O bem
e o mal
Da
Coluna do Sarney
Esta eleição teve aspectos e mudanças que a
tornaram singular, o pior e mais trágico o acidente que vitimou o Eduardo
Campos, morto no momento em que alcançava seus voos para cumprir um futuro.
Talvez tenha sido ele que lançou o tema do velho e do novo, que sempre se
renovou em todas as eleições e todos os momentos de troca de governo.
Na verdade sempre existe o passado, o
presente e o futuro. Só o passado ninguém pode mudar. T. S. Elliot tem um poema
magistralmente sobre o tempo passado, presente e futuro, traduzido de forma
primorosa por Ivan Junqueira, meu saudoso colega da Academia Brasileira de
Letras, que faleceu recentemente.
Ouço Marina, a nova candidata, dizer que vai
reunir todos os bons do país, onde estiverem, ela evangélica que sabe que o
cristianismo veio para salvar também os que se perderam na maldade. Eu sempre
achei e tenho reiterado várias vezes que o mundo não pode ser dividido entre os
destinados à salvação e os condenados à perdição.
Quando Kennedy foi eleito mandou levantar
quais os melhores dos Estados Unidos em todos os setores, pois queria levá-los
para governar com ele. Segundo Sorensen, que foi seu assessor sênior, quando
foi o momento da escolha, escolheu-se da mesma maneira como sempre se escolheu
e a política permitiu. A retórica de campanha foi embora com a realidade de
governar.
Já a presidente Dilma diz que não basta ser
bom, é preciso que se tenha compromisso. Pode ser mau e ter virtudes.
Rui Barbosa, quando acusado de incoerência,
disse que só as pedras não mudavam e o que ele sempre fazia era “não mudar do
bem para o mal, nem do mal para o pior”.
Tudo isso para dizer que aqui no Maranhão as
campanhas não mudam. São as de sempre. Os que não estão atrás nem do bem nem do
mal, mas do poder, fazem uma baixaria que, de tão repetitiva, é ignóbil.
Vejam-se os ataques que se fazem à governadora Roseana, os insultos que lançam
e o objetivo dessas ofensas. Tem um filme satírico que retrata que os que mais
falam em corrupção são os mais corruptos. Em toda eleição esse é um tema que é
repetido. O filme é A Gaiola das Loucas, onde se mostra que os que mais enchem
a boca de ética são os mais imorais e que mais praticam atos condenáveis.
Já não estão falando muito da minha
oligarquia de Neiva de Santana, João Castelo, Luiz Rocha, Zé Reynaldo, como nos
reunimos planejando levar 40 anos projetando que nos anos 90 iria ser criado um
índice chamado IDH e o Maranhão teria um dos piores.
Quem acredita em Deus não tem ódio, não
planeja vingança, não persegue, não insulta, não diz dos outros o que não
deseja que se diga dele próprio, não usa o Seu santo nome em vão.
Sempre fui tolerante, conciliador, não
levanto estátuas à deusa da vingança, Adrastea, e, aberto ao diálogo, sempre
ouço os outros, compreendo seus pontos de vista e quando decido é pelo
consenso, não persigo ninguém e “não julgo para não ser julgado” (palavras de
Deus). Acreditar em Deus não se precisa dizer, se vive, se pratica, respeitando
seus mandamentos – e não faz os programas eleitorais sujos que tem se visto.
Nas Nações Unidas, abri a Assembleia Geral em
Nova Iorque, em 1985, dizendo “infeliz o homem que na face da terra não
acredita em Deus”.
Agora, cuidado com os fariseus. A Bíblia já
relata como eles são: “Ai de vós, sois iguais aos sepulcros caiados, por fora
se mostram belos, interiormente cheios de imundícies” (Mateus, 23, 27).
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