03 de Julho de 2019
O professor Rogério Teles, do Instituto Federal do Maranhão (IFMA), fez uma descoberta de uma nova espécie de planta durante suas férias na cidade de São Benedito do Rio Preto, em 2011.
O pesquisador é químico experiente, acostumado a estudar composições químicas e concentrações de substâncias e a reconhecer vegetais aromáticos por meio do cheiro. E foi exatamente o aroma agradável e abundantemente exalado pela planta que o fez suspeitar ser aquela uma espécie inédita.
Era bastante improvável, para um químico versado, ainda não ter se deparado com tal espécie aromática nativa, o que o fez desconfiar que se tratava de uma planta ainda não catalogada. Após as primeiras análises do óleo essencial da planta em laboratório, Teles se deparou com componentes majoritários comuns – o acetato de fenchila e o fenchol –, mas em concentrações bem singulares.
Ali, já tive quase certeza de que se traria de uma nova espécie. Não se tratava de composição comum para plantas aromáticas conhecidas, afirmou.
O professor buscou então parcerias para realizar estudos taxonômicos (de classificação das espécies) da planta. Segundo ele, foi difícil até mesmo obter o nome popular da espécie. Poucas pessoas da comunidade local costumavam nomear a plantinha, alguns moradores a chamavam de “melosa”, nome pelo qual ainda é mais conhecida,
Este ano, Rogério Teles, junto a um grupo de outros pesquisadores do IFMA e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e conseguiu comprovar que realmente se trata de planta ainda não catalogada, que agora recebeu o nome científico de Dizygostemon riparium (Plantaginaceae).
O estudo da taxonomia da “melosa”, com o título em inglês “Dizygostemon riparium (Plantaginaceae), a new species from Maranhão, NE Brazil”, foi aceito para publicação na revista Willdenowia, um dos principais periódicos científicos internacionais na área de biologia, mantido pelo Botanischer Garten und Botanisches Museum Berlin (Jardim Botânico de Berlim), na Alemanha.
A aprovação demonstra que a comunidade científica aceitou a descoberta, ou seja, se trata mesmo de uma espécie inédita. O artigo também foi assinado pelas professoras Kiany Sirley Brandão Cavalcante e Clenilma Marques Brandão, do IFMA, e pelos professores André Vito Scatigna, André Simões, Vinicius Souza e Gabriel Colletta, do Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal do Instituto de Biologia da Unicamp.
Rogério Teles e os outros cinco pesquisadores participaram, ao longo desses anos, das pesquisas que levaram à classificação da nova espécie. Todos foram igualmente responsáveis pela descoberta.
Foi um trabalho de intensa pesquisa para obter a classificação da planta. Anos de testes em laboratório, para desvendar toda a composição e fazer comparações com outras espécies. Não é um trabalho que pode ser realizado sozinho. É necessária a experiência de muitos cientistas, para realizar muitos estudos e fazer muitas pesquisas, contou.
O professor explica ainda que a identificação botânica da planta foi feita em associação ao Instituto de Ciências Biológicas da Unicamp, a partir de pesquisa de mestrado da professora Clenilma Marques Brandão, desenvolvida na universidade. “A professora foi a Campinas com o objetivo de estudar a espécie com o pesquisador André Scatigna, especialista na família Plantaginaceae”, disse o pesquisador.
Antes disso, os estudos em laboratório sobre a “melosa” já haviam rendido uma série de outras pesquisas ligadas principalmente ao uso de óleos e extratos químicos da planta. Em uma delas, foi possível verificar que o extrato da Dizygostemon riparium é capaz de matar as larvas do mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti.
Também está sendo desenvolvido um estudo de sazonalidade da espécie, para saber se há alguma alteração em sua composição química durante o ano. Os pesquisadores realizam ainda o cultivo de fungos endofíticos da planta (organismos que vivem no interior da espécie), para saber se eles são capazes de produzir as mesmas substâncias que a “melosa”. “São muitas as pesquisas sobre a ‘melosa’ desenvolvidas pelo IFMA”, afirmou Rogério Teles.
Para o professor, a Dizygostemon riparium tem cheiro similar ao pinho e se parece com a erva cidreira, só que cresce se espalhando como uma rama pela margem do Rio Preto. A planta fica submersa por um longo período do ano e só aparece quando as águas baixam de nível. Ela só pode ser vista e exalar seu cheiro, então, somente por seis meses durante um ano, o que faz aumentar ainda mais a coincidência da viagem de férias e a descoberta.
Realmente não podia imaginar que um dia descobriria uma nova espécie. Não é algo que se aguarde acontecer na vida, principalmente para um químico, comentou o Rogério Teles.
O pesquisador do IFMA, professor Rogério Teles, descobriu uma planta capaz de combater o mosquito Aedes aegypti: a melosa. A planta foi catalogada como Dizygostemon riparium (Plantaginaceae). O estudo da taxonomia da “melosa” foi aceito para publicação na revista Willdenowia, um dos principais periódicos científicos internacionais na área de biologia que demonstra a aceitação da descoberta pela comunidade científica. O artigo também foi assinado pelas professoras Kiany Cavalcante e Clenilma Brandão, do IFMA, e pelos professores André Scatigna, André Simões, Vinicius Souza e Gabriel Colletta, da Unicamp.
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