Da Coluna do Sarney
Em 1965, quando me tornei governador, já tinha o
programa de governo pronto. Ele fora objeto de debates, estudos, opções e
decisões. O Maranhão desintegrado, sem qualquer ligação terrestre com o
Tocantins e toda a fronteira oeste, o mesmo acontecendo com o Pará, a parte
leste, com o Piauí e Nordeste, e a parte sul, com Goiás e Bahia. A capital, São
Luís, totalmente isolada, cercada por cerca de 300 quilômetros de campos, sem
expressão econômica, e ligada apenas com o litoral por barcos à vela,
mercadejando pequenas porções de cereais, caças predatórias de aves, babaçu e
couros da Baixada.
A nossa bela e velha cidade estava mergulhada na
decadência, visitada mensalmente por dois navios do Lloyd e da Ita, com bondes
velhos, e sem energia. Uma única via de penetração com o interior da ilha:
uma estrada de terra, caminho de carroças e de três ou quatro caminhões “Ford
Bigode” que eram a novidade. Automóveis, somados os de praça e particulares,
não chegavam a 50. O orgulho era a vida intelectual, os grandes poetas e
escritores.
O estado era um corpo sem cabeça. Assim, São Luís
passava a ser parte importante do nosso projeto. Integrar o Maranhão: ligar com
o oeste (Tocantins) – e aí rasgamos a floresta e fizemos a Açailândia-Santa
Luzia -, asfaltar a São Luís-Teresina, abrir inúmeras estradas para o Sertão,
até Balsas. Na Baixada, de onde só se saía no inverno de boi-cavalo ou de
teco-teco, abri um distrito rodoviário em Pinheiro, e estradas para São Bento e
Alcântara, Bequimão, Santa Helena e fiz a travessia por ferry-boat.
Levei a energia de Boa Esperança a todo o interior
e em 1979 inaugurei, em São Bento, as linhas de transmissão rasgando todo o
Maranhão. Criava a Cohab, a Telma, a Codebam (Companhia de Desenvolvimento da
Baixada) e muitas outras. Em São Luís asfaltei todas as ruas, fiz a Ponte do
Caratatiua, a Ponte José Sarney (do São Francisco), a Barragem do Bacanga, o
Porto do Itaqui, as grandes avenidas.
A UFMA foi fundada, criei as faculdades de
Engenharia, Agricultura, Administração, Educação em Caxias, promovi as reformas
administrativas, criei a Televisão Educativa, as famosas Escolas João de Barro,
os postos médicos Sabiá, interiorizei o ensino médio, criando 54 ginásios
(Projeto Bandeirante) no interior, fiz a Barragem do Batatã e reformei a
estação do Batatã de tratamento de água, deixei planejado o estádio, inclusive
a localização, a adutora para buscar água no Itapecuru, reformei todas as redes
de distribuição de energia e de água em São Luís. A USAID (agência americana
instalada em Recife que ajudava os governos da área) e a Sudene, através do
superintendente Rubem Costa, me consideraram o melhor governador do Nordeste.
A geração de hoje não tem noção desta luta. A maior
de todas as vitórias foi mudar a mentalidade do Maranhão. É outra. Mas tudo
começou naquele tempo. Foi tão forte que deu um presidente da República, e o
Maranhão passou a ser um dos mais importantes estados do país. Muitos
maranhenses passaram a ser ministros de Estado e de tribunais superiores, o 16º
PIB dos estados brasileiros, na frente de Mato Grosso do Sul. Até hoje temos
dois ministros, Energia e Turismo, e muitos maranhenses em lugares de destaque
do país.
Muitos governadores que me sucederam continuaram o
Projeto do Novo Maranhão, outros fizeram péssimas administrações e caíram na
politicalha e na traição. Hoje o Maranhão é uma referência nacional de
progresso. Lobão fez um excelente trabalho na educação e em estradas. Hoje
ajuda o Maranhão com a refinaria da Petrobras, o Luz Para Todos e as usinas de
gás. Roseana – sorte minha – é excelente administradora e tem feito grandes
governos. Estabeleceu confiança no Maranhão. Hoje é o estado que mais atrai
investimentos no Brasil. Ela vai deixar todos os municípios ligados com
estradas asfaltadas. Já construiu 42 hospitais no interior e estão em
construção cinco grandes hospitais de referência. É a grande líder do estado.
Vamos em frente. Passado, presente e futuro, o
velho, o novo, o grande Maranhão
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