terça-feira, 9 de novembro de 2010

O preço do voto


O poeta paraibano Jessier Quirino dizia que para ganhar a eleição o candidato precisa primeiro começar a juntar dinheiro para depois, então, juntar votos.
Neste período pré-eleitoral as campanhas políticas em todo o Brasil mobilizam muita gente e, principalmente, muita grana.
Se fizermos um pequeno exercício matemático podemos projetar o reforço na economia nacional alavancado pelos gastos dos candidatos. Dias atrás, pude observar um pouco da campanha eleitoral no Rio de Janeiro onde estive a trabalho. Os Jornais impressos dedicam páginas e mais páginas sobre a contenda e florestas inteiras são derrubadas para garantir o suprimento de papel necessário à confecção dos cartazes. As TV´s não se cansam de acompanhar a rotina dos candidatos e não há outro papo nos botecos do Rio que não seja o resultado do próximo pleito.
Concluída a etapa dos registros de candidaturas, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) informa que 12 candidatos pleiteiam a presidência da República e mais 171 são pretendentes aos 27 cargos de governadores. Diz a máxima que o Senado federal é o Céu. É para lá que, nesta eleição, 273 candidatos estão disputando um lugar.
Para deputado federal, o número de candidaturas aumentou cerca de 20% em relação às eleições de 2006. Hoje, somam 6.036 postulantes a uma das 513 vagas na Câmara Federal. Aqui no Maranhão, 174 estão passando o sebo nas canelas para essa maratona em busca de votos.
Correndo em paralelo, aproximadamente 15 mil aspirantes disputam, literalmente no grito, um assento nas Assembléias legislativas em todo o Brasil. Somente em nosso Estado são 420 o total de pretendentes. Dez candidatos por vaga.
E até os velhinhos estão entrando na corrida da eleição! O TSE registra que o número de candidatos a uma vaga no Legislativo cresceu entre os idosos. Em 2010, a quantidade de concorrentes com idade superior aos 70 anos aumentou 30% em comparação com as últimas eleições gerais (2006). São os idosos em busca de mais trabalho ou de uma complementação de suas aposentadorias…
Especialistas estimam o custo médio de cada voto disputado em R$ 100,00. Se aplicarmos a “conta da quitanda”, considerando o quantitativo de votos apurados para a próxima eleição em 80% dos 130 milhões de eleitores aptos e dispostos a saírem de casa no dia da eleição, serão gastos neste pleito eleitoral algo em torno de 10 bilhões de reais. Outros analistas observam que o dispêndio global supera em muito estas cifras uma vez que aqueles candidatos que não se elegem, desperdiçam somas ainda maiores. Um senhor empurrão na economia do País.
Meu saudoso avô, se vivo ainda fosse, diria que se toda essa grana saísse dos bolsos dos candidatos, tudo bem! O problema é que o Estado (leia-se o cidadão) é quem acaba pagando a fatura. Muitos candidatos ainda utilizam a prática da compra dos votos para complementar a sua eleição.
Em Pinheiro (e como tem estória naquela terra…) o português Armíndio Campos se considerava uma grande liderança política local. Prometeu ao Dr. Ademar de Barros que iria organizar o Partido Social Progressista e sair das eleições municipais com uma estrondosa votação. Para isso dispunha de um grande contingente de cabos eleitorais dispostos e de um candidato de grande potencial.
“ É uma putência! O Colózinho é uma putência! Repetia com seu carregado acento lusitano.
O Colózinho era o seu candidato que tinha como reduto o povoado de Pacas distante uma légua da sede do município.
Armíndio recebeu uma considerável soma em dinheiro para custear a campanha e, pelos cabogramas sistematicamente enviados, mantinha o velho Ademar a par do andamento da campanha, não se cansando de repetir:
“ Aguarde para ver o resultado! O Colózinho é uma putência!
O Ademar chegou a ir a Pinheiro dar uma “mãozinha” para o Partido e retornou a São Paulo convicto de que a bandeira do PSP tremularia forte no estado do Maranhão.
Abertas as urnas de Pacas e finalizada a apuração em todo o município, Colózinho somou míseros 17 votos…
Eita dinheiro desperdiçado!
E atenção candidatos! Não joguem fora o seu dinheiro! E nem o nosso!
Por José Jorge

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