sexta-feira, 18 de março de 2022

O SOBRADO DOS PADRES

Graça Leite

Nenhum pinheirense consegue passar pela av. Eurico Dutra, em frente ao semáforo que cruza av. Paulo Ramos, sem olhar para “o sobrado dos padres”, como era chamado o prédio onde viveram os padres Missionários do Sagrado Coração, sem evocar a lembrança do Pe. Risso, o último morador italiano que ali residiu e sentir saudades do eco de suas palavras, quer rezando na capelinha ali instalada, quer conversando com alguém, ou até mesmo gritando e brigando com quem estivesse ao seu lado. É como se aquele prédio fosse um oráculo ressoando as suas palavras.  

Para os insensíveis pragmáticos é difícil admitir que coisas inominadas possuem uma linguagem especial e falam conosco, como as moradias antigas, as velhas casas onde viveram pessoas que deixaram as suas lembranças gravadas nas velhas paredes que testemunharam o dia a dia de antigos moradores. As velhas casas, falam conosco, transmitem – nos as mensagens de um passado, uma época, através de uma fonética especial que até a neutra Ciência consegue captar e dela se serve para refazer a História dos povos. Arqueólogos e Historiadores, retiram dos escombros de velhos casarões, cacos do passado que contam a história daqueles que ali viveram.

O “sobrado dos padres” é um desses depositários de memórias que guarda a História da Prelazia de Pinheiro. Não foi construído por ela, D. Afonso Maria Ungarelli o adquiriu do senhor Américo Gonçalves que, também já comprou do Sr.  Manuel Serra Carneiro que foi o seu construtor, lá pela década de 20, início do século XX ...

A população pinheirense teme pela demolição do velho casarão, como já aconteceu com tantos outros prédios antigos na cidade que foram engolidos pela modernidade. A cada velho casarão destruído, é um pedaço da nossa História que perdemos.

Se os nossos gestores tivessem sensibilidade cultural para preservar a nossa História, poderiam entrar em contato com a Diocese e fazer daquele prédio um espaço cultural, instalando ali um museu, ou até mesmo, um memorial da caminhada da Prelazia em nossa terra, com destaque para as obras sociais do Pe. Risso, o seu último morador. Além de um presente cultural para a juventude estudiosa de Pinheiro, seria um gesto de reconhecimento pelo muito que padres Missionário do Sagrado Coração deixaram para a terra onde exerceram os seus ministérios.

Será este um sonho irrealizável?

Considerando-se a grande penetração popular do Pe. Risso, quem sabe algum político local não levanta essa bandeira e com ela chama para si os votos dos amigos do Pe. Risso...

No Brasil, tudo é possível em um ano eleitoral.!.. 

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