses (entre 30 de julho e 9 de outubro), a ALLPRINT SERVICOS LTDA recebeu 73,48% dos contratos que corresponde a R$ 755.782,16 (setecentos e cinquenta e cinco mil setecentos e oitenta e dois reais e dezesseis centavos), o que representa mais de 73% do valor total previsto para ser gasto ao longo de 12 meses de vigência dos contratos.
A alta cifra e a agilidade na quitação de quase a totalidade dos contratos levantaram questionamentos sobre o real volume de material gráfico produzido e entregue à municipalidade neste período. Servidores de diversas secretarias de Pinheiro, consultados pelo blog, relataram não ter notado uma distribuição ou uso de material gráfico que justificasse um dispêndio dessa magnitude em tão poucos meses.
“O que intriga é que o valor pago em três meses deveria cobrir praticamente um ano de serviços, segundo o prazo de vigência. Isso sugere que a demanda por serviços gráficos foi extraordinariamente alta ou que o cronograma de pagamentos foi drasticamente acelerado”, pontua a análise do blog.
Em busca de esclarecimentos, o blog Joerdson Rodrigues tentou contato tanto com a prefeitura de Pinheiro quanto com o proprietário da empresa contratada, Raphael Abdalla Pires Leal.
Como tem sido a praxe em situações similares, a prefeitura não responde para prestar informações sobre o tema ou explicar a razão da celeridade incomum nos pagamentos.
O contato com o empresário, no entanto, seguiu um roteiro ainda mais incomum: Raphael Abdalla Pires Leal se identificou prontamente, mas, ao ser questionado por meio de uma lista de perguntas sobre os contratos de Pinheiro, apagou as mensagens do WhatsApp e bloqueou o contato do blog. Essa atitude, por si só, impede o exercício do contraditório e levanta ainda mais suspeitas sobre a transparência do processo.
A ALLPRINT SERVIÇOS não restringe sua atuação a Pinheiro. O levantamento do blog aponta que a empresa também tem contratos em diversos outros municípios maranhenses, incluindo Alto Alegre do Maranhão, Grajaú, Guimarães, Peri Mirim e Peritoró.
Somando os pagamentos efetuados por todas essas prefeituras, o total ultrapassa a marca de R$ 6 milhões. O blog anuncia que, em breve, trará uma série de matérias detalhando os valores e a natureza dos “serviços” prestados em cada um desses municípios, sugerindo que o caso de Pinheiro pode ser apenas uma parte de um quadro financeiro mais amplo.
O papel do jornalismo, neste momento, é iluminar a gestão do dinheiro público, questionando a proporcionalidade entre os valores empenhados, o tempo recorde de pagamento e a real necessidade e entrega dos serviços contratados.
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