Professores e
líderes comunitários de Bequimão concluíram o Curso de Formação Continuada em
Educação Escolar Quilombola, executado pelo IFMA – Campus Maracanã em parceria
com a Prefeitura Municipal de Bequimão. Participaram da solenidade de
certificação, realizada no último sábado (06), 49 alunos do curso, que formavam
as duas turmas ofertadas pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização,
Diversidade e Inclusão, do Ministério da Educação (Secadi/MEC).
Em 200 horas de
aulas e atividades de pesquisa, os alunos do curso puderam refletir e encontrar
soluções para questões envolvendo a educação nas comunidades quilombolas do
município. Eles adquiriram conhecimentos em sala de aula e depois fizeram uma
pesquisa de campo, que resultou na elaboração de um material didático. A
proposta, agora, é fazer testes nas escolas e nas comunidades, para avaliar se
esse material realmente contempla a diversidade e identidade dos quilombolas de
Bequimão.
“Eles vão levar
para dentro da sala de aula o conhecimento tradicional”, disse o coordenador do
curso, Dorival dos Santos, ao comentar a relevância desse material, já que, em
geral, os materiais didáticos não conseguem dar conta da realidade das
diferentes comunidades brasileiras. Segundo ele, depois de avaliado, a edição
do material será concluída e encaminhada ao MEC, ao IFMA e à Prefeitura de
Bequimão para uma possível publicação.
O prefeito de
Bequimão, Zé Martins, ao se pronunciar na solenidade, garantiu apoio à
impressão da cartilha, que, na opinião dele, deve se tornar um livro, para ser
distribuído a toda a rede municipal de educação. “Aguardamos novas parcerias
com o IFMA, para que possamos continuar possibilitando a formação dos
educadores de Bequimão”, frisou o prefeito.
Para a professora
Maria de Jesus, que tem a experiência de ser secretaria adjunta de Educação e
também aluna do curso, a pesquisa nas comunidades foi um momento rico na
formação, pela oportunidade de conhecer melhor o próprio município e seu povo.
“Nas comunidades, as pessoas ficaram felizes em poder contar suas histórias, a
história de sua comunidade”, garantiu.
É por esse tipo de
conquista que se deve investir em formações que abordem as relações
étnico-raciais, de acordo com o coordenador do Núcleo de Estudos
Afrobrasileiros e Indiodescendentes (Neabi), Hérliton Nunes. O aluno José
Orlando disse que esse é o segundo curso feito pelos professores de Bequimão
sobre essa temática, dando-os mais suporte para atuar com a realidade
educacional do município, que atualmente possui 10 comunidades quilombolas
reconhecidas pela Fundação Palmares.
Pioneirismo
O coordenador do
curso, Dorival dos Santos, ressaltou que o município de Bequimão é pioneiro ao
receber o Curso de Formação em Educação Escolar Quilombola, primeiro a ser
oferecido no país abordando essa temática. O coordenador fez uma reflexão sobre
o cenário nacional dos cursos de formação, destacando as dificuldades
enfrentadas em sua execução. Muitos estão parados e outros nem iniciaram. “Por
isso, agradeço pela parceria da Prefeitura e suas secretarias, sem a qual teria
sido inviável a execução do curso, e sou grato a todas as instâncias do IFMA e,
em especial, do Campus Maracanã. Também nada seria possível se não fosse o
empenho de cada um dos cursistas. Vocês são os verdadeiros responsáveis pelo
sucesso do curso”, finalizou.
No Campus Maracanã,
são frequentes os debates sobre a educação étnico-racial. O diretor de
Desenvolvimento Educacional, Jeovani Machado, considera que alguns avanços já
foram alcançados, mas cada experiência, como essa realizada em Bequimão,
representa um aprendizado inclusive para a instituição. O diretor geral em
exercício do Campus Maracanã, José Zenóbio de Souza, afirmou que diversos
setores rurais têm recebido atenção do IFMA em programas de inclusão. “Nosso
campus tem dado atenção à população rural, em programas como o Profic, Saberes
da Terra, Procampo, Pronera, a especialização em Educação do Campo, Reforma
Agrária e também o Curso de Educação Escolar Quilombola. O campus continua de
portas abertas a outras parcerias com a Prefeitura de Bequimão e a iniciativas
assim”, concluiu.
O Curso de Formação
de Professores em Educação Escolar Quilombola iniciou em agosto de 2014, com
duas turmas de 25 alunos. Somente um desistiu ao longo da capacitação. Também
estiveram na solenidade de certificação o professor formador, Carlos Saraiva, a
tutora Marlene Muniz, a supervisora do curso Auricélia Diniz e a pedagoga do
Campus Maracanã, Domingas Cantanhede. Os cursistas receberam seus certificados,
uma cópia do material didático que está sendo construído, para que seja testado
nas comunidades, e uma revista com as diretrizes curriculares da educação
étnico-racial.
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