Movido pelo sentimento
da emoção, recebo esta homenagem encarando-a não como merecimento, mas, sim,
como incentivo a minha conduta ao longo da vida.
Pelo período em que
tenho vivido aqui em São Luís, dediquei-me a esta linda cidade que me recebeu
de braços sempre abertos, conquistei o respeito de seus cidadãos, amealhei
muitos amigos e devo a isso, creio eu, o recebimento deste tão importante
título.
Ao nobre vereador
Ivaldo Rodrigues, autor da Mensagem, como aos demais parlamentares que a
ratificaram, muitos deles amigos queridos e companheiros de outras tantas
batalhas políticas, não poderia deixar de expressar o meu sentimento de
gratidão e dizer quão orgulhoso me sinto neste momento.
Minha certidão de
nascimento registra que nasci em Pinheiro. Mas tenho outras cidadanias que
recebi ao longo da vida como reconhecimento por dedicação e trabalho prestado a
elas. Pedro do Rosário, Presidente Sarney, São Bento, São Vicente Ferrer,
Esperantinópolis e Guimarães. Essas certidões me enchem de orgulho e são a
prova maior de que vale a pena ser político.
Esta Casa, que abriga
os legítimos representantes do povo, atravessa um momento em que a credibilidade
da classe política, no País como um todo, atinge o seu mais baixo patamar na
avaliação da sociedade brasileira.
Lembro do líder
africano Martin Luther King ao dizer: “O
que me assusta não é a violência de poucos, mas a omissão de muitos, não é o
grito dos maus, mas, sim, o silêncio dos bons”.
Essa onda de pessimismo
acaba inibindo o aparecimento das boas vozes que se levantam em favor da
sociedade e permitindo que seja abafada pelos oportunistas que teimam em ocupar
esses espaços vazios.
Muito embora não
pretenda retornar à atividade político partidária, penso que posso continuar a
desempenhar um importante trabalho sem a necessidade do mandato eletivo, e
vejo, aqui nesta Casa, exemplos de inúmeros parlamentares que nos orgulham e
ainda nos fazem compreender que ainda vale a pena ser
político. Sobretudo quando as idéias defendidas com sinceridade, coerência e
atitudes nobres, se transformam em algo concreto. E são reconhecidas pelos
eleitores que, no dia da eleição, saem de casa com o pensamento voltado para o
seu candidato a fim de depositar não somente o voto, mas ratificar a confiança
em seu representante.
Vossa
Excelência, vereador Ivaldo, é um desses exemplos.
Quero lhe
dizer, meu prezado vereador Ivaldo, que acompanho a atuação de Vossa Excelência
ao longo desses anos, sempre incansável na busca para levar benefícios e lutar
que melhoria da qualidade de vida de seus representados.
No que me toca, tenho a
consciência tranquila de que, enquanto tive assento no Plenário da Assembleia
Legislativa de meu estado, fiz a minha parte. Pelo menos tentei.
Fosse eu
classificar etapas de minha vida, a faria em quatro atos bem distintos:
A primeira
delas, a infância, vivida com muita intensidade nos verdes campos de Pinheiro.
Minhas recordações sempre me levam à Pinheiro. As palmatórias de Mundica Costa
nas aulas de tabuada, os cascudos de Padre Risso na formação da Procissão de
Santo Inácio de Loyola, nosso padroeiro, as aulas de matemática de Dona Nenem,
o gosto pela História encantado com as descrições da professora Terezinha
Leite, o conhecimento de Geografia incentivado por Maria Alice e tantos outros
mestres, que são, no fundo, os verdadeiros merecedores desta certidão que
carregarei comigo com muito orgulho. A eles dedico e com eles compartilho tão
importante título.
Assim como
a grande maioria dos que aqui se encontram, bem cedo tive que abandonar o
carinho da família em busca de conhecimento.
Olhando
para traz já consigo enxergar um rastro e tenho consciência que esse caminho
foi construído, foi moldado, nos ensinamentos que recebi ao longo da minha
formação.
De meu
saudoso pai, que se aqui estivesse estaria com os olhos marejados de emoção ao
ver o filho sendo reconhecido por esta Nobre Casa e receber esta honrosa
homenagem, procurei seguir os exemplos de correção, de seriedade e a vontade de
trabalhar.
De minha
mãe, esta jovem senhora no resplendor de seus quase 90 anos vividos com a
alegria contagiante e com uma energia de fazer inveja a qualquer um (Bete,
minha mulher, diz que fica cansada só de vê-la trabalhar...), aprendi a
valorizar os aspectos positivos de qualquer situação, herdei o otimismo e a
alegria de viver.
Mais tarde,
li de Mario Quintana, que:
“A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê, já se passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado.
Se me fosse dado, um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando, pelo caminho, a casca dourada e inútil das horas.
Desta forma, eu digo:
Não deixe de fazer algo que gosta, devido à falta de tempo,
pois a única falta que terá,
será desse tempo que infelizmente não voltará mais.”
Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê, já se passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado.
Se me fosse dado, um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando, pelo caminho, a casca dourada e inútil das horas.
Desta forma, eu digo:
Não deixe de fazer algo que gosta, devido à falta de tempo,
pois a única falta que terá,
será desse tempo que infelizmente não voltará mais.”
De meu
querido avô Chico Leite assimilei duas máximas: O que há de ser feito que seja já! Nem sempre se faz aquilo que gosta,
mas é fundamental gostar do que se faz”.
Na segunda
etapa de minha vida, os ventos do destino me conduziram aos quatorze anos a
Brasília. Singrei o leito do Pericumã ao sabor de suas águas, vi ao largo as
luzes de Guimarães, ultrapassei a Pedra de Itacolomy, venci os banzeiros do
Boqueirão e desembarquei na rampa Campos Melo com destino a Brasília. Sem ter
feito nenhum estágio civilizatório aqui em São Luís, vivenciei o início da
consolidação da capital Federal. Tive o privilégio de ter como professores,
Darcy Ribeiro, Cesar Lates, Celso Furtado, Urbano Ernest Stumpf, dentre tantos
grandes expoentes do conhecimento nacional.
Eles
fizeram a minha cabeça e alicerçaram meu sonho de me tornar engenheiro.
O terceiro
momento, já como engenheiro mecânico, lancei-me ao mercado de trabalho em São
Paulo e mais tarde, guiado pelas mãos de Deus, cheguei a Recife onde fui
aquinhoado com um tesouro. Encontrei
Bete, a mulher dos meus sonhos e da minha vida que me apoia e me afaga ao longo
destes quase 40 anos.
De Recife a
Belo Horizonte. De Belo Horizonte ao Rio de Janeiro. Sempre em busca de novas
oportunidades e novos ensinamentos. Os meus filhos Júlia e Bruno, nascidos no
Rio, têm sido, a partir daí uma razão a mais para viver.
12 anos
depois, ao primeiro convite para retornar a terra natal, relembrei-me de
Gonçalves Dias...
“Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.”
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.”
Não hesitei. Nossas raízes são muito fortes.
Tenho um amigo que dizia que “a gente sai
de Pinheiro, mas Pinheiro não sai da gente...”
Atendendo
ao chamado de meu amigo Fernando Sarney, em 1986 vim compor sua equipe gestora
à frente da Cemar. Desde essa época finquei minhas raízes na Ilha do Amor e a
escolhi para viver. Graças a esse honroso convite, pude criar os meus filhos
num ambiente tranquilo, numa cidade pacata e consolidar minhas amizades
cultivadas com carinho. Comecei a conhecer melhor a nossa realidade. As visitas
ao Interior do Estado atiçaram o meu coração e me fizeram ver que precisava
fazer algo para mudar essa realidade. Um sonho! Fechava os olhos e surgia na
minha mente um manto dourado com um horizonte infinito. Eram as flores amarelas
flutuando sobre águas do Pericumã.
Com um
simples control Z, minha mente buscava as imagens das conversas na casa de meu
avô Chico Leite. Já naquele tempo, ele me permitia escutar conversa de gente
grande... Cresci ouvindo conversas de Antenor Abreu, Orlando Leite, José
Sarney, Alexandre Costa, meu tio Jurandy Leite, Dedeco, Afonso e Maneco Paiva,
João Moreira, Zé Grande e Gereba, entre tantos.
Quando me decidi a
concorrer ao cargo de prefeito de minha cidade, lembro os comentários de
amigos, alguns dos quais se encontram aqui presentes, também nascidos no
Interior do Maranhão e que tiveram a oportunidade de sair em busca do
conhecimento.
Um me dizia: Vais largar tudo isso para te meter numa
campanha a prefeito de Pinheiro? Te invejo dizia o outro!
Tentei! Não me
arrependo! Fiz a minha parte! Enfrentei as dificuldades das campanhas feitas
com a inocência dos propósitos e que muitas vezes foram vencidas pelas
espertezas das práticas políticas costumeiras. Aprendi muito. Cresci.
Os mandatos
de deputado, o convívio com políticos experientes, a participação no Governo
Roseana com a implantação das Gerências Regionais, enfim, a passagem pela vida
pública só me fez crescer enquanto gente.
Os
trabalhos de reestruturação da Aliança Francesa, a criação da Casa França
Maranhão culminando com a restauração do Casarão da Rua do Giz, me credenciaram
ao honroso convite para ser o Cônsul Honorário da França em São Luís.
O amor
pelas artes (incentivado na pequena infância pelo saudoso Frei José Precioza),
o gosto pela leitura e pela escrita (graças à dedicação de Dona Cici, nossa
professora de Português) acabaram por moldar a minha formação e mais tarde me
conduzir à Academia Pinheirense de Letras e ao Instituto Histórico e Geográfico
do Maranhão.
A dedicação
às causas da gente da minha terra me permitiu também receber a Medalha do
Mérito Inácio Pinheiro, a Ordem dos Timbiras no grau de Comendador, a Medalha
do Mérito legislativo Manoel Beckman e a Medalha do Mérito legislativo Simão
Estácio de Sá considerada a maior honraria do Legislativo ludovicense. Todas
elas, carrego não só no peito, mas, sempre em meu coração.
Sei que já
caminhei bastante, mas sempre olho para frente e mais trilhas ainda hei de
percorrer.
Finalizo,
estimado vereador Ivaldo, agradecendo aos amigos que, sempre ao meu lado, me
incentivam a continuar caminhando, sempre com os olhos focados no futuro. E
concluo relembrando as palavras do poeta António Machado:
“Caminhante, são teus rastos o
caminho, e nada mais;
caminhante, não há caminho, faz-se caminho ao andar.
Ao andar faz-se o caminho, e ao olhar-se para trás
vê-se a senda que jamais se há de voltar a pisar.
Caminhante, não há caminho, somente sulcos no mar”.
caminhante, não há caminho, faz-se caminho ao andar.
Ao andar faz-se o caminho, e ao olhar-se para trás
vê-se a senda que jamais se há de voltar a pisar.
Caminhante, não há caminho, somente sulcos no mar”.
José
Jorge Leite Soares
Ex-Deputado Estadual,
Membro da Academia Pinheirense de Letras,
do
Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão e
Cônsul Honorário da França em São Luís.
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