quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Setembro Amarelo; Entenda a importância do apoio familiar na saúde mental

 Neste mês, a campanha Setembro Amarelo visa mobilizar a sociedade em prol da empatia

e da solidariedade com pessoas com depressão. Muito além do acompanhamento

psicológico, o apoio familiar é imprescindível, sendo um pilar na luta contra a doença.

Pesquisas revelam que a afetividade e os cuidados, norteados pela atenção dos familiares

respondem como um desenvolvimento de funções de linguagem, intelecto e regulação

emocional, segundo a Organização Mundial da Saúde.

Rosângela Batista, neuropsicóloga formada pela USP, compreende que o estresse causado

por agentes contemporâneos como as redes sociais, o processo de globalização e o

desencontro de informações, dificultam o diálogo e a relação de cuidado entre pais e filhos

“Na contemporaneidade, a difícil tarefa de cuidar dos filhos se torna cada vez mais

complexa. Os pais não estão seguros de seus sentimentos e de como agir… nunca sabem

se estão agindo corretamente e a influência das mídias sociais, a globalização e os

desencontros de informações tem contribuído muito para esta nova era na saúde mental.”

Diante dessa realidade, a especialista entende que quando algum ente querido adoece

mentalmente, se instala a insegurança e o desconforto geral do lar. “Quando se tem um

membro da família com doença mental, ocorre uma mudança de visão para aquele

indivíduo, onde aceitar sem vergonha, não omitir e não se isolar acaba sendo mais difícil.

Pois, tudo o que se espera é uma família dentro dos padrões de normalidade, então se

enfrenta o rompimento e a desordem em sua estrutura, enfraquecendo o convívio, o

adoecido espera ser aceito e a família muitas vezes não está preparada para tal, o que

dificulta o tratamento e a recuperação…

O sentimento de culpa que permeia a família, retarda o tratamento, reforçando a resistência

de levar a pessoa a ajuda adequada. Dessa forma a família acaba se excluindo e

aumentando sua impotência em relação ao problema. A sociedade com seu processo de

exclusão intensifica o surgimento das doenças mentais e consequentemente há

necessidade da presença da família durante todo processo de tratamento.”

Diante do cenário, Rosângela ressalta que a família enfrenta altos níveis de estresse, culpa

ou ansiedade ao lidar com o acometido, o que agrava a instabilidade emocional da casa.

Diante das circunstâncias, o acompanhamento psicológico dos familiares pode contribuir

para uma melhor relação a partir da desestigmatização do tabu criado acerca da depressão

e uma comunicação não-violenta em casa.

A família desempenha um papel fundamental durante a recuperação e tratamento, pois é a

primeira referência de um espaço social de um indivíduo. Falar abertamente sobre esse

assunto ajuda a combater o estigma que envolve as doenças mentais e encoraja as

pessoas a buscarem ajuda sem sentir medo ou vergonha pela discrimincação, beneficiando

não apenas aqueles que enfrentam o desafio, mas também a sociedade como um todo, ao

promover a compreensão e apoio mútuo.

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