O governador do
Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), e o secretário estadual de Comunicação Social e
Assuntos Políticos, Márcio Jerry Barroso, podem responder por improbidade
administrativa por supostamente haverem autorizado o pagamento e a divulgação
de propaganda institucional com informações falsas a respeito do
programa Escola Digna.
A descoberta foi
feita após solicitação de informações pelo deputado estadual Wellington do
Curso (PP) a respeito das atividades do programa, há cerca de um mês.
Inicialmente, o pedido chegou a ser negado pela base governista na Assembleia
Legislativa do Maranhão, que acabou cedendo diante da pressão popular nas redes
sociais ao secretário estadual de Educação, Felipe Camarão.
Segundo a
publicidade governamental espalhada em diversos outdoors e outbus,
principalmente em São Luís, o Palácio dos Leões já teria reformado ou
totalmente construído 574 escolas, por meio do Escola Digna. Contudo,
documentos oficiais encaminhados à Casa por Camarão desmentem a propaganda do
governo, informando que apenas 354 escolas foram reformadas ou
construídas.
Em tese, o governo
cometeu improbidade administrativa, lesão ao patrimônio público e,
possivelmente, diante da proximidade das eleições e da autopromoção, crime
eleitoral. Qualquer que tenha sido a incorreção, cabe ao Ministério Público o
acompanhamento e ajuizamento de ação na Justiça.
Além do
progressista, a deputada Andréa Murad (PMDB), que também questionou os
números da propaganda oficial do governo com base no documento apresentado
pelo titular da Seduc, promete acionar Flávio Dino e Márcio Jerry em razão da
falsa informação disseminada com dinheiro público.
“O governador está
gastando milhões para financiar uma campanha de obras em escolas que não estão
acontecendo. No comercial tem 574 novas escolas e nos relatórios têm números
bem inferiores. Quero adiantar que vou ajuizar uma ação contra Flávio
Dino e Márcio Jerry pelo ato lesivo de tentar ludibriar a população pela
veiculação de propaganda enganosa”, garantiu.
Reforma fantasma
Além de ter
divulgado informação enganosa na propaganda oficial, o Palácio dos Leões
pode ainda ter repassado números falsos aos deputados estaduais, o que pode
caracterizar crime de responsabilidade.
Nessa segunda-feira
22, Wellington revelou que uma das escolas apontadas nos documentos
apresentados por Felipe Camarão como reformada estaria, na verdade, com as
obras paradas.
Trata-se do Centro
Escolar (CE) Professor Antônio Carlos Beckman, mais conhecido como
Bandeirantes, que fica no município de Açailândia.
De acordo com a
placa colocado pelo Governo do Maranhão no local, a obra de reforma e ampliação
da unidade escolar está orçada em quase R$ 537 mil, tendo como prazo de
120 dias para a conclusão. O dinheiro, segundo a placa da obra, é oriundo
do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Na planilha do
programa Escola Digna estregue por Camarão aos deputados estaduais, o CE
Bandeirantes é apontado entre as escolas com a reforma já totalmente
concluída. Contudo, conforme imagens divulgadas pelo progressista após
visita ao local, a unidade ainda se encontra em reforma há quase um ano, e
distante de ser concluída. O próprio Wellington levantou a possibilidade do
governo haver cometido improbidade.
“O governo
enviou ofício à Assembleia Legislativa com a relação das escolas reformadas ou
reconstruídas, e consta no documento que a Antônio Carlos Beckman foi reformada
em 2015. Erram ao redigir o documento? Porque a escola Carlos Beckman não foi
reformada. É assim que eles trabalham? Na propaganda, é de um jeito. Na
realidade, é outra. Se for de fato dessa forma, isso caracteriza um desrespeito
com alunos, pais e professores, podendo até mesmo caracterizar improbidade administrativa”,
disparou.
Placa irregular
Além das falsas
informações na propaganda e documentos oficiais do governo, a própria placa
afixada no local está irregular.
Pela legislação
específica, além do nome da empresa responsável pela obra e do valor orçado,
placas de obras públicas devem obrigatoriamente conter informações como início
e término da obra, para que o cidadão possa fiscalizar quanto aos atrasos.
Na da reforma e
ampliação do CE Antônio Carlos Beckman, porém, o prazo foi maquiado, não
sendo informado quando a obra começou e nem quando ela deveria terminar.
O ATUAL7 solicitou
por e-mail ao governo estadual e ao Ministério Público um posicionamento a
respeito das falsas informações e irregularidades no programa Escola
Digna, e aguarda retorno.
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