O ano era
1939. Em Pinheiro, o Jornal Cidade de Pinheiro, em seu editorial, veio a
público admoestar o chanceler alemão Adolf Hitler sobre as implicações nefastas
da guerra que ora se iniciava na Europa.
Àquela
época, as notícias que vinham do exterior chegavam em primeira mão através do
Rádio.
O
primeiro receptor que chegou à cidade era de propriedade do farmacêutico da
cidade, Sr. José Alvim.
─ “Quem
tem informação garante poder!” Jactavam-se os poucos privilegiados que se
reuniam ao anoitecer para tentar decifrar, entre ruídos e descargas, a
programação da BBC de Londres que emitia sinais para o Mundo inteiro. A
Alemanha começava a guerra e ampliava suas conquistas dia após dia.
Numa
chuvosa noite de inverno, sob o coaxar dos sapos, o sinal do rádio estava muito
fraco e o José Alvim tentava sintonizar a BBC quando, de repente, escutaram,
todos, um enorme ruído vindo do rádio! O receptor sacudiu-se todo.
Zé Alvim,
com sua voz grave e um semblante sério, vaticinou:
─ Os
aviões do Hitler tão bombardeando Londres!
Enquanto
isso, na Itália, era criada pelo Papa Pio XI, através da Bula Ad Maius Christi
Fidelium, a Prelazia de Pinheiro. A cidade inteira comemorou a Santa decisão da
Igreja Católica, o que só veio a se concretizar, de fato, após o fim da Segunda
Guerra, no ano de 1946. A chegada a Pinheiro do bispo Dom Ungarelli acompanhado
dos padres italianos da Congregação dos Missionários do Sagrado Coração é um
marco divisor que deveria ser festejado com pompas solenes por todos os
pinheirenses.
São
incontáveis as ações desenvolvidas pela Prelazia ao longo de todos esses anos.
É indiscutível, o reconhecimento do papel de cada missionário na formação e no
desenvolvimento das crianças e jovens de nossa terra.
No dia 16
de dezembro de 1931, Angela e Enrico Risso registram em Roma o nascimento de
Luigi Risso. Trinta anos depois, já ordenado padre, ele chega em Pinheiro para
uma missão de poucos anos e que se estende até os dias atuais.
Com seu
porte atlético, sua tez avermelhada e energia sem igual, o padre Risso logo se
fez notar no seio da pequena comunidade de Pinheiro. Apaixonado pelo futebol,
torcedor fanático do Roma, chegou a se apresentar nos gramados do Estádio Costa
Rodrigues levando multidões de fiéis que torciam pelo craque recém importado da
Itália.
Durante
mais de cinquenta anos, coube a ele, nas ações da Prelazia em toda a região, a
construção de igrejas, escolas e demais edificações. Era ele o arquiteto, o
pedreiro, o eletricista, o encanador e ainda, ao volante do caminhão, o
motorista que abria as suas próprias estradas para levar a palavra de Deus. Não
há uma construção feita pelos Missionários que não tenha sido levantada pelas
mãos e o suor do padre Risso.
Sob sua
orientação e cuidados, ele mantém mais de duas mil crianças nas creches e
escolas de Presidente Sarney e de Pinheiro. Nessas creches, as crianças recebem
uniformes, mochilas, alimentação orientada por nutricionistas, muita disciplina
e, é claro, muita atenção e carinho. Todas, sem exceção, saem das escolas bem
formadas, sabendo ler, escrever e interpretar aquilo que leem.
Com seus
84 anos celebrados nesta semana, continua bem lúcido, rezando suas missas, cada
vez mais ativo, combatente e mantem uma característica que trouxe lá da Itália
e que certamente, quando se recolher aos braços do Senhor, levará consigo:
paciência zero!
Costuma-se
dizer em Pinheiro, que em batizado de criança celebrado pelo que padre Risso,
criança não chora! Logo ele, que vive cercado de crianças!
Chego ao
final desta crônica conclamando a todos os meus leitores para louvar e pedir a
Deus que lhe conceda, ainda, muitos anos de vida com saúde.
Parabéns,
meu querido padre Risso. Receba em meu nome o abraço carinhoso e o
reconhecimento de nossa terra que também é sua por livre escolha.
Bravo!
José Jorge Leite
Soares
Ex-Deputado Estadual,
Membro da Academia
Pinheirense de Letras e
Cônsul
Honorário da França em São Luís
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