Da Coluna
do Sarney
Astolfo
Serra escreveu que o mapa do Maranhão era colorido: “As terras, de ouro; as
águas de nossos rios, de diamantes”. Essa visão dos intelectuais, cheios de
amor pelo Maranhão, construída com paixão pela cultura, lhe deu projeção e
glória. Porém, o outro lado da medalha estampava a amarga realidade do atraso.
Foi para acabar com isso que a nossa geração sonhou e juntou a cultura ao
desenvolvimento, binômio que iria fazer do Maranhão um dos estados brasileiros
de maior futuro.
Como
ponto de partida, tratamos da desintegração do Maranhão como estado e da
fragilidade de suas bases econômicas. Para integrar o estado, tínhamos que
traçar os eixos rodoviários para implantar moderna infraestrutura de transportes.
Logo
ficou evidente a necessidade da implantação de um sistema rodoviário
vocacionado a fortalecer a capital como cabeça econômica do estado. A Estrada
São Luís-Teresina, uma vez asfaltada, seria a espinha dorsal desse sistema. A
partir dela, em Peritoró, abriríamos novas estradas em demanda do sertão,
integrando São Luís às vastas terras dos altiplanos de Santo Antônio de Balsas
e Carolina. Esse eixo rodoviário, a partir de Presidente Dutra, tomava o rumo
do Oeste, permitindo a ligação com as cidades de Tuntum, Barra do Corda, Grajaú
e Porto Franco. Restava pensar na ligação com a Belém-Brasília. Isso exigia a
travessia da floresta situada entre Santa Luzia e a Região Tocantina. Por igual
motivo, projetamos a integração da Baixada à BR-135, com uma rodovia que,
partindo de Miranda, atingisse a região do Turi e servindo os municípios de
Arari, Vitória, Viana, Matinha, São Bento, Pinheiro e Santa Helena. Santa Inês,
que ainda era distrito de Pindaré-Mirim, por mim transformado em município,
seria também incorporado a esse sistema. O Maranhão não conhecia asfalto e
precisava entrar nessa era com urgência.
Na
Baixada maranhense, ainda predominavam, como meios de transporte, os
teco-tecos, pilotados pelos comandantes Gaudêncio e Diegues, pioneiros da
aviação na Amazônia, que pousavam em campinhos de futebol. No verão, as
ligações entre os núcleos urbanos eram feitas a cavalo e em carro de boi; no
inverno, usavam-se bois, cavalos e canoas.
Estávamos
na segunda metade do século XX e a Baixada desconhecia as estradas. Decidimos
instalar um Distrito em Pinheiro, com a finalidade de construir rodovias para
ligar os municípios daquela região entre si, e, através de ferry-boats, a São Luís.
Em
1960, candidato à Presidência da República, Jânio Quadros veio a São Luís e, no
Largo do Carmo, em discurso escrito por mim, afirmou: “Vamos fazer o Porto do
Itaqui, construir as BRs 22 e 21, para ligar, respectivamente, São Luís a
Teresina e o Pará ao Maranhão; implantar o Plano de Colonização da Sudene, a
fim de proporcionar fi-nanciamentos e preços mínimos ao arroz maranhense,
promover a expansão creditícia, apoiar a luta de emancipação dos lavradores e
estimular a vinda de navios ao Maranhão, para escoar os produtos derivados do
babaçu, que não têm como sair do Estado, sem esquecer os ferry-boats”. Eram
pontos que havíamos identificado como importantes para desencadear o processo
de desenvolvimento do Maranhão, os quais, mais tarde, foram detalhados e
executados.
Além
da infraestrutura logística, tornamos o planejamento mais abrangente nas áreas
de saúde, educação, comunicação, energia e agricultura. Em cada uma destas
áreas, fizemos grandes transformações, que lançaram o Maranhão numa nova era. O
povo, que era descrente e pessimista, criou alma nova, com fé e confiança no
futuro, consciente de que o sonho do desenvolvimento poderia ser realidade.
Isso
foi o que fizemos, sem ataques ou vendetas pessoais ou partidárias. Nunca
perseguimos ou excluímos ninguém. Nossa preocupação foi trabalhar pelo estado,
pela realização do sonho de minha geração, abrindo portas para os que viessem a
seguir.
Conhecíamos
e estudáramos nossa História, mas não trabalhamos olhando para trás: nela
entramos pela porta da frente.
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