Relatório da Abin aponta que cartéis mexicanos, combatidos em seu país, buscaram atuação no Brasil pelo alto consumo e trânsito de droga
Um relatório da Abin mostra que os dois principais cartéis mexicanos buscam expandir seus tentáculos para o Brasil. A Abin apontou pontos cruciais para o movimento: o “combate intensivo” ao crime organizado no México, que fez os cartéis focarem na exportação, e o fato de o Brasil representar “importante espaço de consumo de trânsito de drogas”.
A Abin apontou especial preocupação com os cartéis Sinaloa e Jalisco Nueva Generacíon (CJNG), formado a partir de uma dissidência do primeiro. Mostrando precisão, o relatório foi produzido na mesma época em que as duas organizações criminosas firmaram parceria com a facção Primeiro Comando da Capital (PCC) no Brasil.
Cartel mais violento de todos
A preocupação de o CJNG se instalar no Brasil chamou a atenção da Abin em especial por conta de uma característica do cartel. Ele é conhecido pelo uso extremo da violência contra rivais e forças de segurança. Foi dessa forma que expandiu sua influência da costa do Pacífico ao Golfo do México.
“Além de dedicar-se ao tráfico de drogas, [o CJNG] dedica-se também aos crimes de extorsão e sequestro, roubo de veículos e tráfico de armas (diversificação da economia criminal). Também se especializou em oferecer serviços de lavagem de dinheiro em paraísos fiscais para outras facções e até para grupos empresariais”, anotou a Abin.
No ano passado, a revista Veja mostrou que a embaixada do Brasil no México foi avisada, por autoridades locais, de que o PCC estabeleceu “conexões concretas” com o CJNG e o Sinaloa, cujo famoso chefe, “El Chapo” Guzmán, foi preso e condenado à prisão perpétua nos Estados Unidos.
Parceria com o PCC
O canal do PCC com os cartéis mexicanos foi estabelecido pelo traficante Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, braço direito do líder do PCC, Marco Wilians Herbas Camacho, o Marcola. E foram comunicados por autoridades mexicanas à Embaixada do Brasil em 2018.
Fuminho foi preso em Moçambique em 2020 e está detido no presídio de segurança máxima de Catanduvas (PR).
Até onde se sabe, os mexicanos ainda não estabeleceram base em território nacional. Os contatos com o PCC, contudo, podem pavimentar transações comerciais, parceria para lavagem de dinheiro e novas rotas para escoar drogas.
Prisão do filho de “El Chapo”
No começo do ano, violentos protestos ocorreram no estado de Sinaloa, no México, após a prisão de Ovidio Guzmán López, um dos filhos do narcotraficante El Chapo. O líder do Cartel de Sinaloa foi detido quatro dias antes da chegada do presidente americano, Joe Biden, ao México, para a Cúpula de Líderes da América do Norte.
O governo de Sinaloa afirmou que pelo menos 29 pessoas morreram, incluindo 10 militares e 19 de supostos integrantes dos grupos criminosos que promoveram os distúrbios violentos.
A prisão de Ovidio gerou bloqueios em diferentes estradas em Culiacán, capital do estado de Sinaloa, além de distúrbios em diferentes partes da cidade, veículos foram incendiados e há relatos de civis sendo retirados de seus carros por volta das 4h30 (horário local), o que paralisou a cidade.
Filho da segunda mulher de El Chapo, Ovidio herdou seu poder no cartel do irmão Edgar Guzmán Lopez. Desde 2012, os Estados Unidos o incluíram na lista de narcotraficantes internacionais, por desempenhar um papel significado nas atividades do pai.
Ovidio também liderava a facção Los Menores, ligada ao Cartel do Pacífico, gerador de violência em quatro estados e na região noroeste do país.
Por Metrópoles
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