Alguém já
disse que brincando revelamos o que verdadeiramente pensamos
sobre as coisas. Este mesmo dito tem um correspondente chulo sobre o qual me
omitirei.
O
deputado Estadual Fernando Furtado (PC do B), ao atacar a política indigenista
nacional, a Justiça Federal, o INCRA e seus dirigentes, ao chamar os índios de
vagabundos, disse, publicamente o que é o seu pensamento privado. Aquilo que no
dizer do clássico musical, nem as paredes se devia confessar.
Além da
vulgaridade de suas palavras – o que o destacou no cenário nacional –, chamou a
atenção o fato do deputado comunista ter ligado o “veadômetro” para reconhecer,
de longe, ao que parece, a opção sexual de alguns silvícolas. Incomodado com
suas roupas, seus adornos culturais, sentenciou: veado, veado, veado.
Demonstrando
um excessivo conhecimento do assunto – algo suspeito para quem está ido nos
anos –, asseverou não possuir qualquer dúvida sobre o que dizia, demonstrando
estranhamente ao fato de haver índios homossexuais, nas suas palavras, boiotas,
veados, veadinhos.
Como se
isso, o incomodasse em particular.
O
parlamentar, cobrado pelo partido, por entidades de defesa dos direitos humanos
e de algumas minorias, emitiu nota oficial onde pede desculpas a todos os
atingidos pelos ataques (exceto ao juiz federal e aos integrantes do PT)
asseverando que não teve a intenção de atacar ninguém, sendo suas palavras
fruto do “calor do momento”.
O nobre
representante do povo deve sentir muito calor, uma vez que tendo proferido os
ataques, segundo soube, ainda em julho, só agora, no beirar de outubro, se dá
conta da gravidade da fé professada.
Como hoje
tudo acontece aos olhos do mundo, ao tomar conhecimento do discurso calorento
do deputado maranhense, uma jornalista reconhecida nacionalmente, estranhou
que tal discurso tenha sido proferido por um parlamentar “esquerdista” e,
citando o ex-ministro Delfim Neto, estaria se convencendo que os conceitos de
esquerda e direita, no Brasil, seria apenas para delimitar o trânsito.
Confesso
estranhar o estranhamento da colunista.
No Brasil
e em diversos outros países do mundo a perseguição a homossexuais (indígenas ou
não) nunca respeitou bandeiras ideológicas. Aqui mesmo no Brasil somos
testemunhas disso. Os homossexuais sempre foram usados por muitos partidos
políticos, sobretudo os que se dizem de “esquerda”, por conveniência,
assim como diversas outras minorias, negros, mulheres, etc.
Se o
cidadão é homossexual mas reza a cartilha do partido está tudo bem, se não, não
passa de um veadinho, como disse o deputado Furtado.
Assim é
com todos os outros que discordam deles.
Se fazem
de bonzinhos, mas em privado e até publicamente, como se deu no caso do
deputado, revelam o que, efetivamente, pensam.
A tola
imprensa brasileira sempre embarcou na ideia de uma esquerda que apoia e
abomina os preconceitos de gênero, de raça, de situação sexual, apesar de todos
os exemplos que temos mostrando o contrário.
Passou em
brancas nuvens, por exemplo, a piada infame de Lula, que candidato à
presidência da República, sugeriu ao correligionário, prefeito de Pelotas, a
construção de uma rodovia ligando aquela cidade gaúcha à paulista Campinas.
Segundo ele a rodovia deveria chamar-se transviadônica, se não me falha a
memória.
Este fato
é antigo, dirão. Ainda assim, infame, idiota.
Tem mais.
Não faz muito tempo, a então candidata a prefeita pelo Partido dos
Trabalhadores – PT, Marta Suplicy, indagou, num programa eleitoral, sobre
a família do oponente Gilberto Kassab (hoje ministro do governo deste partido),
insinuando que o mesmo não teria esposa, filhos, em resumo, insinuava que o
mesmo seria homossexual, por conseguinte, não estaria apto a administrar uma
cidade.
Ora,
Marta não era apenas integrante de um partido que se dizia de esquerda, era
alguém que se firmou na vida pública como sexóloga e defensora das causas das
minorias. Aí, no interesse eleitoral, esquece tudo que pregou a vida inteira.
A
esquerda brasileira – talvez haja uma exceção ou outra –, nunca se dignou a
fazer uma critica as chamadas ditaduras do proletariado, regimes que sempre
reprimiram com “mão de ferro” as liberdades de suas populações, sobretudo, as
liberdades que dizem respeito a situação sexual do indivíduo.
Alguém
tem dúvida que a ditadura dos Castro em Cuba reprimiu – e ainda reprime – os
homossexuais e quaisquer outros cidadãos que ousem pensar diferente dos seus
dogmas?
Na
semi-ditadura venezuelana um dos motes do senhor Nicolás Maduro era chamar o
seu principal adversário na última campanha de “viadão”. Fez isso na
presença do ex-presidente Lula, que foi a lá ajudar na sua campanha, e de
tantos outros ditos esquerdistas brasileiros, os mesmos que levam a vida a
pagar p.. a ele e outros ditadores.
Outro por
quem os esquerdistas brasileiros parecem ter fetiche é pelo regime autoritário
e repressor da Rússia. Tão repressor que não permite, sequer, a realização
paradas gays ou de outros movimentos ligados à diversidade sexual.
E agem
pior, as autoridades fazem vistas grossas e/ou aquiescem com os criminosos que
torturam e até matam gays naquele país. Alguém ignora o tratamento dispensado
aos homossexuais na Rússia?
Nem se
fale no alinhamento que os esquerdistas comunistas fazem ao regime
norte-coreano onde o ditador de plantão manda matar e expurgar qualquer
adversário a troco de nada, até pelo fato de cochilar durante um evento.
O governo
brasileiro e os cidadãos que se dizem de esquerda defendem dialogo até com o
Estado Islâmico, aquele grupo que mata e estupra cristãos e quaisquer outros
que não professam sua fé e dispensa um tratamento todo especial aos que
suspeitam serem homossexuais, dentre os quais, atirá-los do alto de edifícios.
Não faz
um ano, em plena a Assembléia Geral da ONU, a própria presidente da República
defendeu que se dialogasse com eles. Talvez repita a façanha nos próximos dias.
As
palavras do deputado maranhense, indefensáveis sob qualquer aspecto, não soam
mais grave que o silêncio dispensado por seus colegas de partido e aliados
preferenciais dispensa aos homossexuais e outras minorias ao redor do mundo.
O
silêncio da vergonha.
A
indignação em relação os termos do deputado, por parte de muitos esquerdistas,
soam mais como uma despropositada hipocrisia.
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