Quatro dias depois da Operação Saquaz, em que a Polícia Federal (PF) interceptou supostas ameaças de atentados contra diversas autoridades, entre elas o senador Sérgio Moro, alguns detalhes das estratégias elaboradas pelos criminosos vieram à tona.
No entanto, analisando o pedido de prisão preventiva e, subsidiariamente, de prisão temporária dos investigados no bojo do Inquérito Policial nº 2023.0008388-DPF/CAC/PR, ao qual o blog do Isaías Rocha teve acesso, uma série de dúvidas ainda precisam ser esclarecidas. Entre as perguntas sem respostas, estão a eventual existência de outros possíveis alvos ou de suspeitos não localizados pelas autoridades.
Além disso, nas 71 páginas que detalham as suspeitas da PF, uma curiosidade chama atenção: o ex-juiz Sério Moro aparece 32 vezes no documento; enquanto promotor de Justiça Lincoln Gakiya, integrante do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado de São Paulo (Gaeco/SP), que acompanha há muitos anos a movimentação dos faccionados, é citado somente uma única vez.
Veja, a seguir, alguns desses pontos pendentes de esclarecimentos:
Quais as autoridades que seriam alvo?
Entre os principais nomes que a ação criminosa mirava estavam os do senador Sérgio Moro e do promotor de Justiça de São Paulo, Lincoln Gakiya. Mas quem seriam as demais autoridades?
Qual era a fase de preparação dos crimes?
Alguns detalhes do inquérito apontam algumas medidas concretas que já havia sido tomada para preparar os crimes, mas ainda não está claro o quão avançados os criminosos estavam planejamento para de fato cometerem os ataques.
O grupo já foi todo desmantelado?
Ao todo, foram expedidos 24 mandados de prisão preventiva e quatro mandados de prisão temporária contra suspeitos e endereços situados em Rondônia, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná. No entanto, destes, foram cumpridos somente 11 mandados de prisão, sendo 7 de prisão preventiva e 4 de prisão temporária, restando outros 13 possíveis alvos ou de suspeitos não localizados pela corporação.
Mais dúvidas sobre o suposto plano
Fora do inquérito, alguns fatos também ainda precisam ser esclarecidos. Afinal, por que o PCC iria se meter “de pato a ganso” com Moro, que não é mais juiz e se constitui como um senador do baixo clero no Senado?
Por que o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, integrante do Gaeco/SP, que investiga facção há muitos anos, aparece somente uma única vez no inquérito em que o ex-juiz é citado 32 vezes?
Se as investigações contra o PCC estavam em curso desde agosto do ano passado, ainda no governo Bolsonaro, o que motivou uma deflagração da operação da PF justamente no governo Lula?
A juíza Gabriela Hardt, da 9ª Vara Federal de Curitiba, substituta de Moro na Lava Jato, estaria tentando usar o caso para vinculação política em favor do ex-juiz?
Se a investigação começou na Justiça estadual de São Paulo, estado onde os atos preparatórios para o suposto plano do PCC se iniciaram, o que motivou a Justiça Federal do Paraná assumir o inquérito?
Sensação de déjà-vu
Foi com base nessas dúvidas que ontem escrevemos um artigo apontando que o suposto plano do PCC para matar Moro teria sensação de déjà-vu. Clique aqui e entenda.
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