Entre os 21.299 habitantes de Bequimão, mais de 13.500 são negros e negras. Essa quantidade representa cerca de 65% da população. Os números levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmam o que se pode perceber facilmente pelas ruas do município: o povo bequimãoense é, essencialmente, negro.
Embora fosse a maioria, as políticas públicas eram deficientes e não alcançavam, em especial, os moradores das comunidades remanescentes de quilombos. As lutas eram permanentes e se arrastavam por anos e anos. Mas suas reivindicações só foram ouvidas na administração de Zé Martins, reconhecido pelos próprios quilombolas como o prefeito que mais já deu atenção à causa negra.
Cuidado desde a infância
Em 2013, a Prefeitura Municipal de Bequimão, por meio da Secretaria da Cultura e Promoção da Igualdade Racial, decidiu enfrentar um desafio ousado. O UNICEF já realizava em alguns lugares do Brasil a Semana do Bebê, mas a administração bequimãoense percebeu que o município tem algumas peculiaridades e resolveu apresentar a proposta de fazer a primeira Semana do Bebê Quilombola do país. Bequimão se tornou pioneiro e referência por esse projeto.
“Fazer a Semana do Bebê Quilombola não significa apenas promover um evento, com duração de uma semana, a cada ano. Significa um compromisso permanente e concreto pela melhoria de indicadores de impacto social. Aceitamos esse desafio, que possuía uma dimensão ainda mais grandiosa, por se tratar de um trabalho com um grupo, historicamente, menos privilegiado: as crian A equipe do UNICEF acompanha todo o trabalho. Durante todo o ano, são monitorados 13 indicadores sociais. No primeiro ano do projeto, oito desses indicadores estavam em situação de risco, no vermelho. Depois das ações realizadas na gestão do prefeito Zé Martins, quatro desses indicadores já estão em situação estável.
Diminuiu a taxa de mortalidade de crianças e adolescentes com idade entre 10 e 19 anos por causas externas; Todas as crianças de até um ano de idade agora já possuem registro civil; aumentou o percentual de escolas da rede pública municipal que atingiu ou mesmo ultrapassou a meta do IDEB; e foi reduzida a proporção de óbito materno. “ A melhoria dos indicadores sociais nos mostra que a vida das crianças e de suas famílias está melhorando e que a Semana do Bebê Quilombola está cumprindo o objetivo de tornar prioridade o direito à sobrevivência e ao desenvolvimento das crianças de até seis anos de idade, a chamada primeira idade”, frisou o secretário municipal de Cultura e Promoção da Igualdade Racial, Rodrigo Martins.
Outra dimensão da Semana do Bebê Quilombola é o resgate e valorização da cultura do povo negro. Em todas as atividades, há sempre apresentação de tambor de crioula, terecô e momentos de diálogo com benzedeiras e parteiras. Entre as atividades realizadas estão oficinas sobre contação de histórias, cuidados na primeira infância, diálogos sobre cultura, cinema nas comunidades, amamentação e alimentação na primeira infância, dicas de prevenção à gravidez, acidentes na primeira infância, imunização, torneio de futebol infantil, rodas de conversas e outras atividades com foco na preservação da cultura quilombola.
Parceria que deu certo
O sucesso da Semana do Bebê Quilombola se deve, em grande parte, às parcerias com as 11 comunidades quilombolas já certificadas pela Fundação Palmares no município (Santa Rita, Rio Grande, Ariquipá, Ramal do Quindiua, Pericumã, Marajá, Conceição, Mafra, Sibéria, Juraraitá e Suassuí) e também com a Fundação Josué Montello e com o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Igualdade Racial.
A Semana do Bebê Quilombola em Bequimão foi criada pelo prefeito Zé Martins, por meio da Lei Nº 09/2013, que tem como estratégia a mobilização social com vistas a contribuir com a proteção, cuidados e o desenvolvimento de crianças de 0 a 6 anos, a chamada primeira infância, nas comunidades remanescentes de quilombo do município.
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