Dez comunidades do município de Bequimão, localizado a 54 km de
São Luís, foram mobilizadas para a 1ª Semana do Bebê Quilombola, que aconteceu
hoje 25 e vai até 30 de novembro. O Governo do Maranhão, por meio da Secretaria
Extraordinária de Igualdade Racial, Prefeitura Municipal de Bequimão, Unicef,
Fundação Josué Montello, Pampers e a empresa RGE uniram forças para levantar a
discussão sobre a prioridade do direito à sobrevivência e ao desenvolvimento de
crianças de zero até 6 anos de idade. A solenidade de abertura ocorreu na às
9h, na Câmara Municipal de Bequimão. Além do prefeito Zé Martins, compuseram a
mesa a secretaria Claudett Ribeiro, o representante da UNICEF, a representante da
Fundação Josué Montelo Dra. Carine, a Secretaria Municipal Dinha Pinheiro, a
Presidente da Câmara Municipal e Uma representante das Comunidades Quilombolas
do Municipio de Bequimão.
Os moradores das comunidades quilombolas ajudaram a elaborar a
programação da Semana. Foram eles que escolheram, em assembleia, o tema “O
Direito, a Sobrevivência e o Desenvolvimento da Criança Quilombola”, com o
intuito de destacar os cuidados que se deve ter com a criança logo na primeira
infância. As atividades serão realizadas, simultaneamente, nos povoados Santa
Rita, Rio Grande, Ariquipá, Ramal do Quindíua, Pericumã, Marajá, Conceição,
Mafra, Sibéria e Juraraitá, todas certificadas como remanescentes de
quilombolas.
Pioneira no Brasil, a Semana do Bebê Quilombola de Bequimão foi
construída de maneira participativa e colaborativa, para servir como modelo a
outros municípios do país. No começo do mês de outubro, a secretária Estadual
de Igualdade Racial, Claudett de Jesus Ribeiro, e a secretária Municipal de
Cultura e Promoção da Igualdade Racial, Dinha Pinheiro, promoveram rodas de
conversa em sete dessas comunidades.
Os moradores dos quilombos opinaram sobre aspectos importantes ao
desenvolvimento infantil, como a necessidade de consultas ao pediatra, cuidados
com alimentação, amamentação, brincadeiras e passeios, estabelecimento de
limites desde cedo, bons exemplos dos pais, dentre outros.
A partir das respostas, foram propostas ações que valorizam o
jeito característico, nos quilombos, de cuidar das crianças. “Assim como na
África, tudo aqui é coletivo. Então, toda a comunidade educa a criança e todas
se criam juntas. Queremos que isso seja reforçado, como forma de manter a
identidade dos negros quilombolas”, destacou Claudett Ribeiro.
Em seu discursos o prefeito Zé Martins agradeceu a governadora
Roseana, a secretária Claudett, aos parceiros UNICEF, à Fundação Josué Montelo,
a Pampperes e a RGE. Mas, fez uma referencia especial aos moradores e à lideranças
das comunidades envolvidas nesse grande projeto. Depois da abertura, todos se
dirigiram para a comunidade de Ariquipá, onde puderam ver de perto todas as
atividades que estão sendo desenvolvidos nas 10 comunidades.
Troca de experiências
Durante a Semana, serão partilhadas experiências que demonstram a
necessidade de preservar a cultura da população quilombola. Haverá momento para
se falar dos remédios, rezas e das crenças que vieram da África; para contação
de história sobre a infância dos avós; discussão a respeito das mulheres
guerreiras e da importância das crianças nos quilombos, além de conversas sobre
gravidez e parto.
Pontos de luz, como serão chamados os facilitadores, estimularão
histórias como a de Eunice Cruz Pinheiro, 24 anos, que deu luz ao filho Renan
Cruz Pinheiro, hoje com 4 anos. Ela fez todo o pré-natal no hospital do
município, mas no dia do parto estava chovendo muito forte e a ambulância não
conseguiu chegar até sua casa, que fica após um rio. A solução foi realizar o
parto em casa, tendo como parteira a própria avó. “Aqui, na comunidade, a gente
acha até melhor ter o filho em casa, por que a gente recebe o cuidado da
família. Além disso, todo mundo dá apoio, pode ser de qualquer pessoa, de um
professor ou parente, que aconselham”,contou a jovem mãe quilombola.
Esse conhecimento tradicional dialogará com políticas de
assistência e cuidados à primeira infância. Médicos, enfermeiros,
nutricionistas e agentes de saúde estarão nas comunidades prestando serviços de
vacinação, atendimento médico básico, orientação alimentar e de saúde bucal.
“Reconhecemos a importância dessas comunidades para a história e para a
construção do nosso município. Por isso, queremos oferecer todas as condições
para que a identidade dos quilombos seja preservada, ao mesmo tempo em que
ampliamos a assistência por meio das políticas públicas”, afirmou o prefeito
José Martins (PMDB).
Bequimão em números
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