Nesta série de artigos em
que estou relembrando os primeiros passos que demos para que o Maranhão
chegasse ao desenvolvimento que hoje tem como o 17º estado mais rico do Brasil,
hoje vou rememorar o setor de educação.
A situação do ensino no
interior era uma catástrofe. Nosso índice de analfabetismo era de 80%, não
tínhamos escolas nem professores. Para enfrentar esse problema com imaginação
criamos o Projeto João de Barros, até hoje tema de teses nos cursos de
doutorado. Consistia em escolas rurais feitas pela comunidade, simples, com um
desenho padrão, igual a nossas casas pobres de palha do interior. A professora
era dada pelo Estado, o material da escola, giz, conservação e manutenção pelo
Município. Foram construídas, em trabalho de mutirão, por todo o estado. Um
projeto comunitário, com equipes totalmente voltadas para essa experiência
nova. O ensino médio não existia. Só havia um ginásio do estado, o Liceu, onde
estudei. Criei o Projeto Bandeirante, também em casas do interior alugadas e
adaptadas para ensinar. Fizemos 74 ginásios e demos oportunidade à mocidade do
interior que não tinha onde estudar. No ensino superior só funcionavam as
escolas de Direito, de Farmácia e de Odontologia. O arcebispo dom Delgado
criara a Universidade Católica, ainda em organização. Consegui com o presidente
Castelo Branco fundar a UFMA e ele veio visitá-la, com o padre Ribamar
designado reitor. Fizemos a união das escolas de dom Delgado com as da Universidade
Federal. Lembro-me quando as instalamos no Palácio dos Leões, numa noite de
festa. Fundei as Faculdades de Engenharia, Agricultura, Administração,
Comunicação e Educação, esta em Caxias, interiorizando o ensino superior. Com o
auxílio da Usaid construímos vários centros de treinamento de professores que
são a base da Uema. Meu lema e meta, cumprido, era “uma escola por dia, um
ginásio por mês e uma faculdade por ano”.
Mas eu sonhava mais e, com
a visão voltada para as novas tecnologias, mandei os irmãos Anselmo e Lobato,
ex-maristas, verem no Japão como eles estavam fazendo para ensinar pela
televisão. Criei o Cema. Num circuito de televisão fechado, numa velha oficina
abandonada do DER, que reformei para 48 salas de aula, iniciamos, pioneiramente
no Brasil, um ensino utilizando novas tecnologias. Dois anos depois jogávamos
no ar a TV Didática. Não a chamávamos educativa, porque sua única finalidade
era ensinar, multiplicar o número de professores que não tínhamos. Foi a
primeira do Brasil.
Tive uma decepção quando
presidente da República porque não consegui implantar no país esse avanço que
eu fizera no Maranhão.
Agora, a educação no Brasil
está tendo os recursos do pré-sal, com os royalties do petróleo destinados à
educação. Não podemos desperdiçar esta oportunidade de que o Brasil faça uma
grande revolução educacional, já que vamos ter mais dinheiro para educação do
que têm a Coreia, os Estados Unidos, a Alemanha, o Chile e outros países.
Só a educação salva. É
através dela que temos oportunidade de ascender socialmente, crescer e vencer.
Tudo que sou na vida devo ao estudo. Se posso dar um conselho aos moços é o meu
exemplo. Saindo de Pinheiro, nascido em uma casa de 50 metros quadrados, de
chão batido, pude chegar a todos os maiores cargos deste país e ser da Academia
Brasileira de Letras, da Maranhense, da Brasiliense, da de Lisboa, Doutor
Honoris Causa das universidades de Pequim, Coimbra, Moscou e recebi tantas
outras honrarias, inclusive a Grã-Cruz da Legião de Honra da França, a maior
condecoração do mundo, criada por Napoleão. E sabe quem me levou a essas
vitórias? O estudo, que até hoje não deixei. Vivo preso ao livro.
Tenho o orgulho de falar do
que fiz no Maranhão pela educação e agora vejo, no último censo escolar, que o
Maranhão cresceu no ano passado três pontos no ran-king brasileiro, no Governo
Roseana, com Pedro Fernandes como secretário da Educação fazendo um ótimo
trabalho.
Parabéns ao Maranhão, pelos
40 anos de atraso!… dos bocas do diabo.
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