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Pinininho, líder da comunidade quilombola Conceição, fala das
lutas e legados do povo negro
“Se a gente lembrar as coisas difíceis que o negro passa… Como é
difícil um negro ter curso superior; como é difícil os outros reconhecerem a
igualdade. É por isso que a gente luta. É por isso que estamos aqui”,
desabafou, emocionado, o líder da comunidade quilombola Conceição, Francisco
Carlos, conhecido como Pinininho, durante o II Festival Quilombola de Bequimão,
que aconteceu sábado (04) e domingo (05). O evento foi promovido pela
Prefeitura Municipal de Bequimão, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e
Promoção da Igualdade Racial, com a presença de representantes da Secretaria
Estadual Extraordinária de Promoção da Igualdade Racial (SEIR).
A fala de Pinininho foi ouvida por moradores das onze
comunidades quilombolas que já foram certificadas e por gestores públicos
municipais e do governo do Estado. Ele destacou o anseio por um momento em que
os quilombolas pudessem se encontrar. “Nós fomos trazidos da África e podemos
mostrar para esse povo brasileiro que a gente é importante. As pessoas que
vieram da África deixaram de legado pra gente essa cultura tão bonita”, disse.
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O líder comunitário lembrou a herança que se materializa no
tambor de crioula, forró de caixa, nas religiões de matriz africana, nas
benzedeiras e parteiras. São manifestações que, em Bequimão, passaram a ter
mais apoio na administração do prefeito Zé Martins, primeiro do país a realizar
a Semana do Bebê Quilombola, evento que tornou mais forte a vontade de fazer um
festival que reunisse todas as comunidades remanescentes de quilombolas do
município.
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Fábio, do Moquibom e Pastoral da Terra, destacou a
necessidade de união
Durante os dois dias, cidadãos dos quilombos, líderes
comunitários e de movimentos sociais tiveram um espaço para dialogar com o poder
público, buscando políticas que pudessem favorecer as comunidades quilombolas.
Para o representante do Movimento Quilombola do Maranhão (Moquibom) e da
Pastoral da Terra, Fábio Silva, a luta é pela garantia de direitos que foram
negados historicamente aos descendentes de africanos.
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“Os negros foram trazidos e deixamos aí por uma abolição que não
existiu, porque não garantiu saúde, educação e, principalmente, o território
onde vivem, trabalham, exercem sua religiosidade. Por isso, precisamos estar
unidos, para buscarmos aquilo que nos foi negado”, frisou.
Presença do poder público nos
quilombos de Bequimão.
A vereadora Preta de Barbosa ressaltou as mudanças que já se
pode observar em Bequimão no que se refere ao tratamento que as comunidades
quilombolas recebem da Prefeitura Municipal. Esse trabalho também foi
reconhecido pelos representantes da SEIR. “Estou maravilhado com este festival,
assim como pude ver que os acessos das comunidades estão bons”, afirmou o
gestor de Assuntos de Quilombos da SEIR, Eduardo Filho, referindo-se ao
trabalho de recuperação das estradas vicinais em Bequimão. Ele estava acompanhado
da assessora de Assuntos Estratégicos, Iracema Amorim. Eles garantiram que a
secretaria encaminhará projetos às comunidades bequimãoenses e disseram que a
experiência bem sucedida do Bebê Quilombola será modelo para outros municípios
do Maranhão.
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Prefeito Zé Martins destacou que sua administração dá atenção
especial às comunidades quilombolas
A secretária de Cultura e
Promoção da Igualdade Racial, Dinha Pinheiro, disse que esses resultados são
fruto de muito trabalho e do apoio que a causa recebe da administração
municipal. Ao se pronunciar, o prefeito Zé Martins afirmou que as comunidades
quilombolas recebem uma atenção especial de sua gestão. “Temos os olhos
sensíveis a todas as comunidades de Bequimão, mas, em especial, para as
comunidades quilombolas. Em tudo o que eu consigo para Bequimão, está envolvida
alguma comunidade. Se tem estradas, lá tem comunidades quilombolas. Se consigo
escolas, lá tem para as comunidades quilombolas”, assegurou o prefeito.
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O festival
No primeiro dia do festival, dia 04 de julho, foi feita uma ação
social, com testes de glicemia, serviços de saúde bucal, aferição de pressão
arterial e vacina, além de uma festa. No domingo, dia 05, teve ainda encontro
das lideranças quilombolas, exibição de vídeos, rodada de conversa e
apresentações culturais das diversas comunidades.
Em
Bequimão, estão certificadas pela Fundação Palmares, como comunidades
remanescentes de quilombos, os povoados Santa Rita, Rio Grande, Ariquipá, Ramal
do Quindíua, Pericumã, Marajá, Conceição, Mafra, Sibéria, Juraraitá e, mais
recentemente, Sassuí.
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