Exclusivo. O Supremo Tribunal Federal (STF) liberou, nessa
quarta-feira 12, os vídeos das delações de ex-executivos da Odebrecht à
Procuradoria Geral da República (PGR), entre eles o de José de Carvalho
Filho. As explicações do ex-diretor da empreiteira serviram de base para
pedido de abertura de inquérito contra o governador do Maranhão, Flávio Dino
(PCdoB), no Superior Tribunal de Justiça (STJ), em razão de foro privilegiado
por prerrogativa de função do chefe do Executivo estadual maranhense,
distribuído por conexão à Petição n.º 6.530 pelo ministro do Supremo,
Edson Fachin, relator da Lava Jato, maior esquema de corrupção do país já
desbaratado pela Polícia Federal.
No inquérito
52196/2017-GTLJ/PRG, Dino é suspeito de receber R$ 400 mil em doação por
fora feita pela construtora. O ex-funcionário da Odebrecht
afirmou que o pedido de ajuda financeira para a campanha eleitoral de 2010,
quando concorreu pela primeira vez ao Palácio dos Leões, foi feito pelo próprio
comunista, então deputado federal. Os valores teriam sido pagos por
meio de um data center da empreiteira na Suíça, no sistema conhecido
como como Drousys, usado pelos executivos da Odebrecht para
controle do “departamento da propina”, chamado oficialmente de Departamentos de
Operações Estruturadas, coordenado por Hilberto Mascarelhas Alves da Silva
Filho.
Diferente do
publicado pelo ATUAL7 inicialmente, porém, com base nos detalhes explicados
pelo delator no vídeo, é informado que o valor do repasse foi feito por outro
diretor da Odebrecht, João Pacífico, que coordenava a região onde Dino atuava.
A participação de José de Carvalho Filho na operação se deu apenas na
negociação com Dino, tanto na conversa inicial, quanto no repasse da senha ao
então parlamentar, para receber os valores; e a pegar o endereço para
onde o dinheiro teria sido enviado. Essa situação teria ocorrido no final de
2009.
—
“Ele demonstrou a intenção de ser candidato ao Governo do Maranhão.
Ele fez a seguinte pergunta: ‘a empresa pode me ajudar na campanha
eleitoral?’”, relatou o delator
—
Ainda segundo o
delator, em nenhum momento Flávio Dino questionou se a modalidade dos
pagamentos seria legal ou não. Ele também explica — e joga por terra a defesa
apresentada pelo governador do Maranhão — que o comunista não apresentou o
parecer ao Projeto de Lei n.º 2.279/2007, de interesse da Odebrecht, por
haver acertado que acatar sugestões feitas pela Odebrecht para aprimorar o
PL e que indicaria outro deputado de seu partido, Chico Lopes, para
assumir a Relatoria da matéria, o que de fato ocorreu.
José de Carvalho
Filho explica, ainda, que foi apresentado a Flávio Dino por um amigo em comum,
o presidente do PCdoB-DF, Augusto Madeira, e que visitou Dino, de quem se
tornou amigo pessoal, outras vezes — na Embratur; durante a campanha eleitoral
de 2014; e em 2015, com o comunista já como governador. Segundo ele, porém,
neste período foi tratado apenas sobre assuntos pessoais e do interesse da
Odebrecht Ambiental em estender a concessão de água e esgotos, já iniciadas nos
municípios de São José de Ribamar e Paço do Lumiar — cidades não lembradas
nominalmente pelo delator durante a colaboração nas investigações da Lava Jato.
O responsável pelo valor do caixa 2 a Flávio Dino, inclusive, diz o delator,
foi apresentado pessoalmente ao comunista nesta época.
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