
Uma paciente grávida deu entrada no Hospital Neto Guterres, em Alcântara, na madrugada do dia 24 de fevereiro. Maridalva Ribeiro, de 43 anos, e o marido, Jadiel Sodré Costa, de 33, aguardavam ansiosos pela chegada do primeiro filho, Joaquim Ribeiro Sodré. No entanto, o que deveria ser um momento de alegria se transformou em desespero.
Ao chegarem ao hospital, foram informados de que a unidade não tinha estrutura para realizar o parto. Mesmo após aguardarem por cerca de 30 minutos, nenhuma solução foi apresentada. Sem alternativa, a família recebeu a orientação de buscar atendimento em outro município.
O casal precisou percorrer 113 km em uma ambulância até Pinheiro, onde, mais uma vez, não encontrou suporte. No hospital, alegaram que também não poderiam realizar o parto e recomendaram que a gestante seguisse para São Luís. Assim, Maridalva e Jadiel foram obrigados a continuar a peregrinação, enfrentando mais de quatro horas de deslocamento dentro da ambulância.
Durante o trajeto, a situação da gestante piorou. Sem a assistência médica necessária, o pequeno Joaquim não resistiu e morreu ainda no ventre da mãe. Quando chegaram ao terminal de Cujupe, onde iriam pegar ferry para São Luís, médicos conseguiram realizar o parto de emergência e salvar a vida de Maridalva.
A morte do bebê expõe a precariedade do sistema de saúde em Alcântara. Apesar de o município ter recebido milhões em recursos durante os dois mandatos do atual prefeito, Nivaldo Araújo, a cidade segue sem estrutura básica para partos, obrigando gestantes a se deslocarem por longas distâncias em busca de atendimento em outras cidades e ate mesmo em São Luís.
“Morto dentro de mim”
“Por conta da demora no atendimento, meu filho estava em posição transversal, chegou a virar, e entrou em sofrimento fetal e morreu sufocado com o cordão umbilical. Quando ele nasceu, já estava morto. Para mim, foi negligência médica. Passei por dois hospitais, me jogaram de um para o outro. Eu já estava até me despedindo da vida. Hoje, sinto que nasci de novo. Só tenho a agradecer a Deus por estar viva. A tristeza pela perda do meu filho é imensa, mas foi a pior sensação da minha vida”, chorou.
Outro lado
O SLAMA procurou a secretária de Saúde de Alcântara, Jorgeanne Serejo, para esclarecer a situação, mas ela se recusou a falar sobre o caso, alegando que faria um relatório. No entanto, até o fechamento desta matéria, não apresentou nenhuma explicação e sequer respondeu às mensagens. A falta de transparência reforça o descaso com a população, que sofre com um sistema de saúde precário no município.
Já em Pinheiro, a reportagem tentou contato com a assessoria da prefeitura e com o secretário de Saúde, mas ambos simplesmente ignoraram as tentativas de comunicação. O silêncio das autoridades apenas evidencia o despreparo e a negligência com vidas que dependem do atendimento público.
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