“Fazer uma revolução democrática burguesa, com 300 anos de defasagem. Ou seja, garantir o cumprimento da lei, dos contratos, incentivar os investidores privados. Novas formas de organização do Estado que contemplem a participação popular, mas que permitam também o desenvolvimento daqueles que querem empreender, investir, que venham para o Maranhão, acreditem no nosso porto, na nossa infraestrutura. Qualificar os recursos humanos. Desenvolver o Maranhão como o PC do B defende desenvolver o Brasil, de modo soberano, independente, com ciência, tecnologia. Não há incoerência entre aquilo que vamos fazer no Maranhão e aquilo que o meu partido acredita.”
As palavras acima é uma resposta dada por Flávio Dino, então recém-governador eleito do Maranhão, a um longa entrevista ao site da Folha de São Paulo, em novembro de 2014.
A pergunta era se o comunista iria implantar o capitalismo no Maranhão.
Passados dois anos da entrevista (reveja aqui) não há sinais nem de longe de que o Maranhão vive uma “revolução democrática burguesa”. Pelo contrário: há uma certa vergonha no trato com o capital privado que beira o preconceito.
É como se as convicções ideológicas do governador fossem mais fortes que a sua vontade fazer a tal revolução prometida ao jornalista da Folha.
Semanas atrás saiu num jornal de São Luis, que o Governo do Maranhão teria sido responsável pela quebra de mais de 9 mil empresas. O motivo oficial seria irregularidades fiscais das empresas junto à Fazenda Estadual que, aliás, com ajuda do Ministério Público, descadeou uma operação para apurar maracutaias fiscais que teriam lesados o Tesouro maranhense em milhões de reais.
O caso ficou conhecido na imprensa local como “Máfia da Sefaz” – entre empresas envolvidas estava o Grupo Mateus, mas nada passou de mero engano, tanto que o maior gerador de ICMS do estado Maranhão é agora o principal patrocinador do “Réveillon de Todos 2017”, do Governo do Estado.
Há tempos que o Blog do Robert Lobato defende essa ideia de implantar o capitalismo no Maranhão em postagens ao longo da sua existência desta página. Tanto que chegou a elogiar a declaração de Flávio Dino nesse sentido.
Contudo, infelizmente, o mundo real está longe do discurso do governador.
Um exemplo é o projeto que cria Zona de Exportação do Maranhão (ZEMA), de autoria do senador Roberto Rocha (PSB) que tem sido solenemente ignorado pelo governador maranhense. Aliás, o projeto chegou a ser apresentado pelo senador no Palácio dos Leões e sequer o chefe do executivo estadual teve ao menos a coragem ou gentiliza protocolar de fazer uma pergunta sequer ao final da apresentação do projeto.
Esse é só um exemplo do “compromisso” de Flávio Dino com a “revolução democrática burguesa” no Maranhão.
Não vou nem falar sobre outros empreendimentos que cruzam uma verdadeira via sacra burocrática em órgãos como Secretaria de Fazenda e a do Meio Ambiente para conseguir documentos diversos.
O fato é que lá se vai mais um ano de governo da “mudança” e nada da chegada do capitalismo tardio no nosso estado.
A não ser para alguns poucos novos ricos.
Mas isso é assunto para outra postagem.
No ano que vem.
Até lá.
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