segunda-feira, 5 de novembro de 2012

O Círio de Nazaré


Todos os caminhos, há 2.010 anos, levavam a Belém de

Judá.

Cumpriu-se aqui a maior de todas as profecias e em decorrência dela as
outras também se realizaram.
Os três reis magos: Baltazar, Belchior e Gaspar fizeram a 1ª
(primeira) romaria, para visitar o Salvador, Maria de Nazaré e José,
o carpinteiro,descendente da família de Davi. Aqui, mais outra profecia
se cumprira.
No Brasil, desde 1.793, todos os caminhos levam à Belém do
Pará, para a “Procissão do Círio de Nazaré”, a qual teve origem com
o pagamento de uma promessa, feita pelo Presidente da Província do
Pará, o Capitão-mor Dom Francisco de Souza Coutinho, por se recuperar de uma
enfermidade, a tempo de inaugurar em setembro de 1.793, a Primeira Exposição
Agrícola do Pará. Prometera ele, à Virgem Mãe, que levaria a imagem dela da Igreja
de Nazaré, até o Palácio do Governo e de lá, a retornaria em procissão, para a sua
Igreja, em 8 de setembro, daquele mesmo ano. O fidalgo português ganhou a graça
solicitada e pediu ao Povo do Pará, para ajudá-lo a pagar a promessa, tendo carregado
por todo o percurso da procissão, o círio aceso (a grande vela). Estava assim dando
origem ao nome deste grande cortejo religioso: “Procissão do Círio da Igreja de
Nazaré” popularizada como “O Círio de Nazaré”. A partir do ano de 1.901, este ato
religioso e de manifestação cristã, passou a acontecer no 2º domingo de outubro, creio
eu, que para ficar no mesmo dia de Nossa Senhora Aparecida, a Padroeira do Brasil
que, aliás, deveria ser chamada era de “Madroeira do Brasil”, haja vista que, sendo
mulher e mãe, ela é, é madre!
Eu já participei por três vezes destes festejos. A mais recente foi no ano passado.
Alguns fatos sempre chamam à atenção de “quem tem olhos para ver e ouvidos para
ouvir”: Quem “está na corda” a carregá-la, sem soltá-la, por uma quadra ou mais, ou
por todo o percurso, dependendo da promessa; está no suplício. É feroz a luta para não
largá-la. Em determinados trechos, o “pagador de promessa”, nem põe os pés no chão.
Eu vi, eu estava lá. E, em via de regra, deixa na corda, "o couro da palma da mão".
Os doadores de água, para quem está na procissão, e em especial para os
que estão na corda, “gemendo e chorando neste vale de lágrimas”, exercem uma
função vital. O que seria dos “pagadores de promessa da corda” se não houvessem os
destemidos doadores de água?.
O tamanho da procissão - Este ano, a procissão foi formada por dois
milhões de pessoas, de todo o Brasil, principalmente da região amazônica, inclusive
o Maranhão. Havia muitas pessoas de São Luís, São José de Ribamar, Pinheiro, São
Bento, Santa Helena e outras cidades. Vale dizer, que esta é a maior procissão católica
do mundo!
Os ex-votos: são indicativos do milagre, na cabeça dos fiéis, em procissão. Há
casa, barco, caminhão, animais de todos os tipos e partes do corpo humano, feitos de
vela, cerâmica ou madeira;
A chuva de pétalas de rosas, de todas as cores de todos os cheiros, que
perfumam naturalmente o ambiente. Com certeza, são muitas toneladas de rosas,
pelo tempo que "o canhão" permanece ativo, jogando as pétalas de rosas para o alto,
enquanto passa a "Berlinda de Maria". O perfume que as flores exalam, são sentidos

há mais de duas quadras da berlinda, nos quatro Pontos Cardeais. Como diria João do
Vale: “Só se vendo, pode crer”. É um espetáculo imperdível!
A majestade da “Mãe de Jesus” - Sentimo-la junto, dentro e fora. No coração,
na pele, a nos envolver e a nos "contaminar”, com a sua santidade! Se nos for permitido,
por ela, falar assim... A gente se sente santificado por contato. Ela nos toca. Nós a
sentimos por todos os órgãos dos sentidos. Há uma força divina que nos plenifica!
Todos cantavam ao nosso redor, na frente, atrás... Todos de olhar fixo na
berlinda onde ela se encontra. E da linha do horizonte, onde se vê o encontro do céu e
da terra, ouço vozes cantando comigo canções para Maria: “Oh! Virgem Mãe amorosa /
Fonte de Amor e de Fé / Daí nos a bênção bondosa / Senhora de Nazaré! (bis).
Outra: “Virgem de Nazaré, Mãe da Concórdia / Derrama sobre nós, Misericórdia!”.
Também: “Dai-nos à bênção, oh Mãe de Fé / Nossa Senhora de Nazaré!"
E entre nós pecadores caminham santos e santas, anjos, arcanjos e querubins
porque “Não sei se a Igreja subiu ou se o céu desceu / Só sei que está cheio de anjos de
Deus / porque o próprio Deus está aqui”! Esta afirmação é-nos cantada pelo Padre
Marcelo Rossi, ao vivo e em cores, na passarela em frente ao Banco da Amazônia.
A Procissão do Círio de Nazaré se torna o centro da terra, quiçá do universo!
Assim, o universo inteiro se faz presente no Círio de Nazaré, para rezando e cantando,
homenagear a Santa Mãe de Jesus.
Ao terminar, com o recolher da corda, ex-votos e bênção final, o show
pirotécnico fecha com chave de ouro a festa de Maria de Nazaré! São 17 minutos
aproximadamente de fogos coloridos que explodem no céu e descem formando chuva
de lágrimas coloridas, que se misturam a encher os nossos olhos de “coisas do céu”. Há
também as girândolas e cascatas ou quem sabe também há estrelas de verdade que “vêm
mais perto só pra ver” e explodir. Aumentando a beleza da festa de Maria!
Afinal, há mais de 200 bilhões de estrelas, na nossa galáxia, a Via Láctea, na
qual o Sol é o Astro Rei. Afirmam os cientistas, que há mais de 100 bilhões de galáxias,
como a nossa, no céu... Não faria falta nenhuma. E com certeza, méritos ela tem! Maria
Isabel, sua prima, já havia profetizado: “Bendita és tu entre as mulheres...”
No ano que vem, 2º domingo de outubro, eu estarei lá... Até porque, Belém do
Pará é mais perto do que Belém de Judá. E "A Senhora dos Trezentos Nomes” é
minha mãe, também!

José Agnaldo Pereira Mota
= PINHEIRENSE =

Membro Fundador da Academia Pinheirense
de Letras, Artes e Ciências – APLAC – Cadeira Nº 7

E-mail: 
agnaldomota@elo.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário