segunda-feira, 3 de abril de 2023

Empreiteira teria sido usada para lavar mais de R$ 145 milhões em dois anos

 


Na maioria dos contratos, a JC Construção Imobiliária Ltda atuou com prestação de serviços de manutenção corretiva, sob demanda, da pavimentação e recapeamento asfáltico de vias públicas para atender as necessidades de 14 prefeituras.

Um dossiê contendo denúncias de corrupção enviado ao site Maranhão de Verdade por fonte anônima aponta uma empreiteira maranhense como pivô de um esquema que teria desviado dezenas de milhões de reais dos cofres das prefeituras na Grande São Luís e no interior do estado.

O material revela uma espécie de ‘lavanderia’ do dinheiro público existente na cidade maranhense de Colinas. É lá que, no papel, fica a J. C. Construção e Imobiliária Ltda, empresa de engenharia civil que mais recebeu R$ 145 milhões em dois anos atuando somente em 14 municípios, conforme o Sistema de Acompanhamento Eletrônico de Contratação Pública (SACOP) do Tribunal de Contas do Estado do Maranhão (TCE-MA).

Os documentos analisados apontam que a empresa é suspeita de atuar no mercado como ‘laranja’ e funcionando apenas para venda de notas fiscais falsas. “Cada pena que se puxa, vem uma galinha”, diz trechos do dossiê.

Nos últimos dois anos, a empreiteira movimentou mais de R$ 145 milhões em contratos com as prefeituras citadas. Na maioria dos contratos, a JC Construção Imobiliária Ltda atuou com prestação de serviços de manutenção corretiva, sob demanda, da pavimentação e recapeamento asfáltico de vias públicas para atender as necessidades dos municípios.

Em 2021, foram R$ 27.577.899,90, número que triplicou em 2022 onde a companhia faturou a bagatela de R$ 117.490.571,87. A soma dos dois anos de contratos é de R$ 145.068.471,77. Os valores, entretanto, podem ser bem maiores, pois tem casos – como em Arame – que alguns dos contratos não foram informados.

Levantamento realizado pela reportagem revela que na lista das prefeituras que contrataram a JC estão: Arame, Bacabal, Pinheiro, São João dos Patos, São Félix de Balsas, Pio XII, São José de Ribamar, Igarapé do Meio, Presidente Dutra, Formosa da Serra Negra, Capinzal do Norte, Passagem Franca, Sucupira do Norte e Tufilândia.

As denúncias apontam que a empresa não tem autorização da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) para explorar o transporte escolar e muito menos locação de veículos. A JC tem um capital social de R$ 3 milhões de reais e tem em seu quadro societário o empresário Jair Sousa.

Desde 2018, a firma presta serviços para órgãos públicos no interior. Pela quantidade de contratos firmados, o faturamento deve passar dos R$ 200 milhões. Além disso, o que chama a atenção é a capacidade técnica da companhia em atender a quantidade de demanda no interior, reforçando ainda mais a tese para o suposto esquema de lavagem de dinheiro.

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