A desigualdade social no Brasil não é novidade. Não teve
início ontem e, infelizmente, foi acentuada hoje, com a pandemia de Covid-19.
Quantas pessoas em nosso país não tinham fôlego financeiro nem para uma semana?
Quantas dessas pessoas precisavam sair de casa para trabalhar, todos os dias,
apenas para conseguir sobreviver àquele dia específico?
Quando falo em dicas de saúde que envolvem o descanso, o
momento de lazer, sei que falo para uma parcela da sociedade que tem o
privilégio de fazer isso. Uma outra parcela está sem saber o que fazer para
conseguir alimentar a família e evitar a contaminação pelo Coronavírus.
Sou médico e estou vivendo uma rotina exaustiva por estar
trabalhando na UTI exclusivamente Covid do Hospital Universitário, a proteção
que uso durante o atendimento, muitas vezes, machuca o meu rosto, bebendo mesmo
água do que deveria, mas ainda assim sei que sou um privilegiado. Privilegiado
por estar trabalhando, por saber que a minha família está em segurança, por ter
o que comer e por ter aonde dormir.
E mais do que enxergar os meus privilégios e o privilégio de
muitas outras pessoas ao meu redor, é preciso fazer algo a respeito. Claro que
tudo começa com a conscientização e com enxergarmos a desigualdade do nosso
país e do nosso estado. Após conseguirmos fazer isso, o próximo passo é
questionar a nós mesmos sobre o que podemos fazer para ajudar a diminuir esse
abismo social.
Não podemos mudar o ONTEM, mas podemos ajudar a ameninar o
HOJE e a encontrar soluções para que o AMANHÃ não seja tão cruel para tanta
gente.
Por: Joel Nunes Júnior
Médico cardiologista
Conselheiro do CRMMA
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