O Ministério da Saúde lançou, no último dia 27, um Boletim Epidemiológico sinalizando o cenário brasileiro das lesões de motociclistas no trânsito entre 2011 e 2021. O levantamento aponta que o Maranhão tem a quarta maior taxa de mortalidade de usuários desse tipo de veículo. Não uso de capacete, direção sob o efeito de álcool, excesso de velocidade, alta aceleração, idade/inexperiência dos usuários, erros de frenagem, uso de drogas (que não o álcool, ou associadas), mudança de faixa ou condução em “ziguezague”, competição, direção agressiva e não se fazer visível são as principais causas dos acidentes fatais envolvendo pessoas que trafegam sobre duas rodas.
O lançamento do Boletim Epidemiológico aconteceu durante o webinário ‘Motociclistas Seguros, Desafio para a Saúde Pública’, realizado pelo Departamento de Análise Epidemiológica e Vigilância de Doenças não Transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente. O encontro online discutiu os desafios sobre a segurança dos motociclistas, além de ações da vigilância em saúde propostas como maneira de promover a troca de experiências no enfrentamento das lesões e mortalidade no trânsito.
De acordo com os dados apurados, a taxa de mortalidade de motociclistas no Maranhão no período pesquisado é de 11,2 óbitos para cada 10 mil habitantes, quase o dobro da média nacional, de 5,7. Só três estados apresentam texa de letalidade superior à do Maranhão: o vinho Piauí, que lidera a lista, com 17,6 mortes por seis mil habitantes, seguido por Mato Grosso (14,7) e Tocantins (13,8).
Internações hospitalares
Em relação às internações hospitalares motivadas por acidentes envolvendo motocicletas, a taxa maranhense é de 5,1 por 10 mil habitantes do estado. Nesse quesito, o Maranhão ocupa a 18ª posição no ranking nacional, com média inferior à nacional, de 6,1.
O número de mortes de motociclistas em lesões no trânsito apresentou estabilidade entre 2011 (11.485 óbitos) e 2021 (11.115 óbitos), assim como a taxa de mortalidade que, em 2011, foi de 5,8 e em 2021 ficou em 5,7 por 100 mil habitantes. Apesar disso, pode-se observar um aumento da taxa de internações no mesmo período, em 55%, considerando apenas a rede do SUS e conveniados. Em 2011, a taxa de internação de motociclistas foi de 3,9 e passou para 6,1 por 10 mil habitantes em 2021, com custo de R$ 167 milhões, apenas neste ano.
As lesões de trânsito são um importante problema de saúde pública global, configurando entre as dez principais causas de morte em países de baixa e média renda e a sexta causa de DALY – da sigla em inglês ‘Disability Adjusted Life Years’, que significa ‘anos de vida perdidos ajustados por incapacidade’. De acordo com o boletim publicado, no Brasil, em 2020, estas lesões foram responsáveis por mais de 190 mil internações nos hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS) e hospitais conveniados. Destas, mais de 61% eram de motociclistas.
Maria del Carmem Bisi Molina, diretora do Departamento de Análise Epidemiológica e Vigilância de Doenças não Transmissíveis, explica que o maior custo desses acidentes são as vidas que se perdem e os impactos que tais incidentes geram na rede de saúde. Esses acasos também geram impactos, segundo ela, na produção das pessoas e refletem na questão do empobrecimento das famílias. Em caso de morte, os custos recaem sobre a previdência social.
“Outro aspecto a ser considerado é o uso das motocicletas como meio de transporte para o trabalho ou como equipamento de trabalho, como nos serviços de entrega. Assim, diversos acidentes com motociclistas podem ser considerados acidentes de trabalho típicos”, acrescenta a diretora.
Reflexos no SUS
A morbidade e a mortalidade por lesões de trânsito, especialmente a de motociclistas, se caracterizam como um problema de múltiplas determinações e as intervenções para sua redução dependem de diversos atores dos sistemas econômicos e públicos.
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