Graça Leite
A história dos transportes para a Baixada Maranhense sempre foi um drama para os habitantes daquela região.
Ainda conservo no olfato o cheiro horrível de vômito misturado ao odor das amêndoas do coco babaçu, quando em barcos a vela, atravessávamos a baía de S. Marcos.
Depois vieram os barcos a motor diminuindo o tempo da travessia, aumentando o medo e os banzeiros na fúria do mar. Sta Rita de Cássia foi uma tentativa de introduzir lanchas no percurso, mas a velha lancha de madeira até gemia quando açoitada pelas fortes ondas. Lanchas voadeiras também se aventuravam, mas não suportaram, não deu certo. Era muita maresia no Boqueirão.
Foi na década de 7o que o então governador. do, Maranhão Dr. Pedro Neiva de Santana instalou o sistema de ferry_ boot O baixadeiro respirou feliz. Parecia um sonho entrar em um carro em São Luís e desembarcar na porta de casa, na cidade de Pinheiro
Logo no início o transporte era precário. Viajava obedecendo ao fluxo das marés; embarcações pequenas, sem acomodação para passageiros, mas, como o nosso tirocinio nessa área era de “sofrência”, achávamos maravilhoso passar as noites no Porto do Itaúna, matando muriçocas e maruins, aguardando o horário da travessia.
Aos poucos a empresa concessionária da linha foi-se ajustando, embarcações maiores e mais confortáveis foram adquiridas e chegamos a ter 12 viagens diariamente entre idas e vindas. Sempre havia um ferry-boat cruzando com outro na baía de S. Marcos. Desconheço os acordos entre as empresas Trans-ferry e Continental com o Governo do Estado. Sei somente que ambas as empresas estão sucateadas e entraram em colapso assim como as viagens também. São filas intermináveis de carros e caminhões, ambulâncias, motos, nos dois portos: Ponta da Espera, aqui no Itaqui e Cujupe, no município de Alcântara. Doentes agonizam em ambulâncias; caminhões carregados de alimentos perecíveis apodrecem nas filas que chegam a durar 48 horas. São empresários que deixam de cumprir com seus compromissos, dando prejuízos para a já enfraquecida economia da região. E pior que tudo: não temos a quem pedir socorro, já que os nossos gestores oficiais não estão nem aí. Alguns deles, só conhecem a baía de S. Marcos de cima, quando atravessam em seus confortáveis aviões, não temos representantes legítimos nem na Câmara Estadual, nem Federal, pois os nossos votos são sempre negociados politicamente com ilustres desconhecidos, sem vínculo afetivo com a terra que representam, ignorando os nossos problemas.
Até quando os interesses políticos, a ganância e a irresponsabilidade daqueles que nos dirigem vão prevalecer ante as nossas necessidades?
Até quando o pobre filho da Baixada do Maranhão vai ter que passar por tanto desconfort0? Será que mesmo em um ano eleitoral não haja um só político capaz de pedir SOS.pelo nosso ferry_ boat ? Nós baixadeiros somos gente ,merecemos um pouco de respeito
● Como diz o nosso caboclo baixadeiro estamos no mato sem cachorro
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