Para garantir o livre acesso aos campos alagados do território quilombola de Sesmaria do Jardim, no município de Matinha, a Operação Baixada Livre continua no terceiro dia derrubando as cercas e apreendendo os mourões, arames e cabos que isolam grandes partes dos campos.
Estas cercas restringem o deslocamento dos remanescentes de quilombos moradores do território e durante as fiscalizações foi constatada a eletrificação dos arames, gerando diversos acidentes e pondo em risco a vida dos moradores.
A ação desta quarta-feira (21) foi concentrada na comunidade quilombola Bom Jesus, onde foram removidas e inutilizadas mais de 3,5 km de cercas colocadas por quatro grandes latifundiários da região.
A quilombola dona Duciene, 44 anos, nascida no território, descreve sua situação e se demonstra confiante com a ação do Governo. “Sou pescadora, sou quilombola, sou negra, quebradeira de coco e essa cerca atrapalhava nosso ir e vir e nosso trabalho. A gente não conseguia mais nem conversar com os vizinhos. Estou confiante que essa ação vai nos deixar livres”, disse.
“As cercas impedem os moradores de pescarem nos campos, de coletarem o babaçu e de terem qualquer área agricultável, isto é, de terem a liberdade de utilizar os recursos naturais. A retirada das cercas significa dar o direito de ir a vir a todos que residem no território”, afirmou a secretária-adjunta de Extrativismo, Povos e Comunidades Tradicionais da Secretaria de Agricultura Familiar, Luciene Dias Figueiredo.
A operação Baixada Livre, iniciada na segunda-feira (19), começou derrubando as cercas postas por um grande latifundiário local que colocou mais de 2 quilômetros de cerca eletrificada na área e que, além disso, ameaçava constantemente os moradores da localidade. As cercas eletrificadas impediam os moradores do quilombo São Caetano de terem acesso ao peixe para a sua alimentação.
“Sempre tem gente tomando choque. A gente vive preso aqui, porque as cercas prejudicam até nosso acesso a outras comunidades”, afirmou uma moradora que preferiu não se identificar.
Para o secretário-adjunto de Direitos Humanos e Participação Popular, Jonatas Galvão, é dever do Estado fiscalizar e desfazer qual edificação que venha a prejudicar as pessoas e colocar em risco as suas vidas.
“A Operação Baixada Livre, ao garantir o acesso aos recursos naturais, traz de volta a dignidade das pessoas que moram na região e que em razão das cercas eram prejudicadas em todos os seus direitos”.
A Operação Baixada Livre que ocorre no município de Matinha é uma ação de Estado, com a participação das Secretarias de Meio Ambiente, Direitos Humanos e Participação Popular, Igualdade Racial, Agricultura Familiar, Iterma, Polícia Militar, Polícia Civil, Bombeiros, Batalhão de Polícia Ambiental e apoio da Cemar.
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