sexta-feira, 3 de março de 2023

UFMA – Câmpus de Pinheiro forma mais de 50 profissionais em uma solenidade marcada por emoções, lembranças e sentimento de dever cumprido

 

Todos os dias, Bibiana Soares Costa percorria quarenta quilômetros, o equivalente a quase uma hora, para sair de Peri-Mirim e chegar até Pinheiro, onde fazia o curso de Educação Física. Agora, Bibiana se tornou bacharela em Educação Física pela Universidade Federal do Maranhão, Câmpus de Pinheiro, em uma solenidade que foi realizada nesta quinta-feira, 2. Ela relata que sua trajetória até a finalização do curso, não foi fácil. Bibiana trabalha o dia inteiro e, quando chegava a noite, ela ainda pegava o ônibus rumo à UFMA para assistir às aulas. “Era muita dificuldade nesse trajeto”, afirma.

Inserida entre os 61 formandos que receberam o grau nos cursos de Licenciatura Interdisciplinar em Ciências Humanas – História (6), Licenciatura Interdisciplinar em Ciências Humanas – Filosofia (2), Licenciatura Interdisciplinar em Ciências Naturais – Biologia (7), Educação Física (10), Enfermagem (32) e Engenharia de Pesca (4), referente ao segundo semestre de 2022, Bibiana lembra que, no período crítico da pandemia, as dificuldades só aumentaram, principalmente porque o principal meio de acesso era a internet, e, nos interiores, não é muito favorável. “Sempre achávamos que não íamos conseguir acompanhar o conteúdo, mas, graças a Deus, com muito apoio dos professores, da coordenação do curso, fomos bastante assistidos pela Universidade. Meu maior objetivo, a partir de agora, é colocar em prática, na minha cidade, o que aprendi no curso de Educação Física”, conta.

Para Jeferson Matos, do curso de Engenharia de Pesca, as dificuldades também foram grandes. Natural de Presidente Médici, ele viajava duas horas diariamente para chegar a Pinheiro e assistir às aulas. Ele percorria uma média de 280 quilômetros por dia. “Agradeço muito à UFMA pelas bolsas disponibilizadas nesse período como estudante. Passei por várias necessidades, e foram essas bolsas que me ajudaram a conseguir finalizar a minha graduação, principalmente o auxílio creche, que recebi assim que minha primeira filha nasceu, porque, à época, houve uma preocupação da minha parte se ia continuar ou não no curso, mas, com determinação, apoio e incentivo da minha família e dos meus professores, consegui finalizar”, lembra, emocionado.

Entre os seus planos, agora como engenheiro de pesca, está contribuir para a produção do pescado, a fim de haver alimento para a sociedade, e melhorar sua condição de vida. “A minha ideia é expandir o pescado em Presidente Médici, que é uma área muito favorável para a aquicultura e ainda está carente. Em alguns dias, conversarei com o prefeito da cidade, que é professor da UFMA, do curso de Ciências Naturais – Biologia, e foi meu professor, para avaliar com ele quais são as propostas que podemos aplicar na área da aquicultura, a fim de contribuir para o desenvolvimento da cidade”, adiantou.

Entusiasmado e feliz com o dever cumprido, Jeferson lembra que, no início, pensava em fazer Educação Física, mas um primo perguntou por que não fazer esse curso aqui, referindo-se à Engenharia de Pesca. “Fui pesquisar e, quando entrei no curso, me apaixonei pela área, me mostrou que aqui é o meu lugar e que eu vou ser é engenheiro de pesca”. Esse foi um sonho realizado para o, agora, profissional formado pela UFMA.

Representando os demais paraninfos das turmas, o professor Lúcio Carlos Dias Oliveira, do curso de Educação Física, destacou que a vida desses formandos para chegar até esse momento não foi fácil, mas o importante é que conseguiram fechar um ciclo. “Quando falo fechar um ciclo, não quer dizer exatamente que acaba por aqui, pelo contrário, esse é o princípio, o primeiro passo da história da vida de vocês. Ao sair daqui, vocês começarão a construir a vida profissional na área que escolheram seguir”, afirmou.

Em seu discurso, como forma de incentivo e dar força aos formandos para que nunca desistam dos seus sonhos e objetivos, o docente leu um texto escrito pelo advogado Mahatma Gandhi, que diz:

“Se eu pudesse deixar algum presente a você, deixaria aceso o sentimento de amar a vida dos seres humanos. A consciência de aprender tudo o que foi ensinado pelo tempo afora. Lembraria os erros que foram cometidos para que não mais se repetissem. A capacidade de escolher novos rumos. Deixaria para você, se pudesse, o respeito àquilo que é indispensável. Além do pão, o trabalho. Além do trabalho, a ação. E, quando tudo mais faltasse, um segredo: o de buscar no interior de si mesmo a resposta e a força para encontrar a saída.

Mantenha seus pensamentos positivos, porque seus pensamentos tornam-se suas palavras. Mantenha suas palavras positivas, porque suas palavras tornam-se suas atitudes. Mantenha suas atitudes positivas, porque suas atitudes tornam-se seus hábitos. Mantenha seus hábitos positivos, porque seus hábitos tornam-se seus valores. Mantenha seus valores positivos, porque seus valores…. Tornam-se seu destino.”

Alice Costa Moura Nunes, do curso de Enfermagem, foi a oradora oficial da solenidade e, para ela, esse rito de passagem é um momento de júbilo, de celebração e que, apesar dos obstáculos e das dificuldades, foram firmes em suas decisões e perseveraram para chegar até essa etapa.

“Os primeiros períodos foram exaustivos, e a dúvida para saber se estávamos no curso certo sempre existiu. A nova rotina parecia consumir as 24 horas do nosso dia, e as tensões pré-prova, literalmente nos esgotava. Para alguns, quilômetros de viagens precisavam ser percorridos diariamente, por residirem em outras cidades, para outros, que moravam na residência estudantil, a solidão, por estarem longe de suas famílias, amigos, namorados ou cônjuges. Havia também a necessidade de conciliar o trabalho com os estudos. Passamos pelo período crítico da pandemia da covid-19, que nos ensinou a lidar com as aulas remotas e a falta de internet que, muitas vezes, dificultava essa nova forma de ensino. Às vezes nos deslocávamos para a casa do vizinho, de um amigo, pra uma escola ou para qualquer outro lugar que fosse possível, isso tudo para não perdermos o acompanhamento das nossas atividades. Foi um período bem desafiador. Somos eternamente gratos aos nossos educadores pela dedicação e resiliência ao formar profissionais que estão aptos a estarem à frente do desenvolvimento da sociedade”, lembrou-se dos fatos, com emoção.

O pró-reitor de ensino, professor Romildo Martins Sampaio, que estava representando o reitor Natalino Salgado, ressaltou que esse é um momento muito especial, simbólico e de muita alegria. “Tenho a certeza de que cada um desses novos profissionais recebeu a melhor formação. O câmpus de Pinheiro possui um corpo docente qualificado, uma infraestrutura adequada, cursos muito bem-estruturados pedagogicamente, de forma que acreditamos que a Universidade cumpriu o seu papel e está entregando para a sociedade profissionais capacitados e que têm tudo para brilhar”, afirmou.

Além dos coordenadores dos cursos, dos professores, técnicos, familiares, amigos dos formandos, e do diretor do câmpus de Pinheiro, professor Alexandre Fonseca, a solenidade foi prestigiada também pelo pró-reitor da Ageufma, professor Fernando Carvalho, pela pró-reitora de extensão e cultura, professora Zefinha Bentivi, pela pró-reitora de gestão de pessoas, Marília Valente e pela diretora de assuntos culturais, professora Rosélis Câmara.

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