domingo, 22 de abril de 2018

Exclusivo: PM diz que secretário de Segurança mandou envolver deputado e delegados no contrabando

Soldado Paiva, durante audiência com juiz federal. Na ocasião, o militar fez relatos bombásticos.
Soldado Paiva, durante audiência com juiz federal. Na ocasião, o militar fez relatos bombásticos.
Na tarde de segunda-feira (16), o soldado da Polícia Militar Fernando Paiva Moraes Júnior, 25 anos, preso no esquema de contrabando, levou ao conhecimento do juiz federal substituto, Luís Regis Bomfim Filho, da 1ª Vara Federal Criminal, uma bomba atômica que explodirá o sistema de segurança pública do Maranhão.
Durante oitiva, o policial fez relatos estarrecedores ao magistrado, conforme vídeo obtido com exclusividade pelo Blog do Neto Ferreira, sobre uma trama orquestrada pelo secretário de Segurança Pública do Maranhão, Jefferson Portela, para envolver um deputado estadual e outros dois delegados de Polícia Civil na organização criminosa especializada no contrabando de cigarros e descaminho de bebidas para São Luís.
Aos 02:52 do vídeo de quase 30 minutos, o militar relata que foi coagido pelo secretário para aceitar o acordo de delação premiada no Ministério Público Federal do Maranhão. Paiva, também, afirma aos 6 minutos do vídeo que Portela tentou colocar na cena do crime o deputado estadual Raimundo Cutrim (PCdoB) e os delegados Thiago Bardal e Ney Anderson Gaspar, sendo este genro da desembargadora Anildes Cruz.
“Ele queria o tempo todo que eu dissesse que o delegado Thiago Bardal estivesse dentro do sitio, ele queria que eu dissesse que o delegado Raimundo Cutrim, que é o atual deputado tivesse dentro do sitio também. Ele queria que eu falasse, por ele, eu podia contar a historia mais mirabolante que fosse mais envolvendo eles, entendeu, a historia mais convincente possível, mas inserindo essas pessoas. O delegado Ney Anderson que eu não conheço eu não conheço o deputado Raimundo Cutrim e também não conheço o delegado Bardal”.
Diante do juiz Luís Regis Bomfim Filho, a quem não homologou a delação, o militar se mostrou insatisfeito no acordo de colaboração e alegou que não poderia inserir pessoas que ele não conhece em um contexto de briga política.
O soldado Paiva disse que não foi ameaçado de morte, porém, foi forçado a escrever em uma folha de papel chamex que estava sofrendo ameaças, informação esta completamente diferente do que diz a nota dos procuradores da República no Maranhão (PR/MA), Juraci Guimarães Júnior, José Raimundo Leite Filho e Marcílio Nunes Medeiros (reveja) a qual alegou que o militar foi levado para o MPF por ser ameaçado. O militar diz que os procuradores ofereceram em troca da delação os benefícios do perdão judicial, requerer revogação da preventiva, deixar de oferecer denúncia a eventuais novos contextos e de propor ação de improbidade administrativa.
A reportagem procurou a Secretaria de Segurança e os procuradores da República para se manifestarem, mas não teve exito.

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