O artista plástico Fransoufer decidiu abrir as portas de sua residência para a visitação pública. Ele, que mora na fazenda Canaã, localizada no município de Bequimão, Baixada Maranhense, fez do espaço um verdadeiro museu a céu aberto. O acervo, que reúne mais de 250 esculturas e vem sendo construído desde a década de 1950, estará à disposição dos visitantes a partir de amanhã. A entrada é gratuita.
As peças, fixas, estão espalhadas no entorno da casa principal ou margeando açudes e o Rio Jaburu. São esculturas que retratam temas da cultura popular maranhense, como bumba meu boi; elementos da fauna e flora locais e personagens religiosos e místicos.
A maioria das esculturas são em tamanho natural, revestidas com a técnica mosaico, feita com azulejos recolhidos de demolição. Cada obra mede entre 1,60m a 4m de altura. Logo na entrada da Canaã, localizada no KM 30 da MA 106, quatro esculturas em tamanho natural saúdam os visitantes.
São mulheres que simbolizam as quatro estações do ano – primavera, verão, outono e inverno. “É impossível passar pela estrada e não observar as esculturas. Elas são feitas em concreto armado e revestidas com a técnica mosaico. Medem 1,60 cm e pesam cerca de 400 quilos”, destaca Fransoufer. No local, há uma fonte em concreto, com cinco personagens da mitologia grega – as ninfas das águas – alinhadas em um pedestal de 3m de altura.
O artista, que é natural do município de Bequimão, conta que nasceu na fazenda Canaã e que desde criança começou a espalhar pelo local obras de arte. “No começo, ainda criança, eram pequenas esculturas que fazia sem grandes pretensões. Depois vim morar em São Luís, mas há dois anos, com o falecimento de minha esposa, voltei definitivamente para a fazenda”, relembra ele, que foi casado com a professora Moema Alvim.
E foram nos últimos anos que ele se empenhou em organizar o espaço já com a finalidade de abrí-lo ao público. Fransoufer conta que durante este tempo pôde melhorar o espaço, colocando as esculturas em pedestais para dar mais visibilidade aos trabalhos.
Além das quatro estátuas que enfeitam a entrada da fazenda, no interior do local o visitante poderá ver uma representação da Santa Ceia, na qual Jesus e os apóstolos são colocados lado a lado. Cada uma mede cerca de 2 metros.
As nereidas, vindas da mitologia grega, também fazem parte do acervo da fazenda. São 40 estátuas, todas em tamanho natural e revestidas na técnica mosaico. “Por toda a fazenda estão espalhadas obras de arte que foram feitas durante boa parte de minha vida. E agora quero dividir com as pessoas, especialmente as da Baixada Maranhense”, destaca Fransoufer.
O artista já ministra aulas de arte para crianças e adolescentes de Bequimão e vizinhança. Ele explica que além dele, são estes alunos que desempenharão o papel de guia para quem desejar conhecer a fazenda.
Além das esculturas, Fransoufer montou uma exposição de caráter permanente com cerca de 300 telas de sua autoria. “São quadros que representam os meus 40 anos de carreira, trabalhos que mostram um pouco da minha trajetória”.
Além das esculturas, Fransoufer montou uma exposição de caráter permanente com cerca de 300 telas de sua autoria. “São quadros que representam os meus 40 anos de carreira, trabalhos que mostram um pouco da minha trajetória”.
Perfil
Artista intimamente ligado às suas raízes, Fransoufer conta que busca nas lembranças das estórias que a mãe contava, nas toadas das tecedeiras de redes, ladainhas e procissões, a inspiração para sua arte, que passa pela pintura, escultura e tapeçaria. Além de compor acervos de colecionadores, o artista tem trabalhos em instituições públicas, restaurantes e galerias de arte da capital.
A infância vivida em Bequimão e a proximidade com a cultura popular regional, como o bumba meu boi, tambor de crioula e de mina, forró de caixa, festejos do Divino e outras manifestações culturais de cunho religiosos e profano, dão suporte para suas criações.
Fransoufer viveu por longos anos entre o Brasil e a Europa. Aos 15 anos, fez sua primeira exposição artística intitulada “Tributo ao bumba meu boi”, em 1975. Depois, mudou-se para o Centro-Oeste do país, vivendo entre as cidades de Goiânia (GO), Brasília (DF) e Cuiabá (MT). Dos 15 aos 30 anos, morou em diferentes capitais brasileiras, nas quais realizou várias exposições artísticas.
Na década de 1990, o artista plástico participou de exposições em países como Portugal, França, Inglaterra, Itália, Espanha e Áustria. Morou em Londres, Inglaterra, que por mais de um ano expôs seu trabalho em galerias, museus e eventos artísticos. Em 2005, retornou ao Maranhão, morando em São Luís até 2013, transferindo-se definitivamente para o município de Bequimão, passando a viver na Fazenda Canaã, onde mantém seu ateliê.
O artista plástico e escultor conta que desenvolveu o gosto pela arte ainda criança, inspirado nas obras de Tarsila do Amaral, Portinari, Pablo Picasso e Di Cavalcanti.l
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